Capítulo 2 - Belas Rosas, Horríveis Espinhos

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Eu dormi no hospital , quando recebi alta , fui levar um atestado até meu consultório e tirei o dia de folga .

Fui até a praça , com Elis.

Ela estava me contando , sobre uma história que ela contou para seus alunos . O Morro Dos Ventos Uivantes, que no caso eu adoro.

Toquei no assunto e meio que me revelei , pois Elis era de total confiança :

-Elis...sabe aquela garota , a Raquel ?

-Sei , a que dá azar nas festas !-Ela responde.

-Eu acho que . Acho que estou gostando dela !-Disse meio sem graça, era algo realmente estranho, sentir arrepios por alguém que você mal conhece.

-O que ? Meus Deus , aquela garota é uma psicopata ! Você devia arrumar alguém que preste ! Tem tantas mulheres legais por ai !-Ela responde nervosa.

-Mas eu nem sou tão agradável assim !-Disse.

-Ah , vai me dizer que você nunca foi considerado como um "pedaço de mal caminho" ?!-Elis exclamou, o que despertou medo em mim...arregalei os olhos.

-Relaxa ! Você é muito novinho pra mim...e além disso somos apenas amigos !-Ela prossegue me deixando mais calmo - E eu te aconselho à tentar esquecer esta garota !

-Vou tentar !-Vai ser impossível.

Elis tinha muito o que fazer , afinal, ser professora não é fácil . Então ela se despediu e foi fazer seus deveres.

Continuei ali , curtindo o vento frio da tarde na praça.

Até ver uma pessoa...

Do outro lado da praça , sentada de modo charmoso com as pernas cruzadas , estava Raquel , lendo um livro e escrevendo algo em outro de páginas vazias. Estava com um vestido vermelho, curto...Tentação.

Mas por cima do vestido estava com um casaco de mangas longas , parecido com uma capa de couro, pois chegava até seus joelhos. Um salto alto , cabelos como sempre bem hidratados e com algumas ondas.

Uma coisa que eu não entendia , e que nunca faltava nela, o jeito frio , medonho , que não demonstra nenhum sentimento.

É claro, me aproximei, e lentamente me sentei ao seu lado.

-Oi...-Disse e ela abaixou seu livro , o apoiando em suas pernas e passou a olhar para frente.

Novamente ela começa a escrever algo no livro de páginas totalmente brancas, e eu fiquei curioso.

-Posso ver ?-disse estendendo minha mão e ela não se moveu, peguei o livro. Ela não demonstrou reação alguma.

Naquela página estava escrito :

"Uma lágrima é só água , Um suspiro é só ar

Sempre que você se sente assombrado

A verdade repousa lá fora..."

Finalmente vi algo saindo dela que demonstrasse algum sentimento , ela teme algo, disso eu tenho certeza. Talvez ela tenha um...segredo ?

-Nossa ! que lindo...

Ela sorriu timidamente.

E isso não é normal para ela , pelo que Elis me disse ela nunca sorri.

A praça era toda decorada com vasos enormes com flores dentro , eram flores artificiais, mas muito bonitas e detalhadas . Este mês colocaram rosas brancas. Mas em um dos vasos que havia ao meu lado, tinha uma rosa diferente de todas...ela era negra . Uma rosa preta e bela.

Peguei ela , e numa demonstração de carinho...dei a para Raquel. Me sentindo um babaca por isso, mas realizado por dentro, pela coragem que tive ao fazer isso.

Ela olha atentamente para a rosa , sua cor era exótica. Levemente sua mão se levantou para pegar a flor antes disto tocando minha mão. Seus enormes cílios se abaixaram para que ela se concentrasse novamente em seu livro.

Ela coloca a rosa como se fosse um marcador, entre as páginas do livro em que ela escrevia aqueles poemas.

O vento bateu em seu rosto , fazendo seus cabelos voarem e seus olhos se fecharem, o que me encantou.

-Você é tão linda...-Disse em tom baixo. O elogio havia saído pela minha bocq automaticamente.

-Obrigada...-Ela responde saindo de lá em seguida . O vento fazia sua capa de couro voar enquanto ela abraçava os dois livros , um deles contendo a rosa negra que eu lhe dei.

Será que isto que ela tanto teme...sou eu ? Ela sempre foge de mim.

Mas sinceramente. O único que deve temer aqui sou eu. Se ela tiver uma lista negra , eu seria o primeiro.

Um Amor Quase MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora