Amor, co a esperança perdida (1595 - soneto 083)

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083

Amor, co a esperança já perdida,
teu soberano templo visitei;
por sinal do naufrágio que passei,
Em um lugar dos vestidos, pus a vida.

Que queres mais de mim, que destruída
me tens a glória toda que alcancei ?
Não cuideis de forçar me, que não sei
tornar a entrada onde não há saída.

Vês aqui alma, vida e esperança,
despojos doces de meu bem passado,
enquanto quis aquela que eu adoro:

nelas podes tomar de mim vingança;
E se ainda não estás de mim vingado,
contenta te com as lágrimas que choro.

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