Sonhos Congelados ( Finalizado)

Capítulo 26

A viagem foi tranquila e logo estávamos em Santa Catarina, Miguel ficou com seu fone de ouvido e roncando enquanto eu lia meu livro, ou pelo menos tentava. Nunca me sinto completamente relaxada em aviões, gosto de ir conversando ou ao lado de alguém que não tenha medo.
Pousamos e acordo Miguel com alguns cutucões. Ele abre os olhos e geme baixinho.

"O que foi? O sonho estava bom?"

"Pior que estava...Odeio acordar em dupla."

"Como ass...?" Mas eu já havia entendido, ele estava tendo sonhos eróticos e não havia despertado sozinho. Droga, isso é constrangedor porque meus olhos desviam para todos os lugares mas minha vontade de olhar é imensa. Levanto do banco e desço do avião com Miguel logo atrás. Pegamos nossas malas e Miguel vai atrás de sua moto. Gabi está com o rosto inchado, provavelmente dormiu a vinda toda para cá. Miguel volta e coloca o capacete na minha mão.

"Nós vamos seguir o ônibus, depois de colocar as malas no bagageiro." Vamos até o ônibus e coloco as malas no bagageiro, todos os patinadores entram e Miguel arruma o capacete em minha cabeça. Sento atrás e vamos até o hotel, o vento está gelado e diferente do Rio, aqui está muito frio.
Graças a Deus já estamos em novembro e estou fazendo minhas online. Claro que um mês longe é bastante mas estamos no fim do ano e já passei com glória no terceiro bimestre. Em Dezembro eu volto para a formatura e Natal e Ano Novo estamos de folga. Chegamos ao hotel e fico encantada com todas aquelas luzes e fontes de água. O prédio é alto e dourado, de frente para o mar , a praia é vazia e mesmo no frio, ainda gosto de ter uma praia por perto. Vou até a recepção junto com Guilherme e a mulher que nos atende já deve ter seus 50 anos.

"Boa Noite, Bem - Vindos ao nosso hotel. Desejam um quarto com cama de casal ou separada?"

"Ãhn...Não podem ser quartos diferentes?" Eu disse, orando para que sim.

"Infelizmente não foi reservado desse modo, podem trocar com alguém se quiserem."

"Não, pode ser de casal mesmo." Miguel diz com seu tom cínico.

"Ok então...Quinto andar, quarto 567." Um rapaz já passou e pegou nossas malas. Vou até o elevador com ele e cochicho em seu ouvido. "Por que você pediu uma cama de casal? "

"Porque tem mais espaço, a cama de solteiro é pequena demais para mim." Ahãm...sei.

"Espero que você não esteja achando que vai me agarrar de noite, porque não vai."

"Se eu quisesse te agarrar já teria o feito. Por favor, Helena...Não exagere."

Chegamos no quarto e colocamos nossa mala bem longe uma da outra, Miguel entra para tomar um banho e infelizmente só tem um banheiro. Alguém bate na porta e abro, Gabi está sorrindo.

"Vamos tomar um sorvete, está afim?"

"Claro, só vou tomar um banho e vamos."

"Te espero na recepção. Até mais tarde."

Miguel está saindo do banho com uma toalha branca enrolada na cintura e os cabelos negros pingando água pelo corpo. Entro correndo do banho e fecho a porta. Lavo meu cabelo e deixo os fios longos e lisos rasparem na cintura. Quando saio enrolada na toalha, Miguel não está lá. Mas há um bilhete em cima da cama :

Fui dar uma volta, não me espere acordada ou...Pode esperar se quiser. Cheiros no cangote.

Seu Substituto

Me arrumo para o frio do sul e coloco minha calça jeans, botas longas e uma blusa de manga comprida. Não acredito que na primavera está esse frio... Saio do quarto e vou até a recepção, Gabi está lá com algumas garotas da patinação que não sei os nomes de cor. Nós vamos até uma praça que está cheia e tomamos sorvete. O tempo passa depressa e quando me dou conta já é meia noite, andamos pela praia e chegamos ao hotel. Entro em meu quarto e está tudo escuro mas a luz do banheiro está ligada e ouço o barulho do chuveiro. Miguel voltou cedo... Mas reparo melhor e ouço outro som, não é água. Ouço gemidos, fortes. Mas que... Abro a porta e vejo Miguel em uma posição constrangedora, puxando os cabelos de uma loira que está nua amassada na parede. Ela dá gritos enquanto ele joga sua cabeça para trás e puxa seus cabelos. Meu Deus...
"Que Merda é essa, Miguel? Você está comendo essa puta no meu banheiro?"
Ele abre os olhos com o susto e vejo seu rosto ficar vermelho pela primeira vez. A garota puxa a toalha correndo e coloca na frente, dando um tapa na cara de Miguel. Boa Garota!
"Você disse que estava sozinho seu cretino. Me desculpe, eu não sabia que ele estava acompanhado." Ela sai do banheiro e fecha a porta. Eu me viro enquanto ele coloca a toalha, me privando da visão do seu garoto que estava prestes a relaxar mas sinto muito... Não foi dessa vez.
"Eu não acredito nisso."
Ele me vira e eu me desvencilho. Ele estava transando no meu banheiro, que nojo.
"Eu...eu acabei bebendo e... Achei que ia voltar mais tarde...eu..."
"Cala a boca. Isso não é desculpa. Eu vou dormir com a Gabi."
Eu abro a porta do banheiro e a loira não está mais lá. Pego minhas coisas e vou até a porta. Ele me puxa de novo e me joga na cama.
"Você vai ficar. Eu vou me vestir e posso sair se quiser..."
Não sei o que eu quero, não sei se estou com raiva por ele estar transando com alguém ou por estar no nosso quarto, talvez os dois.
"Sei que fui cretino trazendo ela aqui, mas foi por isso que você ficou brava? Só por que foi aqui?"
"Sim. Só por isso." Ele chega mais perto e baixa a cabeça na altura dos meus olhos. Passa a mão pelo meu rosto e seu nariz roça com o meu, sinto seu cheiro de banho. Ele morde meu lábio e me derreto inteira, o empurro para longe e ele segura meu rosto.
"Pare de resistir!"
"Você acabou de beijar aquela garota! Não sei onde enfiou essa boca, nem tente me beijar!" Ele olha nos meus olhos e diz " Eu sequer encostei meus lábios nela, em lugar nenhum. Nem na boca." E eu acreditei porque no momento que eu vi, não havia romance, só sexo.
Me levanto e pego meu pijama, me tranco no banheiro e me troco. Quando volto não há ninguém e eu me deito, novamente sozinha e na escuridão.