Capítulo 16

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A apresentação do Rio foi cancelada por luto dos patinadores. Teríamos duas semanas para nos recompormos e irmos para lá. Claro, que em nossos corações levaria até anos. Victor e Alice, os pais de Guilherme, não saiam de casa. Choravam noite e dia e havia dias que eu não via o sorriso reconfortante que era tão comum na família. Eu quis deixar a família passar pelo luto sozinha, não querendo atrapalhar mas Guilherme sempre ia lá para casa e apesar de ficarmos só conversando e ele chorando em meus braços, eu sentia que fazia bem. Fiquei sabendo que Alex estava tão triste que viajou para a casa dos tios passar alguns dias.
Eu estava em casa com minha avó assistindo novela e meu celular tocou. Olhei no visor e vi que era Guilherme:
"Oi Gui..."
"Lena...A Isa acordou!"

Peguei um ônibus e fui até o hospital, cheguei lá e já haviam várias pessoas.Isa estava sorridente e foi bom vê-la daquela maneira. Lhe dei um abraço apertado,dizendo quanto estava feliz por ela. O médico disse que ela teria que ficar de repouso da patinação por pelo menos dois meses. Fernando segurava sua mão e a beijava a cada segundo. Mal consigo imaginar a felicidade que ele está, depois de tanto tempo naquela angústia. E depois de algum tempo, Isabela fez a pergunta que todos temíamos.
"Onde está a Van? Não acredito que ela ainda não chegou."
Guilherme baixou a cabeça e apertou minha mão. Eu não conseguia olhar em seus olhos e observei Isabela ficando confusa. Ninguém sabia como responder, não achávamos correto dar essa tristeza para alguém que acabou de acordar de um coma.
Guilherme olhou nos olhos dela e disse "Ela não está mais conosco, Isa. Ela se foi. Ela...morreu."
Isabela colocou as mãos na boca e começou a chorar, Fernando apenas olhava e fazia carinho em seu braço.
"Como? Como isso aconteceu?"
Guilherme já está chorando outra vez e desta vez eu respondo:
"Ela sofreu um acidente de moto, isa...o caminhão a atropelou. Eu sinto muito."
Guilherme saiu do quarto e eu me senti intrusa ali. Isabela queria sofrer seu luto e quis lhe dar esse direito. A abracei forte e lhe dei um beijo na testa, fui até o carro de Guilherme e ele abriu a porta. Entrei no carro e o estacionamento está vazio. Sentei em seu colo e beijei a ponta de seu nariz.
"Me abraça, por favor não solta."
Eu abracei tão forte e atendi seu pedido.

Eu estava deitada em minha cama e Guilherme me abraçando, esses últimos dias ele havia tido muitos pesadelos e a maioria acordava assustado e eu ia fazer um chá para ele ou tomava um calmante. Eu não sei bem se esse é um luto necessário ou se devo fazer algo para levantar sua auto estima.
"Gui...quando vamos para o Rio?"
"Amanhã...vamos ficar no sítio que temos lá..."
"Seus pais não vão?"
"Eles não estão muito bem para ir, mas seu secretário vai. Seria bom se arrumasse suas malas hoje e podemos ir amanhã. Assim aproveitamos o fim de semana." Neste caso, "aproveitar " seria ficar em casa o dia todo dormindo, o que eu já estava cansada. Claro que eu estou triste e jamais deixaria de entender meu Guilherme mas vê-lo deste modo destrói meu coração.
"É perto da praia?"
"Não muito... É no interior. Mas tem uma cachoeira."
"Posso levar um biquíni?"
"Pode levar o que quiser minha Pocahontas. Apenas vá comigo."

Sonhos Congelados ( Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora