Capítulo 14 - Hannah

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Por alguma razão quando eu chego a casa e estou sozinha, eu sinto-me mais vazia do que antes. Eu conheço este sentimento, eu tenho-me sentido assim por tanto tempo, mas esta noite há algo novo, algo diferente que dói no meu peito. Eu não sei o que é, mas está a fazer pressão nas minhas costelas contra o meu peito e é difícil de respirar. Eu sinto-me vazia mas ao mesmo tempo eu sinto que me estou a afogar em todas as coisas que tenho aqui dentro. Até me sinto tonta, tudo parece rodar mas eu não bebi um copo.

O que é que está a acontecer?

Eu subo as escadas e entro no meu quarto e a primeira coisa que vejo é o poster do Harry com cinco dardos na sua cara. Naquele momento, esta sensação de dor torna-se maior e a minha mão voa até ao meu peito, como se agarrar o meu peito a afizesse ir embora. Na minha mente vêm memórias desta manhã quando eu estava sozinha com o Harry, em paz, só a aproveitar o tempo. Durante aqueles momentos eu senti-me eu mesma, como a velha Hannah, a rapariga que era antes da mãe morrer mas ao mesmo tempo a mesma Hannah que sou hoje. Quando eu estava com ele no café eu senti que estava livre para me sentir feliz.

Fiz mal quando o rejeitei daquela maneira. Ainda consigo ver a maneira como ele me olhou quando eu lhe disse que não queria ser amiga dele, eu consigo lembrar-me da dor que as minhas palavras lhe fizeram sentir. Mas eu não o entendo, como é que ele consegue preocupar-se tanto comigo? Porque ele insiste e insiste, não importa o que eu lhe diga, ele volta a tentar quebrar as minhas paredes. Porque é que o Harry é tão persistente? Eu não acho que ele tenha problemas em encontrar uma rapariga que amaria ser amiga dele. Porquê eu? Porque é que as minhas palavras o magoaram?

Eu vou até onde está o poster e tiro-o, deslizando-o para que eu não tenha que ver a sua cara e atiro-o, mas enquanto o faço a dor torna-se maior do que antes e eu sei-o. Eu sei que é por causa dele. Eu sinto-me mal, eu sinto-me confusa e despedaçada pelo que fiz. Eu ainda não posso deixar apaixonar-me por ele, mas talvez uma parte de mim quer, porque eu ainda penso nele e da maneira que ele me faz sentir, o quão fácil ele me faz rir.

"Ugh!" eu gemo atirando-me para a minha cama e cobrindo a minha cara com as minhas mãos, a tentar perceber que me está a acontecer. "Como eu desejava que estivesses aqui, mãe. Eu sei que saberias o que dizer," sussurro com as minhas mãos ainda na minha cara e o meu peito a doer mais.

Eu sei que a mão me ia dizer o que é que fiz de errado, que eu não devia ter fechado a porta na cara do Harry e que devia deixar sentir algo outra vez, mas isso é porque ela quer a velha Hannah de volta, aquela que estava sempre viva. Se em vez do Harry, o rapaz envolvido fosse outro, a sua resposta seria a mesma. A mão não ia considerar que é do Harry Boyband que estamos a falar.

Sinto tanto a sua falta.

* * *

Eu estou à procura de uma guitarra nova. A minha está velha e ela precisa de reforma, passamos por muito juntas e ela merece descanso. Ela vai ficar comigo, mas alguém novo estará connosco e eu espero encontrar este pequeno novo membro da família hoje.

Há tantas guitarras eu quero chorar, são todas tão lindas e têm um som sublime. Eu testo algumas, a tentar algumas músicas que amo – muitas do Ed Sheeran -, algumas pessoas pararam para ouvir. Ignoro-as todas, eu só consigo sentir a música e como os meus dedos a tocar o acorde certo, passando pelas cordas tão facilmente. Nesses momentos, a guitarra no meu colo e eu somos uma e isso é tudo o que e importa. E o resto do mundo desaparece.

Estou a tocar uma música quando um alvoroço começa e desta vez chega até mim. Eu paro de tocar Lvesick Fool dos The Cab e olho à volta, só para ver algumas pessoas dentro da loja à volta de alguém, todas elas a falar ao mesmo tempo, algumas delas até a chorar.

Music Sheet (Harry Styles) - PTOnde histórias criam vida. Descubra agora