Capítulo 23

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Saímos do avião, para alívio de Eddie, e imediatamente fomos recebidos por um tempo úmido, chuvoso e com neve até as canelas.

Fomos escoltados para dentro da Corte, por um grupo de mais ou menos doze Guardiões, seus uniformes se resumiam em moletons pretos e camisa branca, o que na minha opinião não eram trajes muito confortáveis ou apropriados para uma luta quando necessário, principalmente se fosse contra Strigois, achava jeans bem mais práticos e confortáveis nesses casos. Coitados.

- Ei Adrian, pode vir aqui um momento, por favor. -Chamei, ao ve-lo conversando com um Guardião perto de mim.

- Sim, Dampirinha? -Perguntou ele, vindo para o meu lado rapidamente.

- Obrigada por nos colocar aqui. No julgamento. -Falei, com muito esforço.

- Palavras gentis vindas de Rose Hathaway? Meu Deus, acho que já posso morrer agora. -Disse ele, sorrindo ao abrir os braços. -Mereço um abraço?

- Não força Adrian, não vai colar. -Falei, o encarando com a testa franzida.

- Qual é, um bem pequeno? -Implorou ele, agora me olhando igual cachorro quando cai da mudança, ainda com os braços estendidos.

Revirei os olhos e relutante me aproximei alguns passos e passei os braços ao redor de Adrian e o soltei rapidamente.

- Valeu mesmo, Adrian. -Falei com um meio sorriso, ao me afastar.

- Por nada Dampirinha, por você faço qualquer coisa. -Disse ele, afastando-se.

O encarei, contendo a vontade insana de começar a rir, Adrian até que era um Moroi bonitinho a maneira dele, mas também era irritante demais, por mais que tivesse me sido útil, ainda me dava vontade de esgana-lo, quase sempre.

- Rose! -Ouvi Mia me chamar do outro lado do patio e curiosa fui até ela, agora lembrando-me que como o pai dela trabalhava na Corte, ela também morava lá. - Um dos funcionários da Corte, me fez prometer que entregaria isso para você.

- Obrigada Mia, nos vemos por aí mais tarde. -Agradeci com um sorriso, recomeçando a andar para dentro da Corte afim de me instalar num quarto, porém agora um pouco mais devagar ao desdobrar a folha pequena e amassada, revelando um pequeno bilhete.

Rose,

Fiquei tão feliz em saber da sua chegada... Tenho certeza de que isso tornará o processo amanhã muito mais interessante. Há muito tempo tenho ansiado por notícias sobre Vasilisa, e as suas escapadas românticas são sempre diversão garantida. Mal posso esperar para compartilha-las no julgamento amanhã.

Lembranças.

V.D.

- De quem é o bilhete, Rose? -Perguntou Eddie pondo-se ao meu lado. Dobrei o papel depressa e o guardei no bolso da calça de meu uniforme.

- Ninguém. -Respondi, dando de ombros ao encara-lo.

Ninguém mesmo.

V.D.

Victor Dashkov.

A caminho dos dormitórios que foram disponibilizados para nossa estadia, dei uma desculpa para Lissa, sobre ter assuntos de Guardiões para resolver e após despistar o restante de meus amigos, um rápido telefonema para a recepção me ajudou a encontrar o quarto onde Dimitri estava, e logo eu estava em sua porta.

- Preciso falar com você. -Falei, o encarando com a expressão séria.

Meio hesitante, ele deu um passo para trás me deixando entrar, e imediatamente lhe entreguei o bilhete. Sem paciência para rodeios e explicações.

- V.D.... -Comecei, impaciente com a leitura silenciosa dele.

- Já sei... -Ele me devolveu o bilhete, também ficando sério. -Victor Dashkov.

- E agora? O que a gente vai fazer? Ele deixou bem claro que vai nos expor para todo mundo da Corte. -Falei ficando nervosa, andando de um lado a outro.

- Relaxa, ele não vai nos entregar. -Disse ele, ainda sério.

- Acredita mesmo nisso, camarada? Acorda, é do Victor que estamos falando, é obvio que ele vai usar o que tiver em mãos, para se livrar da condenação. -Falei ainda mais nervosa e para piorar meu estado, Dimitri tinha os olhos fixos no celular. -O que diabos, você digita tanto nesse celular, inferno?

- Só um segundo, por favor. -Disse ele, ainda com os olhos fixos no aparelho.

Irritada pensei em me sentar na cama dele, mas me contive por achar um tanto arriscado, ao invés disso, fui me acomodar no sofá, ainda o encarando.

- E então? -Perguntei, quando ele finalmente terminou.

- Ainda não sei. Precisamos esperar. -Disse ele, puxando uma cadeira e sentando-se de frente para mim.

Bufei cada vez mais irritada, o silêncio que se formou me deixava cada vez mais incomodada, por fim acabei me rendendo e puxei um dos livros de Dimitri que estava no braço do sofá, mas logo o larguei, eu não tinha paciência para leitura agora. Esse autocontrole pertencia exclusivamente a ele e não a mim.

- Desculpe. -Disse Dimitri de repente, seus olhos estavam fixos em meu rosto.

- Pelo que? Por ler romances ruins? -Brinquei, apontando o livro dele que eu havia devolvido para o braço do sofá. -Relaxa, está perdoado, camarada.

- Por não ter trazido você aqui. Sinto que a decepcionei feio. -Disse ele, me encarando e havia preocupação em seus olhos.

- Não -Falei, sentindo-me desconfortável. Merda, eu era muito idiota. -Eu agi como uma criança imatura. Você nunca me decepcionou, Dimitri. E também, certamente não fez isso agora.

Seus lábios se abriram, porém o som de seu celular tocando, o fez ficar de pé rapidamente. A conversa em russo felizmente foi breve. Ele guardou o aparelho e se virou para mim, com uma expressão que me assustou um pouco.

- Certo, vamos lá. -Disse ele, rígido ao caminhar até a porta.

- Para onde? -Questionei, sem entender nada do que estava acontecendo.

- Ver Victor Dashkov. -Respondeu ele, estendendo a mão para mim.

Por essa eu não esperava, nem em um milhão de anos. Ao que parecia, Dimitri tinha um amigo dentro da Corte, que por acaso fazia a segurança da cela onde Victor estava aguardando julgamento, e que por dever inúmeros favores a Dimitri, na época que trabalharam juntos antes de seguirem caminhos distintos, iria acobertar nossa entrada lá, desde que fossemos breves.

Escuridão do Espírito - Fanfic Academia de VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora