Bip, bip, bip
Acordo.
Bolas! Estou no hospital...do meu avô. O meu pai já deve saber de tudo.
Só me lembro que vomitei em cima da Taty e depois uma imagem escura percorre o meu inconsciente.
Fiz asneira. Vou ficar de castigo durante séculos... Nunca deveria ter saído de casa...
A porta abre-se e entra o meu avô e o meu pai. Vinham com cara de caso, parecia que tinham estado a discutir.
- Ohhh filha - diz o meu pai emocionado abraçando-me - Fico feliz que estejas bem.
- O que me aconteceu?
- Desmaiaste na discoteca. Chamaram logo a ambulância.
- Depressa ficarás bem. - disse o meu avô - No entanto, gostaria que ficasses no hospital mais um tempo. Por pouco não ficaste em coma alcoólico.
- Não!! Já falámos sobre isso, pai. Ela vai para casa mal melhore.
Notei um ambiente intenso entre o meu pai e o meu avô.
- Que se passa? - perguntei.
O meu pai coloca a mão na testa.
- No hospital há um programa para integrar os doentes da ala da psiquiatria. Como não tens nada grave, aliás, foi mais uma noite de diversão que poderia ter corrido mal para o teu lado, eu acho, se bem que o teu pai discorda completamente, que deverias ajudar uma pessoa a integrar-se na sociedade. Conhecerás uma pessoa nova, com um estilo de vida diferente do teu.
- Mas eu não deixo e por isso não irá participar nisso. - resmunga o meu pai.
- Não te esqueças que foste tu que tiveste a ideia de o criar. E não lhe fará mal nenhum. Só tem que passar umas horas por semana com o paciente, para o tentar livrar do vício e incluí-lo na sociedade.
O meu pai amuou. Na realidade eu já sabia da existência daquele programa. Foi criado logo após da ex namorada do meu pai falecer, ou seja, a mãe da Tatiana. Não que se fale muito do assunto lá em casa, visto que é um pouco tabu, mas todos nós sabemos da história. Morreu com uma doença sexualmente transmissível, no entanto era boa pessoa e adorava a filha. Por amor a esta e respeito à Xana, o meu pai criou o programa: Dá outro Rumo à tua Vida. Todos os pacientes que se candidatem a este programa têm de ser viciados em algo ou terem uma "lacuna" na sua vida, ou seja, toxicodependentes ou com traumas psicológicos poderão ser admitidos.
O contacto com os outros pacientes faz parte de uma fase da cura. Ambos partilham as suas histórias de vida e o objetivo é que se tornem amigos.
- Porque tens medo, pai?
- Simplesmente acho que ainda és nova. São pessoas que vieram da miséria. Eles têm uma história de vida horrível. E, como ainda és um pouco imatura, tenho receio que te deixes influenciar.
- Tens de deixar de ser tão protetor. A rapariga já não tem cinco anos. Além do mais, podes sempre acompanhá-la. Os encontros só podem acontecer dentro do hospital. E aqui toda a gente a conhece e respeita-te. Não tens nada a temer. - alertou o meu avô.
- Pronto, por mim pode ir. A Diana também tem um pouco de receio, por isso irás encontrar-te na sala de convívio. Assim consigo ter-vos debaixo de olho.
Sinceramente estava um pouco receosa, mas iria fazer-me bem.
- SURPRESA!!!!
- ANA! DIOGUINHO!!! - gritei entusiasmada - Estou tão feliz por vos ver.
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Desejos do Coração
RomanceContinuação de Fragilidades do Coração *-* Convém ler a obra anterior antes de iniciar a leitura desta ;)