Capítulo 12 - Drake

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Minha semana foi como qualquer outra, chata, tediosa e totalmente normal. Finalmente a sexta-feira tinha chegado e eu podia descansar o dia inteiro, era uma pena Bethany não concordar comigo, já era a quinta vez que me ligava e eu sabia o que ela ia pedir, recusei novamente e quando começei a cochilar o telefone toca de novo, minha vontade era de joga-lo com toda força na parede mas ia acabar ficando sem celular então resolvi atender.

_Até que enfim você atendeu esse celular! Já estava cansando de ligar -deveria ter cansado assim eu poderia dormir em paz- amor eu preciso muito de sua ajuda.

_Depende do tipo de ajuda!

_Eu tenho que comprar um vestido novo pra festa da Tamy mas não tenho como ir ao shopping sem carro não posso ir andando -ela diz de uma forma dramática

_É pra isso que existem os táxis, ônibus e metros, se quiser te empresto a bicicleta do Zac, ele não vai usar! -pronto, acabei de assinar minha sentença de morte

Bethany se silencia e a escuto contar ate 10, depois ela respira e continua.

_Drake eu vou fingir que você não disse isso, mas você vai ter que me levar de qualquer jeito agora! E é bom... -Deixei ela falando sozinha e cai no sono.

  Eu estava em uma enorme casa sozinho, gritava na esperança de alguém me ouvir mas o único barulho que escutava era o do vento nas velhas cortinas brancas rasgadas. Decidi sair do comodo em que me encontrava e me aproximei devagar da porta, girei a maçaneta e me vi em um corredor encardido e escuro, com as paredes desbotadas e tomadas pela camada espessa de mofo, foi então que ouvi passos, e logo eles viraram uma correria, não conseguia identificar de onde vinham até escutar gritos por socorro "Drake!!! Me ajuda! Por favor, não me abandona. Drake!!. Segui a voz e andei pelo largo corredor, ao final virei a direita e me encontrava em um enorme salão de festas com luminárias de cristal, cortinas vinho e enormes janelas, algum dia aquele lugar deve ter sido bonito e bem frequentado mas hoje não passava de um salão abandonado pelo tempo, mas estava vazio , nada além de mim, escutei novamente gritos dessa vez mais próximos "Drake!!! Me ajuda!!" A minha frente uma enorme escada se projetava, com um tapete vermelho de veludo, no alto ela se dividia em duas escadas, uma pra direita e outra pra esquerda, no alto da escada da direita uma silhueta se projetava em meio a escuridão, a silhueta de uma mulher que logo sumiu corredor adentro. Subi as escadas correndo e me vi em outro corredor, dessa vez cheio de portas que deveriam ser quartos, escutei novamente meu nome sendo chamado "Drake! Não me deixa aqui sozinha, eu preciso de você!" .Dessa vez eu consegui reconhecer a voz, estava melancólica, tomada de dor e sofrimento mas ainda assim era Ayra.

Eu comecei a abrir porta por porta e não via ninguém, ela chamou pelo meu nome novamente e segui sua voz até uma porta branca coberta de algum liquido espesso vermelho. Sangue! A porta estava coberta de sangue! Entrei em desespero, e se o sangue fosse de Ayra? Tentei abrir a porta mas estava trancada então arrombei caindo no chão com a porta. "Drake, por favor não me deixe aqui com ela!" .Consegui então vê-la, estava sentada próxima a uma janela, as cortinas estavam quase fechadas de forma que só entrava um feixe de luz no quarto que iluminava seu rosto, ela estava encostada com as mãos no joelho chorando, ela chorava e soluçava bastante mas percebi que murmurava algo pra si mesma. Sua aparência era deplorável, usava um vestido branco rasgado na barra e mangas, estava encardido e sujo de sangue, seus cabelos estavam presos por uma fivela que já não servia pra muita coisa, e suas lágrimas...dos seus olhos escorriam lágrimas pretas que queimavam sua pele ao toque, parecia que eu me encontrava em um filme de terror e não podia ajuda-la.

Gritei seu nome sem sucesso, ela parecia não notar minha presença, chamei novamente e nada, ela continuava perdida no seu próprio mundo quando pude escutar o que dizia "Ele prometeu que não me abandonaria, prometeu, prometeu..."
.Ela começa a se mexer freneticamente e eu corro ao seu encontro, quero abraça-la e conforta-la, dizer que nunca a abandonaria, mas pouco antes de alcança-la , sua expressão muda de sofrimento a pânico e ela desaparece do nada, o lugar ao qual ocupara antes agora estava vazio e eu sinto algo molhar meus pés, olho para o chão e vejo um líquido preto que já alcança meu joelho e continua subindo rapidamente, corro para a porta mas vejo apenas uma parede, a janela também sumiu e me encontro em uma sala quadrada sem saída. O líquido já alcança meu peito e tento sem sucesso fazer a parede ceder até que afundo, minha visão fica turva e começo a me afogar!

