-Capítulo 02- Dario Walcert-

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Bosques Rubros. Na divisa das terras dos Nomn e as terras do Vau Vertente.

As ruínas do que era um forte de pedras negras e madeira se amontoavam junto do que parecia ser os antigos pertences e os cadáveres de seus donos. O sangue e tripas mal cheiravam, já haviam algumas semanas que o ataque havia ocorrido.

Dario avançou, com a mão no punho da espada, os olhos estavam alertas, o local era assustadoramente silencioso, apenas os homens que o acompanhavam emitiam algum tipo de som. A companhia tinha um total de catorze homens armados e preparados para quaisquer coisa. Mas ali haviam apenas onze, os outros três ficaram a cerca de trinta minutos dali, tomando conta dos cavalos e apostos para a chegada de estranhos.

Sir Alaster Krackenfall era o comandante da operação, um homem de baixa estatura e cabeça raspada. Dentre os homens ali, sir Forrest Axelsson, os cavaleiros da guarda tempestuosa, Severus Waterson, Damon Hillias, Trevor de Qierv e o lorde Johan Silverstorm. Além de homens de nomes pequenos, Ivan, que foi adotado pelo lorde Silverstorm quando ainda era criança, Sebastian Passo Largo, apelido que conseguiu pelo andar engraçado. Hollen, Nestor e Ludmir, amigos inseparáveis. Sir Dario Walcert vinha um pouco mais atrás, silencioso, com a mão pousada no punho da espada à cintura. Os olhos castanhos analisavam tudo a sua volta. A destruição era iminente.

Não era apenas o antigo forte que havia sido destruído, haviam cerca de quinze outras construções, talvez fossem cabanas. Sua mente congelou por um segundo, e ele olhou para trás, à poucos passos dele haviam marcas no chão queimado. Ali, certamente, havia um grande muro, as toras de madeira foram enterradas a alguns metros no chão, tornando-o mais resistente. Porém não foi tão resistente ao que lhes atacou. Haviam pessoas vivendo ali, e agora não restara nada além de seus corpos. Tudo o que foi possível roubar foi roubado, os estoques de alimento que não foram destruídos pelo fogo, certamente prata, cobre, ouro e aço. Até mesmo madeira, como a dos portões.

-Hei!!- gritou Trevor, ajoelhado nos escombros de uma construção menor.

Por entre a madeira queimada e o barro, surgiu um rosto, um homem abatido, coberto pelo sangue e sujeira. Ele tinha a expressão de medo nos olhos, abria a boca porém não dizia nada. Rapidamente, eles começaram a retirar os escombros de cima dele. Talvez haja outras pessoas vivas. Pensou Dario, enquanto erguia um grande pedaço de madeira.

Do alto, de repente, puderam ouvir o grasnido de uma águia, que foi seguido por outros. Os homens ergueram suas cabeças e viram, pasmos, um grupo de águias. Mas não eram pequenas, dali elas eram enormes.

-Se escondam, rápido- disse sir Alaster Krackenfall.

Alguns dos homens hesitaram em se esconder e deixar o homem ali, agonizando para sair do escombros. Mas tiveram de fazê-lo.

As suas costas, eles ouviram o som dos cascos de cavalos se aproximando pela floresta. Eles tinham companhia. Eram homens, em armaduras negras e velhas, elmos tortos e que tapavam-lhe apenas os olhos, deixando amostra a boca e queixo. As armas, porém, eram bem forjadas e conservadas, Dario viu o brilho das lâminas das grandes espadas enquanto cavalgavam, aproximando-se de onde estavam a pouco.

Foi quando o inacreditável ocorreu, as "águias" sobrevoaram e desceram ao chão, mostrando possuir quatro patas grandes, com garras que cravaram no chão queimado, caudas como as de um leão. Não eram águias, eram grifos enormes, a cabeça de águia olhava ao redor, tentando encontrar algo, ou alguém.

Nestor, temeroso, recuou alguns passos, adentrando mais ainda para a mata. Estavam todos atrás de alguns escombros, perto das árvores, onde era mais seguro. Um deles abriu a boca, porém o medo tomou-lhe a fala.

Outros sete grifos foram para o chão, todos montados. Um cavaleiro que estava no grifo mais a direita falou algo em um tipo de linguagem rude. Os homens, começaram a descer. Foi quando um deles falou no idioma comum.

Aço e Sangue Vol.01Onde histórias criam vida. Descubra agora