Maia
Acordo com o barulho do avião. Pego meu celular e vejo que já são duas horas da manhã. Nossa, não acredito que dormi tanto assim! Olho pela janela e percebo que ainda não chegamos em Londres. Me distraio um pouco com um desenho, e Austin faz o mesmo.
— Espero que não tenha que dividir o quarto com a maria-louca. - Comento, ficando emburrada apenas com a hipótese.
— Não vai. A casa terá quatro quartos.
— Ótimo. - Suspiro, aliviada. Pego meu celular novamente e fico mexendo para passar o tempo.
Quando enfim chegamos, nos deparamos com um motorista a nossa espera, que nosso pai contratou. Ele pega nossas malas e Austin o ajuda, porque são muitas. Entramos no carro e peço para que ele nos leve primeiramente a uma lanchonete, porque estou morrendo de fome. Enquanto ele dirige, observo tudo pela janela.
Há poucas pessoas nas ruas e nenhum lixo. A grama é incrivelmente verde, e as flores bem coloridas. As casas também são diferentes, não tem muros, apenas cercas. É tudo tão lindo! Mesmo assim, sentirei falta de Laura e Beatriz, minhas melhores amigas. Ah, e com certeza vou sentir falta de Bernardo. Gosto dele desde sempre, mas nunca tive coragem de me declarar. E agora, não sei como vai ser, já que estou a quilômetros de distância dele.
Saio de meus desvaneios quando meu celular começou a tocar "Burn" da Ellie Golding, com uma chamada de minja amiga, Laura.
— Eu tenho uma super novidade, mas preciso falar logo porque estou com um porcento de bateria!
— O que é? - Pergunto, curiosa.
— É sobre o Bernardo! Falei para ele que você foi para Londres e ele me disse que...
A ligação é encerrada.
Gemo de frustração, me controlando para não gritar. Que merda! Será que o celular de Laura não podia ter esperado pelo menos dez segundos? Rôo as unhas, imaginando o que Laura iria dizer.
— Tudo bem? - Austin me pergunta, olhando-me de esguelha.
— Sim, claro. Só estou ansiosa para chegarmos logo, estou faminta. - Minto.
— Estamos quase lá. - O motorista responde.
***
— Então... João, você é do Brasil? - Pergunto, dando uma mordida em meu hambúrguer.
— Eu sou um dos seguranças da sua casa, senhorita. - Ele responde.
— Desculpe a minha irmã, ela não presta muita atenção nos funcionários. - Austin desculpa-se por mim.
— Isso não é verdade! - Protesto.
— Você só presta atenção na Joana. - Austin revira os olhos.
— Fui contratado há pouco tempo. - Revela João.
— Ah. - Respondo, e logo em seguida tomo um pouco de Coca.
— Vou pagar à conta, com licença. - Diz João, levantando-se.
— Espera cara, deixa que eu pago. - Meu irmão insiste, indo ele mesmo pagar.
— João, a nossa casa é perto do Shopping?
— Hum... Não é tão longe assim, só dez quadras até chegar lá.
— Obrigada pela informação. - Sorrio.
— De nada.
— E aí, vamos? - Austin fala quando volta.
— Vamos. - Eu e João respondemos juntos.
A casa onde vamos morar é enorme, com dois amdares toda pintada de branco e creme. Em sua varanda há um banco-balanço de madeira, e a grama em frente a casa é bem verdinha. Há também uma árvore enorme ao lado da casa, e dá até para fazer um piquenique de baixo dela.
— O que você colocou em suas malas? Chumbo? - Perguntou João, brincando, enquanto tira minha bagagem do porta-malas.
— Só o necessário. - Sorrio amarelo.
— Você quis dizer o desnecessário. - Meu irmão bufa, ajudando João. Não ligo, apenas doi de ombros.
Depois de tirarem minhas malas, João vai embora, deixando o carro para Austin, que por acaso é uma Langer Rover SV. Agora, eu estou organizando minhas roupas no meu closet, em ordem de cores, tamanhos e estampas.
— Então a patricinha já chegou? - Ouço uma voz desagradável. Viro a cabeça, e me deparo com a maria-louca na porta de meu quarto. Reviro os olhos e suspiro fundo.
— O que você quer, maria-louca? - Pergunto, dando um sorrisinho cínico.
— Do que você me chamou, garota? - Ela fecha a cara.
— Eu acho que você não é surda, então deve ter escutado muito bem. - Sorrio falsamente. Ela faz uma careta e aponta para sua própria blusa, que está escrito, "Vá à merda", se retirando logo em seguida. Trinco os dentes e termino de arrumar meu closet.
Depoi, vou tomar banho em meu banheiro, agradecendo mentalmente a Deus por não precisar dividi-lo. Tiro minha roupa, entro no box, ligo o chuveiro e estendo a mão, constatando que a água está gelada. Ajusto para a mesma ficar quentinha e só então entro debaixo dela. Fecho os olhos, relaxando enquanto a água cai sobre meu corpo necessitado de um banho. Quando abro as pálpebras novamente, me deparo com um de meus piores pesadelos descendo pelo box.
— AAAA! - Grito apavorada, vendo a coisa rastejante e nojenta bem ali. Abro o box, puxo minha toalha rapidamente e me enrolo. Então, volto a gritar.
De repente e para minha sorte, Austin, seu amigo e a irmã dele aparecem, de olhos arregalados.
— O que foi? - Meu irmão pergunta, em estado de alerta.
Aponto para a coisa rastejante e a maria-louca sorri, parecendo aliviada.
— Luly! - Exclama, com reconhecimento. Em seguida, vai em direção a cobra e a pega nos braços. — Não sume assim de novo, garota. Quase que eu morria de tanta preocupação.
— Luly? Você tem uma cobra de estimação?! - Grito, em choque e alterada.
— Sim, e ela não faz mal a ninguém. - Responde, acariciando o animal.
— Não faz mal a ninguém? Ela é um monstro! - Rebato, agitada.
— Os únicos monstros que existem são as próprias pessoas. - Dito isso, ela sai com o monstro/cobra/luly nos braços e seu irmão a segue.
— Você está bem? - Austin me pergunta, aproximando-se.
Assinto devagar. Ele me abraça e beija minha cabeça, parecendo preocupado. Depois, vai para seu próprio quarto.
Termino de fazer minhas higienes e vou colocar meu pijama. Logo depois, me deito em minha cama de casal extremamente macia. Amanhã é o primeiro dia de aula em minha escola de artes, a mesma de meu irmão. Encontrarei com pessoas desconhecidas, e tenho que estar preparada. Então, a única coisa que pretendo fazer agora é ter o meu precioso sono de beleza.
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Literalmente Apaixonados [SEM REVISÃO]
De TodoAustin e Luke são melhores amigos que sempre sonharam em entrar na Academy of Art da Vinci, em Londres, após o ensino médio. Agora, tendo concluído a escola, eles podem realizar seu sonho. Porém, seus pais lhe dão uma condição: eles terão que levar...