Acordo no susto, foi apenas um sonho! Ou melhor um pesadelo, um dos piores que já tive. Foi tudo tão real que pensei que aquilo realmente tivesse acontecido, ainda conseguia sentir a água descendo minha garganta e eu me afogando, coloco a mão no peito e vejo minha pele molhada. Eu estava encharcado, minha roupa, o lençol, o edredom, o colchão, tudo molhado, olho pra frente e vejo a Bethany. Raiva? Com toda certeza ela transbordava ódio, batia o pé em um ritmo acelerado no tapete e segurava um balde vazio na mão. Eu estava enganado, o meu pesadelo começava agora, e não tinha como eu fugir!

_O que você pensa que eu sou? -Bethany esbraveja

_Minha namorada super linda e carinhosa, que eu amo! -Tento me livrar da bronca com elogios

_Exatamente, e tambem sou sua namorada super calma que está querendo te matar! -ela grita vindo pra cima de mim- Você me deixou falando sozinha no telefone, isso sem contar do tempo em que fiquei te esperando e nada.

_Desculpa, eu estava cansado e acabei caindo no sono!

_Isso não é justificativa! -ela se acalma um pouco e se aproxima- Poxa Drake, eu demorei um tempão pra perceber que você não estava na linha e pensei que estivesse me evitando!

  Por parte ela tem razão, queria evitar ir ao shopping com ela entrar em varias lojas e perder um dia de descanso na minha cama.

_ Eu acabei dormindo por que estava muito cansado, espero que me perdoe, não queria te fazer esperar. -Faço a cara mais coitada possível

_Tudo bem amor -ela começa a me beijar- mas só porque você me chamou de linda!

  Nós dois rimos e ela se agarra ao meu pescoço, a puxo pela cintura para mais perto e começamos um longo beijo, ela esta de vestido e começo a levanta-lo um pouco enquanto ela acaricia minhas costas nuas, o ritmo acelera e nosso beijo fica cada vez mais intenso. Somos interrompidos por alguém batendo na porta.

_Mãe? -ela está parada na porta nos observando com um sorrisinho malicioso

_Não querido, a Meryl Streep! Claro que sou eu. -ela entra no quarto e vai até minha cama- pelo visto você consegui acorda-lo Bethany -ela diz pegando o balde e puxando os lençóis- de uma maneira... diferente!

_Pois é, ele não acordava por nada -ela olha pra mim envergonhada- me desculpe pelos lençóis!

_Ah, não se preocupe com isso -ela vem até mim e me entrega todos molhados- o Drake lavar não é querido?

Ela me dá um sorriso de vitoriosa.

_Claro Bethany, não se preocupe com isso! -digo forçando um sorriso

_Nesse caso eu já vou indo, outro dia vamos ao shopping -ela me da um selinho- thau sogrinha!

Ela sai do quarto e minha mãe me encara séria.

_ Sogrinha? É serio isso? -cai na gargalhada- lave tudo direitinho e vê se não se esquece de colocar o colchão no sol se não quiser dormir no sofá hoje!

  Que maravilha, além de ser acordado com um banho ainda tenho que lavar os lençóis, sou mesmo uma pessoa de sorte. Coloquei o colchão no sol e passei o resto da tarde lavando as roupas de cama,quando terminei já era noite, levei um bom tempo no edredom, minha mãe queria que eu lavasse na mão pra aprender como ela sofre lavando roupa mas acabou ficando com dó e colocou tudo na máquina. Eu lanchei e fui para o telhado, gostava de ficar lá para pensar, era bem calmo e ainda conseguia ver as estrelas. Eu estava deitado olhando as constelações quando ouvi um barulho, me virei e vi Ayra vindo em minha direção com todo o cuidado para não escorregar, ela se sentou ao meu lado e antes que eu pudesse dizer algo começou.

_Se não tiver mudado de ideia eu quero conversar, só ...me escuta e depois decide o que fazer! -eu fiquei em silêncio e ela continuou- aposto que você já se perguntou porque eu me mudei e me tornei essa pessoa grossa e insuportável, eu nunca conversei sobre isso com ninguém e tudo acabou tomando uma proporção maior, me fazendo mal. Eu acabei descontando minha raiva comigo, minha vida insignificante nas pessoas ao meu redor, eu precisava conversar com alguém que eu confiasse, alguém que tivesse a capacidade de me entender...

Um Simples Amigo, Um Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora