Anjos de Guerra

Capitulo 02: Pão, Circo e Demônios.

Nova Iorque, 13 de Abril de 1860:

"Senhoras e Senhores, o Grand Carnival de Londres está agora em Nova Iorque:

Espetáculos: Lygia a mulher barbada, Flati o contorcionista, os palhaços húngaros, Blane o Mágico, Conchita a rainha das CIGANAS, a GRANDE vidente Katherine e suas Mágicas encantadoras, Ollaf o homem mais forte do mundo, Ruppert e os animais selvagens.

Ingressos: 25 cents de dólar, local das apresentações: Central Park."

_Muito bem pessoal! Mais dez cartazes desse e poderemos retornar! Katherine, você também pode retornar...

_Oh, sim_ Katherine parecia exausta, olhos cansados e as mãos tremulas_ me desculpe Virginia!_ exclamou com um sorriso no rosto_ eu ainda estou péssima da viagem.

_Eu entendo minha criança, estamos a mais de dois anos na América e você... bem, você deve sentir falta de Londres. Você e Conchita devem sentir muita falta de lá.

_Eu sim, Conchita detesta a menor possibilidade de voltar, ela recorda o incidente com...

_Os olhos_ Virginia interrompeu Katherine e tomou os panfletos de sua mão_ sim eu sei.

Após as árduas horas de trabalho Kathy chegou exausta ao acampamento, a grande tenda onde as refeições eram servidas estava cheia de pessoas, todos os funcionários do circo, desde faxineiros até as atrações principais, algumas se destacavam mais do que as outras, Bernardette, a mulher gorda, fazia alguns de seus truques com os peitos "Que horror" pensou Katherine enquanto observava, de longe a mulher segurando toda aquela protuberância com as mãos. Os risos e a alegria da trupe foram abafados por gritos que vinham do trailer de Constance, Katherine sabia exatamente do que se tratava e em alguns segundos mais de vinte pessoas estavam em volta do lugar observando a cena.

_Suma seu imprestável! Há dias eu estou reclamando sobre essa... Esse nojo de comida_ Constance segurava um prato de sopa e parecia demasiadamente irritada_ não somos animais!_ Gritava Conchita_ Alias, eu não sou um animal para comer essa maldita ração! Anda logo seu inútil, saia já daqui e me traga algo decente, algo que mereça receber o nome de comida!

_si... sim milady, agora mesmo!

_é incrível_ Katherine dava risadas altas e batia palmas com um tom de ironia_ Conchita, não estamos mais em Londres, você não está mais cercada de regalias e serviçais, comemos o que nos servem, vestimos o que conseguimos comprar, não se esqueça.

_Sua falta de amor próprio me da náuseas, no entanto desde que chegamos à América isso tem sido bem divertido, ver você se rebaixando como um porco ou sei lá o que, mas sente-se_ Conchita sentou-se em uma cadeira ao lado de sua cama, suas roupas extravagante só eram ofuscadas por seus grandes óculos escuros. Logo que se sentou tentou se levantar, mas ao falsear os pés resolveu que não deveria se mover sem ajuda_ pegue minha bengala!_ ordenou Constance com o típico ar de arrogância que lhe era natural.

_E onde ela está?

_ Ouvir isso de você é um tanto quanto, bem, humilhante_ enquanto falava seu tom se tornou irônico e então retirou os óculos.

_Conchita me, me perdoe eu não quis... bem eu havia esquecido.

_Não tem um dia sequer que eu passe sem lembrar.

_Se eu pudesse voltar no tempo eu...

_Você continuaria sendo a mesma mosca morta! Quantas vezes eu vou ter que lhe dizer que essa foi minha escolha, erros acontecem, o que houve aquele dia foi apenas uma escolha, uma má escolha. Mas precisamos realmente falar algo mais sério!