Sonhos Congelados ( Finalizado)

Capítulo 23

Acordo e sinto o vazio ao lado, abro os olhos e Miguel não está lá. Deve ter saído pela madrugada, já que seria muito estranho Gabi sair do quarto e nos encontrar na mesma cama. Droga, aquilo não estava certo. Mas realmente estava me sentindo confortável com ele, nunca durmo bem sozinha.
Gabi já está lá embaixo na piscina, já que hoje é nossa última apresentação aqui no Rio e depois vamos para Santa Catarina e ficaremos em um Hotel.
Encontro Miguel saindo do banheiro, apenas com uma toalha na cintura e meu corpo se arrepia, desvio os olhos.
"Bom dia... Dormiu bem?"
"Sim...obrigada por ontem. Eu realmente não gosto de dormir no escuro e..."
"Está tudo bem, não foi nenhum sacrifício para mim." Ele dá uma piscada e vai até seu quarto. Eu me lembro de ligar para minha avó e Laura. Minha avó fala um tempo comigo e conta que está com saudades, que não vê a hora de voltarmos para casa. Desligo e faço uma chamada de vídeo com Laura, ela me conta várias novidades sobre ela e o Bruno.
"Helena, tenho algo para te contar."
"Ai meu Deus, diz que você não reprovou."
"Não... Na verdade passei com dez em Biologia."
"Jura? Parabéns amiga, eu sempre soube..."
" Acho que estou grávida." 
Meu coração gela. Não. Não é possível, grávida?
"É do Bruno?"
"Não sei, eu... Transei com ele mas foi um pouco depois de ter ficado com o Felipe e eu agora estou mega ferrada."
"Você não tomou remédio, Laura?"
"No dia do Felipe eu esqueci e com o Bruno eu não usei. Acha que meus pais vão me matar?"
"Acho que você tem que descobrir quem é o pai primeiro."
Miguel aparece e bate na porta, entrando e vendo Laura no computador.
"Uau...quem é o bonitão? Algum primo do Guilherme?"
"São amigos..."
Não quis contar a Laura de Miguel pois ela ia ficar me incentivando a ficar como ele e me dizendo como sou sortuda e blá-blá-blá.
"Laura, depois conversamos. Manda um beijão para o Bruno e diz a verdade para ele, tenho certeza que ele vai entender." Fecho o computador e Miguel está de braços cruzados.
"Coloca um biquíni, vamos aproveitar o dia na piscina e à tarde repassar nosso treino."

O dia passou rápido, brincamos na piscina e mais tarde fomos para o treino. Repassamos algumas vezes e fizemos nossa última apresentação no Rio. Guilherme me ligou e conversamos um pouco, e eu disse que o amava. Ele disse que daqui um mês estaríamos juntos... Tempo demais.
Á noite Gabi foi sair com algumas garotas da patinação e eu fiquei sozinha com Miguel. Vimos uma comédia romântica e fui para o meu quarto, alguns minutos depois alguém bate. Miguel abre a porta devagar e me puxa com delicadeza da cama.
"Aonde vamos?"
"Vem logo... Vou te mostrar uma coisa." Eu saio e vou atrás dele, a porta de Gabi está fechada e fico aliviada.
Nós descemos os degraus e vamos até lá fora onde o vento fresco bate. Vamos andando em direção à cachoeira, no meio de todo aquele mato. Ao longe, vejo uma barraca perto do lago com uma lanterna.
"Pronto. Chagamos."
"Que isso, Miguel?"
"Uma barraca, as pessoas usam em acampamentos..."
"Eu sei o que é, mas por que ela está aqui?"
"Vamos dormir aqui hoje."
"Você tá maluco? E se alguém ver? E está muito longe de casa..."
"Ninguém vêm aqui, você disse que tem medo de dormir no silêncio e sozinha. Vai estar comigo e a o barulho da cachoeira vai ajudar." 
Confesso que achei legal o que ele fez, se importando comigo. Nós já havíamos dormido juntos o que não era a melhor das coisas, tenho medo dele achar que podemos avançar.
"Miguel...não sei se é uma boa ideia."
Ele entra na barraca e deita. Faz o gesto para que eu me junte a ele. Tem travesseiros e uma coberta do lado de fora, caso sentíssemos frio de madrugada. Me aninho junto à ele e oro para que não esteja fazendo besteira. Ele acaricia meu cabelo novamente e isso parece droga para mim. Tudo está calmo, o barulho da água é o meu preferido. Estou confortável, estou me sentindo em casa.