Ela sempre volta

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notas do autor:  as partes em itálico são flashbacks.

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Ela sempre volta todas as 13 vezes...

Eu acho que é assim que vocês mostram o seu amor.

(Kai PARKER - 6X3)

Damon

Eu não sei como um objeto podia atravessar uma dimensão diferente e chegar até aqui. No entanto isso não importava tudo o que eu queria era poder reviver memórias que eu havia deixado lá. Momentos que me levaram para outras tantas memórias passadas naquele lugar e que mexia comigo de uma forma tão avassaladora. Lembranças que ficaram registradas somente em minha mente, sendo parte delas divididas com a câmera de Stefan.

Quatro meses vivendo com Bonnie Bennett, a bruxinha irritante com suas manias e seu cheiro de jasmim. Nossa rotina era quase sempre os mesmos. De manhã eu tinha as panquecas de vampiro, meu Bourbon, e o jornal que eu fingia ler porque a pequena bruxa me tirava a atenção, enquanto ela fazia suas palavras cruzadas, bebia seu café e comia desgostosamente minhas panquecas.

Apesar de achar que no fundo... Bonnie gostava delas, mas por orgulho sempre as desdenhava.

"Droga! São 15 letras, mas eu nunca consigo descobrir." Ela resmungava sobre a palavra cruzada indecifrável.

"Eu acho que a falta de poderes mágicos afetaram seu cérebro." Eu dizia dando meu sorriso torto habitual a fazendo revirar os olhos, daquele jeito Bonnie de ser.

Após o café da manhã, seguíamos para nossas atividades corriqueiras e naquele dia em especial, ELA decidiu relaxar e passar apenas assistindo TV, enquanto eu preferi a companhia de meu bom uísque e meu vídeo diário até me sentir entediado e me juntar a bruxa. Na TV passava sempre os mesmos programas e, entre eles, os favoritos de Bonnie e que haviam marcado sua infância, onde incluía desde Família Dinossauro (com Baby e sua cabeça virando diabolicamente, numa sátira de "O exorcista" ou com sua fala irritante de "Não é a mamãe!"), até Os Simpson e alguns filmes antigos que até já tinha decorado as falas.

Óbvio, que a paz entre a gente não durava muito tempo, eu sempre tinha que provocá-la de alguma forma. Era como um Passa-Tempo pra mim.

"Bon Bon, eu acho que você precisa é de sexo. Quem sabe assim você para de suspirar a cada vez que o cara aparece. Por favor, isto tá me enjoando." Eu me referia ao cara com pinta de galã que aparecia rebolando e dançando ao som de "(I've Had) Time of my life" nas cenas finais de Dirty Dancing, fazendo Bonnie sempre sorrir boba e se arrepiar. Tudo por causa de um filme estúpido que ela já havia visto umas mil vezes.

"Ei, não me chame assim!" Ela diz irritada com o apelido. Eu fui me acostumando chama-la assim, mais por carinho do que pra irritá-la. Porém, ela não sabia disso. "Você tá com inveja porque Patrick Swayze é um príncipe lindo e sexy que dança como ninguém. Aliás, enjoada é a sua voz de velho ranzinza." Eu me lembro de sempre me sentir com o orgulho ferido por cada vez ser chamado de velho.

"Quantos anos você têm?" Digo ofendido. "Eu já falei sobre apelidos... Só eu posso dar." Ela ria de mim e continuava a me jogar pipoca me provocando.

A verdade é que no fundo eu gostava de irritá-la propositalmente, só pra não me sentir incomodado com o silencio quando pairava na sala ou da atenção toda que ela sempre dava a TV me ignorando. Ou talvez fosse a proximidade dela ao meu lado, ou das vezes que nossas mãos casualmente se tocavam fazendo sentir certa eletricidade percorrer meu corpo. Ou ainda por causa do seu cheiro e das curvas do seu corpo por trás das roupas coladas e curtas que Bonnie costumava usar fazendo minha mente se fixar nela, enquanto a bruxinha concentrada na TV nem percebia. O fato é que de uma forma de outra, eu não gostava dessa coisa que nos ligava e que eu nem sei se Bonnie percebia, o que me deixava ainda mais frustrado. Então, eu sempre causava essas pequenas brigas tolas, só pra quebrar o momento. Mas, não imaginava que terminaríamos caídos no chão com os corpos colados sobre o outro.

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