Capítulo 2

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Maia

Acordo com o barulho do avião. Pego meu celular e vejo que já são duas horas da manhã. Nossa, não acredito que dormi tanto assim! Olho pela janela e percebo que ainda não chegamos em Londres. Me distraio um pouco com um desenho, e Austin faz o mesmo.

— Espero que não tenha que dividir o quarto com a maria-louca. - Comento, ficando emburrada apenas com a hipótese.

— Não vai. A casa terá quatro quartos.

— Ótimo. - Suspiro, aliviada. Pego meu celular novamente e fico mexendo para passar o tempo.

Quando enfim chegamos, nos deparamos com um motorista a nossa espera, que nosso pai contratou. Ele pega nossas malas e Austin o ajuda, porque são muitas. Entramos no carro e peço para que ele nos leve primeiramente a uma lanchonete, porque estou morrendo de fome. Enquanto ele dirige, observo tudo pela janela.

Há poucas pessoas nas ruas e nenhum lixo. A grama é incrivelmente verde, e as flores bem coloridas. As casas também são diferentes, não tem muros, apenas cercas. É tudo tão lindo! Mesmo assim, sentirei falta de Laura e Beatriz, minhas melhores amigas. Ah, e com certeza vou sentir falta de Bernardo. Gosto dele desde sempre, mas nunca tive coragem de me declarar. E agora, não sei como vai ser, já que estou a quilômetros de distância dele.

Saio de meus desvaneios quando meu celular começou a tocar "Burn" da Ellie Golding, com uma chamada de minja amiga, Laura.

— Eu tenho uma super novidade, mas preciso falar logo porque estou com um porcento de bateria!

— O que é? - Pergunto, curiosa.

— É sobre o Bernardo! Falei para ele que você foi para Londres e ele me disse que...

A ligação é encerrada.

Gemo de frustração, me controlando para não gritar. Que merda! Será que o celular de Laura não podia ter esperado pelo menos dez segundos? Rôo as unhas, imaginando o que Laura iria dizer.

— Tudo bem? - Austin me pergunta, olhando-me de esguelha.

— Sim, claro. Só estou ansiosa para chegarmos logo, estou faminta. - Minto.

— Estamos quase lá. - O motorista responde.

                                   ***

— Então... João, você é do Brasil? - Pergunto, dando uma mordida em meu hambúrguer.

— Eu sou um dos seguranças da sua casa, senhorita. - Ele responde.

— Desculpe a minha irmã, ela não presta muita atenção nos funcionários. - Austin desculpa-se por mim.

— Isso não é verdade! - Protesto.

— Você só presta atenção na Joana. - Austin revira os olhos.

— Fui contratado há pouco tempo. - Revela João.

— Ah. - Respondo, e logo em seguida tomo um pouco de Coca.

— Vou pagar à conta, com licença. - Diz João, levantando-se.

— Espera cara, deixa que eu pago. - Meu irmão insiste, indo ele mesmo pagar.

— João, a nossa casa é perto do Shopping?

— Hum... Não é tão longe assim, só dez quadras até chegar lá.

— Obrigada pela informação. - Sorrio.

— De nada.

— E aí, vamos? - Austin fala quando volta.

— Vamos. - Eu e João respondemos juntos.

A casa onde vamos morar é enorme, com dois amdares toda  pintada de branco e creme. Em sua varanda há um banco-balanço de madeira, e a grama em frente a casa é bem verdinha. Há também uma árvore enorme ao lado da casa, e dá até para fazer um piquenique de baixo dela.

— O que você colocou em suas malas? Chumbo? - Perguntou João, brincando, enquanto tira minha bagagem do porta-malas.

— Só o necessário. - Sorrio amarelo.

— Você quis dizer o desnecessário. - Meu irmão bufa, ajudando João. Não ligo, apenas doi de ombros.

Depois de tirarem minhas malas, João vai embora, deixando o carro para Austin, que por acaso é uma Langer Rover SV. Agora, eu estou organizando minhas roupas no meu closet, em ordem de cores, tamanhos e estampas.

— Então a patricinha já chegou? - Ouço uma voz desagradável. Viro a cabeça, e me deparo com a maria-louca na porta de meu quarto. Reviro os olhos e suspiro fundo.

— O que você quer, maria-louca? - Pergunto, dando um sorrisinho cínico.

— Do que você me chamou, garota? - Ela fecha a cara.

— Eu acho que você não é surda, então deve ter escutado muito bem. - Sorrio falsamente. Ela faz uma careta e aponta para sua própria blusa, que está escrito, "Vá à merda", se retirando logo em seguida. Trinco os dentes e termino de arrumar meu closet.

Depoi, vou tomar banho em meu banheiro, agradecendo mentalmente a Deus por não precisar dividi-lo. Tiro minha roupa, entro no box, ligo o chuveiro e estendo a mão, constatando que a água está gelada. Ajusto para a mesma ficar quentinha e só então entro debaixo dela. Fecho os olhos, relaxando  enquanto a água cai sobre meu corpo necessitado de um banho. Quando abro as pálpebras novamente, me deparo com um de meus piores pesadelos descendo pelo box.

— AAAA! - Grito apavorada, vendo a coisa rastejante e nojenta bem ali. Abro o box, puxo minha toalha rapidamente e me enrolo. Então, volto a gritar.

De repente e para minha sorte, Austin, seu amigo e a irmã dele aparecem, de olhos arregalados.

— O que foi? - Meu irmão pergunta, em estado de alerta.

Aponto para a coisa rastejante e a maria-louca sorri, parecendo aliviada.

— Luly! - Exclama, com reconhecimento. Em seguida, vai em direção a cobra e a pega nos braços. — Não sume assim de novo, garota. Quase que eu morria de tanta preocupação.

— Luly? Você tem uma cobra de estimação?! - Grito, em choque e alterada.

— Sim, e ela não faz mal a ninguém. - Responde, acariciando o animal.

— Não faz mal a ninguém? Ela é um monstro! - Rebato, agitada.

— Os únicos monstros que existem são as próprias pessoas. - Dito isso, ela sai com o monstro/cobra/luly nos braços e seu irmão a segue.

— Você está bem? - Austin me pergunta, aproximando-se.

Assinto devagar. Ele me abraça e beija minha cabeça, parecendo preocupado. Depois, vai para seu próprio quarto.

Termino de fazer minhas higienes e vou colocar meu pijama. Logo depois, me deito em minha cama de casal extremamente macia. Amanhã é o primeiro dia de aula em minha escola de artes, a mesma de meu irmão. Encontrarei com pessoas desconhecidas, e tenho que estar preparada. Então, a única coisa que pretendo fazer agora é ter o meu precioso sono de beleza.

Literalmente Apaixonados [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora