Capítulo 9

175 10 0
                                    

Eu saio do carro com o coração apertado, sabendo que ele vai ficar assim até amanhã. Pelo jeito não será um dia muito produtivo. Chego cansada e vou direto para o banho, pensando em como eu só quero deitar e dormir. A água quente bate em meus ombros e cabelos e sinto o corpo relaxar, sinto o peso daquele dia em meus ombros e começo a chorar. Mas que merda, por que eu estava chorando? Eu não era de chorar, mas sempre que algo me incomoda eu gosto de botar para fora. Geralmente, meu estomago embrulha de nervoso e ansiedade o tempo todo, até que o médico pediu para eu fazer yoga e um psicólogo para ajudar a controlar minhas emoções. Eu faço até hoje quando estou muito nervosa, mas hoje preciso soltar até me sentir leve, essa era a melhor sensação. Saio do banheiro e coloco meu pijama, seco meu cabelo e deito no chão do meu quarto fazendo algumas respirações de yoga para me acalmar. Relaxo e deito na cama. Minha avó bate na porta e entra.

"Helena, querida... Está tudo bem?"

"Está sim avó, só um pouco cansada."

"Eu te conheço menina, desembucha." Ela senta ao meu lado e começa a me fazer carinho.

"Ai avó, sou eu. Eu sou medrosa e não sei me jogar de cabeça nas coisas. Eu e o Guilherme estamos ficando, mas isso pode prejudicar nossa carreira se der errado e se eu ficar mal com ele, jamais vou conseguir ficar nesse trabalho, não tenho força para isso."

"Ah Querida... Não tenha medo de nada. Você é jovem e é normal ter medo, se você sente que ele é um rapaz bom e sincero, não tenha medo de expressar seus sentimentos. Diga a ele o que sente e verá como vai se sentir melhor." Ela me dá um beijo de boa noite e encosta a porta. Minha avó sempre soube que eu tenho medo do escuro, sempre preciso de uma luz acesa para conseguir dormir em paz. Ela sempre deixa a luz do corredor acesa e a porta encostada. Ela volta com uma xícara de chá de camomila e senta ao meu lado da cama enquanto canta uma música evangélica.

Certa vez assisti a um filme de terror na casa de Laura e fiquei em pânico, passei dias sem dormir, comer direito e meus banhos eram corridos. Minha avó ficou comigo em todas as horas que começava a escurecer e meu estomago começava a embrulhar. Ela dormia comigo, orava comigo e me via chorar. Eu achava que aquilo nunca ia passar, pois já haviam se passado meses e nada de melhora. Aos poucos eu melhorei e vi que nada como o tempo para curar todas as feridas.

Acordei renovada e pronta para o dia, aquele choro e desabafo de ontem à noite haviam me ajudado e muito. Fui para a aula e fiz minhas provas do dia. Laura ficou fofocando o dia todo de como havia bloqueado o Felipe e sua prima de todas as redes sociais e que já estava marcando de ir estudar com o Bruno. MEU AMIGO BRUNO. Essa Laura não perde uma. Contei a ela sobre domingo e ela não acreditou que Roberto havia feito aquilo, disse que eu devia ter feito um B.O por tentativa de seqüestro e eu disse que a dor que ele sentiu foi melhor do que qualquer B.O.  As aulas terminaram e fui até o centro de treinamento. Encontrei Guilherme sentado olhando sua irmã fazer s dupla com as sete crianças que interpretavam os sete anões e Vanessa a Branca de Neve. Cheguei cantando a música e Guilherme se virou para me olhar e quando me viu, baixou a cabeça.

"Vai me ignorar para sempre?"

"Não estou te ignorando."

"Se não está me ignorando, está fazendo o que? Voto de silêncio?" Ele se vira e me encara. Seus olhos escuros são tão profundos e eu tenho medo de me afogar ali. Ele me arrepia inteira e eu pego suas mãos quentes.

"Perdoe-me por ontem. Foi tudo um mal entendido, eu não subi na roda gigante de propósito, Roberto me levou desmaiada até lá. Eu levei um puta susto no banheiro com a maldita loira do banheiro e saí correndo, foi assim que perdi minha bolsa. Caí em cima do Roberto e desmaiei de susto porque não é todo dia que um demônio tenta te agarrar. Foi só isso. Eu não quero mais nada com ele, já me magoou o suficiente." Ele não desvia o olhar por um segundo e vejo que ele está cedendo... Ótimo, vou ter que me aprofundar.

"Estou apaixonada por você, John Smith. Essa é a verdade." Ele sorri e agarra minha cintura, me puxando para o seu colo. Nosso beijo é sincero e calmo... Desta vez não me importo se Vanessa e os Sete anões estão vendo, minha vontade é gritar para o mundo inteiro que eu estou apaixonada por Guilherme Ferrari e estou muito ferrada.

Sonhos Congelados ( Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora