Bebendo demais era como eu estava. Não podia suportar a culpa daquela noite e nos dias como esse eu ficava como estou agora, bebendo por nós duas, curtindo por nós duas. Mas nada aplacava aquela dor, nada me deixava esquecer o meu erro. As luzes néons me deixavam ainda mais louca do que eu já estava. Podia ver Kyle e Mell dançando enquanto eu estava sentada em uma mesa, com uma bebida vagabunda que com certeza me deixaria pior.
-- Quer dançar ?- olhei para o sujeito moreno parado na minha frente. Virei o resto da bebida e segurei sua mão, deixei que ele me levasse para a pista de dança.
Fechei os olhos e me movi conforme a música Freaking Out do Flo Rida. Graças ao bom deus, Bia e eu aproveitamos nossa fase de curtição, várias festas, várias bebidas, vários garotos. Deixei um sorriso escapar, queria que ela estivesse aqui.
-- Que droga esta fazendo!- abri os olhos e vo Brad parado na minha frente. Abri a boca para responder e tornei a fechar.
Com um pouco de dificuldade eu passei pelos jovens ali e fui para o bar man. Pedi a mesma bebida de antes, e virei ela em apenas dois goles. Nem precisei me virar para saber que Brad estava atrás de mim.
-- Vai ficar me seguindo?
-- Vou garantir que não desmaie por ai.- revirei os olhos, antes de me virar. -- Você esta péssima.
-- Ótimo!- sorri.-- Agora vá!
Ele riu e me puxou pelo braço, fiquei apenas alguns centímetros do seu corpo. Mas ainda assim podia sentir seu coração palpitando, e podia ver a fúria em seus olhos. Me soltei dele e me virei para a saída, passei por um grupo de pessoas e quando consegui chegar na rua, uma lufada de ar me fez encolher de frio, o que me fez pensar que sair de short e camiseta não era uma boa ideia em noites como aquela. Eu ainda podia ouvir o som alto do The Black Eyed Peas, andei a procura de um táxi, mas não encontrei nenhum então me sentei num banco da praça. Então aquele maldito carro preto parou na minha frente.
-- Vêm! Te levo embora.- permaneci parada olhando para o sujeito loiro dentro do carro com a expressão tão furiosa que me fez rir. -- Anda, está frio! Vai acabar doente.
Me levantei e entrei no carro, tudo o que eu menos queria era ficar em casa. Tudo o que menos queria era o consolo e as palavras da minha mãe, eu ainda me lembrava do modo como ela ficou quando houve o acidente.
-- Me leve pra sua casa.- disse sem ao menos olhá-lo. Podia sentir a lagrima que queria descer pelo meu rosto, mas me segurei. Não olhei para ele, nem menos disse alguma única palavra quando ele seguiu pela avenida. Chegamos ao saguão do plaza que eu já conhecia e mesmo assim me surpreendia com a beleza daquele lugar.
Entramos no elevador e quando ele apertou o botão eu olhei para ele, seus pensamentos pareciam levá-lo para longe assim como os meus. Minha cabeça girava e cada vez que eu ameaçava pensar em Bia eu respirava fundo.
-- Esta se sentindo bem?
Assenti. Caminhei tranquila atrás dele, imersa em meus pensamentos sentindo que cada dia que se passava aquela culpa crescia em mim. Entrei no apartamento ainda nervosa. Aquele lugar me fazia lembrar o primeiro beijo que ele havia roubado, o que me causava certo desconforto.
-- Fique a vontade, se quiser qualquer coisa pode pegar.- falou e tirou o celular do bolso.-- Quando quiser ir embora é só me chamar, vou fazer uma ligação rapidinha e já volto.
Me sentei no sofá e fechei os olhos, tudo como naquela noite. Não conseguia me lembrar o motivo que nos fez voltar tarde naquela maldita noite. Seu eu tivesse ouvido seu pedido para ir embora mais cedo. As lágrimas rastejavam pelo meu rosto, podia ouvir o som dos pneus correndo na pista molhada e o freio quando um carro virou na nossa frente. Eu tentei, Deus sabe como eu tentei desviar, mas quando o carro capotou, tudo o que eu vi foi seu corpo imóvel ao meu lado.
-- Julie.- abri os olhos e logo Brad me acolheu em seus braços.-- O que houve, meu amor?-- não conseguia controlar às lágrimas nem mesmo os soluços que faziam como que meu corpo tremece violentamente. Passei os braços contra a cintura dele e chorei tudo o que tinha para chorar, espantei todas as lágrimas e lembranças para fora de mim. E toda vez que meu corpo tremia os braços dele me apertavam ainda mais.
-- Me desculpa.- falei contra seu peito.
-- Me conta quem te machucou.- suas mãos molduraram o meu rosto enquanto seus olhos vasculhavam meu corpo a procura de alguma ferida.
-- Não estou machucada é que...dias como esse é...-- podia sentir as lágrimas rastejando pelo meu rosto.-- Eu devia ter ouvido ela quando disse que ele não valia a pena, devia ter ...bebido menos eu...sou culpada por tudo, Brad. Eu...
-- Ela quem?
-- A Bia.- fechei os olhos.
-- Me fala tudo o que aconteceu.- ele se levantou e depois retornou com um copo de água. Tomei um gole e me aconcheguei à ele, para que seus braços me envolvessem novamente, e foi o que ele fez.
Fiquei em puro silêncio durante alguns segundos, enquanto ele acariciava o meu ombro . A segurança que eu senti ali, era o que eu precisava.
-- Alguns anis atrás, eu havia saido para curtir com meus dois melhores amigos, Kyle e a Bia.- comecei a falar mantendo o controle dessa vez.-- Eu namorava na época e como eu me sentia feliz com ele, poxa depois de tanta amargura pela primeira vez eu havia encontrado alguém que me fazia sentir bem, segura e...amada.-- suas mãos atacavam meus cabelos.-- Mas naquela noite, eu estava no clube com os dois e vi. Maldita hora que eu olhei para o lado e vi ele com uma outra mulher, eles estavam... Se beijando. Procurei manter o controle, mas depois de algumas bebidas era quase impossível. E quando Bia viu que eu não estava bem ela tentou me acalmar, me segurar. Mas eu insisti em pegar o carro para ir embora.-- então eu podia sentir meu desespero.-- Ela entrou no carro comigo, tentando me acalmar. Dizendo que ele pagaria pelo o que fez e que tudo ficaria bem, que logo eu encontraria outra pessoa. Mas eu não queria ouvir, ele havia conseguido tudo de mim e vê-lo com outra me partiu ao meio. Não queria mais ouvir e nem ver mais nada.
-- Era uma fuga suicida.- assenti desesperada em seus braços.
-- Ela não tinha que estar comigo, mas...ela me seguiu. E quando aquele carro apareceu e seu grito me acordou era tarde demais, eu...tentei desviar. Queria que aquele carro parasse de girar como mágica, mas ele continuou capotando e eu podia ver ela desacordada. - olhei para ele e senti tudo novamente.-- Eu a matei, Brad! Eu sinto tanto. Queria poder mudar tudo o que houve, mas quando chega esse maldito dia, a culpa volta ainda pior e eu...Deus eu a matei!
-- Não, Julie.- ele tentou meu acalmar, mas eu me afastei.-- Ela tentou te proteger e o que houve não foi sua culpa. Você estava triste, como esta agora e só Deus sabe o que você faria se eu não estivesse com você agora. Ela agiu como eu, tentando te manter segura. Você não podia imaginar que aquele carro apareceria e que...
-- Como não!? Brad, a estrada estava perigosa e correr só piorou tudo.
-- Então pare de fugir!- ele se aproximou e novamente me conteve em seus braços.-- Você tem que esquecer o que houve e seguir em frente. Tenho certeza que ela queria te ver feliz, te ver crescer na vida e...
-- Se eu não tivesse pego o carro talvez agora...
-- Talvez agora não teria aprendido! Sua amiga não esta te culpando, nem Kyle, muito menos eu. Está na hora de você parar de se culpar.
Assenti. E me deitei em seu colo deixando que suas mãos me acalmassem, e aos poucos toda aquela culpa foi se esvaindo de mim assim como as lágrimas. Meus olhos foram pesando e então eu ne deixei dormir.
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Apenas Mais um Jogo de Sedução
RomanceSe todas as mulheres conhecessem seu poder de sedução, Talvez muitas não estariam ai, sofrendo por amor. Existem mulheres que ainda assim não deram conta do poder que tem sobre a cabeça de um homem. Não notaram que são capazes de enlouquecer a cabe...