Capítulo 55 - Drake

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Eu não queria ficar em casa, mas também não queria sair. Não queria jogar vídeo game, mas queria brincar de alguma coisa. Eu não queria ficar sozinho, queria uma companhia.

Minha mãe disse pra mim pegar minha coleção de carrinhos e montar uma pista para a corrida, mas eu já tinha enjoado dessa distração, meu pai não podia brincar comigo porque estava sempre trabalhando e eu era filho único, o que significava que ou eu brincava sozinho ou eu arrumava um amigo, nesse caso a primeira opção é melhor. Eu tinha amigos, é claro que tinha, mas todos moravam em San Francisco, e eu, lamentavelmente morava a mais de três meses em Nova York.

Minha rua não era do tipo cheio de crianças, na verdade eu só conhecia duas, duas garotas. Meus pais receberam a visita de um casal que mora ao lado assim que chegamos, eles vieram nos dar as boas vindas e estavam acompanhados de uma menina, sim só uma, ela era mais velha que eu pelo que escutei e era ate legal, mas certamente não apostaria corrida comigo. A outra que não veio, é da minha idade, eles falaram muito pouco sobre ela e voltaram a conversar sobre coisas de adultos.

Depois de um tempo dessa visita, minha mãe falou para mim ir lá fazer amizade com elas, mas eu me recusei, era bem provável elas quererem que eu brincasse de bonecas, e eu não queria. Sem falar que aquela casa era estranha, direto eu escutava muitos barulhos do meu quarto e a cortina da janela a frente vivia fechada, eu não queria nem imaginar o que tinha lá dentro.

Todos os dias no mesmo horário começava o barulho, era uma arrastação de coisa, uma quebradeira que eu já me preparava para o momento, o de hoje seria daqui a alguns minutos e eu por algum motivo estava mais curioso do que o habitual pra saber o que acontecia lá. Resolvi escutar o conselho da minha mãe e tentar fazer amizade com a garota estranha que tinha minha idade.

Fechei a porta atrás de mim e fui com uma bola até a casa vizinha, antes de bater eu escutei alguns gritos lá dentro, me assustei na hora, eu já não gostava de lá, se soubesse que haviam assassinatos ai é que não entrava mesmo. Esperei um pouco e tudo voltou a ficar em silêncio, quando ia bater na porta novamente um barulho, dessa vez acho que era a porta do fundo sendo batida com força seguida por um choro.

Como a curiosidade sempre falou mais alto, abri a portinha que levava ao quintal e andei silenciosamente ate lá, eu não sei bem o que esperava ver mas acho que me surpreendi ao ver uma garota chorando descontroladamente em cima de um balanço. Se eu fiquei com pena? É claro que fiquei. A garota não ouviu eu me aproximar, estava ocupada demais falando sozinha o quanto odiava tudo na vida, e na minha opinião ela era jovem demais pra ter essa visão.

_Acho que falar sozinha não é uma coisa muito comum, -falei assim que cheguei mais perto- é coisa de gente louca.

Ela quase caiu de susto, foi engraçado mas depois do olhar que ela me lançou eu tive medo ate da minha própria sombra.

_Acho que você não deveria invadir casas para chamar as pessoas de loucas, -ela se levantou brava- isso sim é coisa de gente louca!

OK, eu esperava encontrar uma garota louca, mas uma garota louca e brava já era demais pra minha boa vontade.

_Não quis te onfender, nem te chamar de louca -me defendi- apenas falei o que eu acho.

_Legal, ninguém aqui quer saber o que você acha! -ela sorriu rapidamente antes de fechar a cara

_Desculpa então, -falei voltando a ficar em silêncio, a garota fez o mesmo

Ela era diferente do que eu imaginava, completamente diferente. Eu pensei que ela era como a mãe e a irmã, tivesse os cabelos na cor mel lisos, pele clara e um sorriso gentil estampado no rosto, mas não, ela era diferente, tinha os cabelos mais pretos que já vi, eram um pouco abaixo dos ombros e cacheados nas pontas, tinha a pele morena e cá pra nós não tinha nada de simpática.

Um Simples Amigo, Um Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora