No momento em que a vejo a começar a chorar, toda aquela raiva a crescer dentro de mim desvanece-se e eu sinto frio e como um idiota. Eu fi-la chorar, a culpa é minha, fui muito duro com ela. E eu não a consigo ver assim, a maneira como os seus olhos, bochechas e nariz se tornaram vermelhos como o seu cabelo, como os seus lábios tremem como o seu peito o faz. É de partir o coração e é tudo culpa minha.
"Desculpa, eu não queria gritar," eu digo-lhe aproximando-me, preparado para a ver afastar-se, mas ela não se mexe, ela só cobre a sua cara com as suas mãos, a chorar ainda mais. "Por favor, Hannah- Desculpa,". Não tenho a certeza do que estou a fazer, eu simplesmente me aproximo mais e deslizo os meus braços à sua volta, trazendo-a contra o meu corpo e agarrando-a fortemente. "Por favor, não chores. Desculpa, não quis fazer isto."
"Não, desculpa!" ela chora contra o meu peito, as suas mãos a agarrar o tecido do meu casaco. "Tenho sido horrível para ti e tu não me fizeste nada a não ser, ser simpático comigo e eu peço desculpa!" a Hannah diz entre soluções, o meu coração a quebrar ainda em mais pedaços.
"Mesmo assim, eu não devia ter gritado assim contigo," eu insisti, ainda a segurá-la nos meus braços e não me distraindo de que estou mesmo a abraçar a Hannah.
"Desculpa," ela murmura outra vez e desta vez eu não digo nada, eu só a abraço mais, afagando-lhe as costas, a tentar dar-lhe algum conforto enquanto ela continua a chorar nos meus braços. O seu corpo todo treme com soluços dolorosos e eu fico desesperado, sem saber o que fazer para ela ficar melhor, para ter um sorriso dela outra vez.
Sim, eu queria que ela mostrasse as suas emoções, mas isto é muito difícil de aguentar. Vê-la quebrada assim, a chorar com a sua cara escondida no meu peito só faz o nó da minha garganta ficar mais apertado e tenso.
"Vem, precisas de sentar-te e acalmar-te," digo-lhe afastando-a um pouco para ver os seus olhos desta vez. Os seus sempre lindos e olhos verdes frios estão vermelhos e eles mostram tanta dor que faz o meu corpo todo doer.
Ela não discute desta vez e deixa-me guiá-la para o elevador e eventualmente para o meu apartamento. Eu mantenho sempre um braço à volta dos seus ombros enquanto ela continua a chorar, silenciosamente agora enquanto eu abro a porta e guio-a para dentro do meu apartamento. Eu sei que ela não está a prestar atenção nenhuma, os seus olhos estão presos no chão enquanto lágrimas silenciosas caiem pela sua cara, magoando-me sempre.
Eu não a consigo ver assim, eu não a consigo ver chorar.
Eu faço-a sentar-se no sofá e eu sento-me a seu lado, ainda com o meu braço à volta dela esperando que ajude um pouco. "Queres chá? Vai fazer sentir-te melhor," eu ofereço esperançoso.
Ela olha para mim por um segundo com os seus olhos vermelhos e tanta dor na sua cara, mas não só dor, arrependimento também. "Ok," sussurra a rapariga ruiva e eu assinto, levantando-me, preparado para ir à cozinha para fazer chá, mas antes de eu dar um passo em frente, ela agarra na minha mão e para-me. "Harry, eu peço imensa desculpa da maneira como agi, mas eu tenho as minhas razões."
"Tenho a certeza que tens e tu podes explicar-me depois," eu digo-lhe, mas eu vejo-a relutante. "Se quiseres, claro."
O seu sorriso é nervoso e treme, então eu dou-lhe um meu, um encorajador enquanto eu acaricio a parte de trás da sua mão com o meu polegar. As suas mãos são tão pequenas e delicadas nas minhas, suaves e quentes.
Eu viro-me e vou até à cozinha, despachando-me para lhe fazer um chá. Eu não acredito que o dia de hoje acabou assim, com a Hannah a chorar na minha sala de estar e com cada lágrima, o meu coração parte-se por ela. O que lhe aconteceu para a deixar assim? O que lhe causou aquelas cicatrizes na sua alma que agora ela só me afasta? Agora deixa-me mais a querer saber a verdade.
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Music Sheet (Harry Styles) - PT
Fanfiction{Livro 3}✓- ❝ No momento em que eu perdi a minha mãe as coisas mudaram. Eu mudei. Eu percebi que ninguém fica para sempre, toda a gente vai embora de alguma forma, mesmo que seja por vontade própria ou não, e ficas sozinha, quebrada no chão. Eu não...