Capitulo 2 - A mudança

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Ao chegar lá girei calmamente a chave no portão e suspirei, entrei em casa e para minha surpresa ele não estava lá, me felicitei por um simples momento enquanto me dirigia ao banheiro para me banhar, enquanto sentia agua morna caindo intensamente em meu corpo, ouvi um barulho vindo do portão e quando eu menos notava ele chegou abrindo a porta do banheiro com uma garrafa de cerveja quebrada na mão, eu me desesperei no momento e comecei a gritar implorando socorro, mas esse socorro não chegou, ele me empurrou na parede me esmurrando e gritando comigo, falando que não era para eu ter nascido, e que não tinha razão a minha existência, a única reação que eu pude ter foi o choro e o desespero, não podia reagir eu era frágil e inocente e uma criança apenas.

Em um último ato de agressão ele jogou minha cabeça contra parede que simultaneamente começou a sangrar, o inesperado foi que no momento ele não se importou no que iria ocorrer quando acabasse mas ao ver minha cabeça sangrando ele correu atrás de gelo, logo pensei "ele me agride mas não quer deixar vestígios disso para minha mãe não largar dele", ele passava desesperadamente o gelo em minha cabeça esperando algum resultado e para a sorte dele houve melhora e não estava tão exposta a ferida. Ele saiu de casa e foi direto ao bar enquanto me dobrava de dor no canto do banheiro chorando e gritando desesperadamente.

Diante disso eu passei a ter mais medo do mundo, eu não era mais aquela criança alegre e bem humorada de sempre e passei a ser quieto e triste, daquele tipo de criança que se isola no recreio para chorar não querendo que ninguém a veja, diante dessas minhas notas também foram decaindo e meu convívio com meus colegas foi se tornando difícil, todos queriam entender o motivo de tanta tristeza guardada, mas o medo e a insegurança não me permitiam contar, a minha mãe tão ingênua, se sentia tão feliz próxima a ele que passara a não notar muito a minha existência e me deixará de lado na maioria das vezes pensando que isso que eu estava passando era só uma fase e que eu iria evoluir a partir disso "mal ela sabia que eu estava sendo vitima da agressão infantil"

O tempo ia passando e as agressões se tornavam constantes, era todos os dias, eu não sabia que a bebida tornaria alguém nesse nível, só restava medo e insegurança dentro de mim e uma tristeza que nunca havia fim. No dia 26 de fevereiro de 2011 nós fomos ao zoológico que havia próximo a cidade e ao chegar lá minha mãe tentara várias vezes me animar, mas todas as tentativas eram em vão, eu me esforçava ao máximo tentar agrada-la e transmitir um pouco de felicidade, mas na presença de meu padrasto não havia como, era como se eu tentasse sorrir eu fosse agredido, e então eu decidi dizer a ela que iria ver as aves e a disse para não se preocupar.

Ao chegar no habitat dos pinguins observava como eles eram felizes e unidos, como uma família de verdade, o filhote não tinha sido abandonado pelo pai e ele não tinha um padrasto que o agredia diariamente e a mãe dele não deixava de demonstrar afeto e carinho por ele, mesmo sendo animais irracionais sabiam o que era amor.

Decidimos ir embora cedo, pois mesmo tendo todo o entretenimento dos animais não havia aquele sentimento de família unida se divertindo em um passeio. Ao chegar em casa minha mãe me chamou para conversar querendo saber o que ocorria comigo, dizendo que não era normal uma criança tão feliz se tornar triste do dia pra noite e eu nada dizia apenas chorava, ainda tinha aquele certo medo, aquela ameaça que ele me deu não saia de minha mente, mas mesmo assim eu tive que contar algo se não ela não iria se aquietar, resolvi optar em dizer estava com saudade de meu pai e achava estranho o fato de muitas crianças terem sido criadas pelo pai e eu ter demorado 10 anos para ter um, perguntei para ela qual era o meu problema e porque eu era diferente e ela respondeu em lágrimas que não tinha como eu viver com meu pai, não havia sido ele que me abandonou, mas sim ela que tinha se afastado dele pelo motivo de ele já ser casado e ela ter cometido o grande erro de ter um filho com um homem casado e que ele não tinha condições de me sustentar e por esse motivo ela decidiu me criar sozinha, eu neste exato momento cai em lágrimas e a abracei, após disso fui me deitar e optei por não argumentar mais.




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