-Capítulo 27- Sibila Tarr-

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A imagem é uma referência à lorde Thorbjorn Tarr

A tempestade está chegando.

Aquela frase ecoava em sua cabeça.

Fiodor contara-lhes a história enquanto comiam um pouco. Edd estava faminto, para um homem daquele tamanho uma mesa farta era um lanche qualquer.

A história já esqueceu quando, certamente aquilo havia acontecido, em que Reino ou os reis que governavam quando o termo passou a ser usado.

Em um castelo, onde um rei governava seu pequeno reino, foi onde tudo aconteceu. Ele tinha uma rainha, seis filhos e a filha. Um dia a princesa foi vista com um homem em sua cama. O rei, furioso, ordenou que o homem fosse preso.

Por nove meses ele ficou preso, ganhando torturas diariamente. Quando seu filho nasceu, ele foi solto, o rei ainda furioso, ordenou que o homem fosse julgado por ter tirado a honra de sua filha. O homem, que era um bom espadachim e versado em magia, preferiu um julgamento por combate. O rei, que se sentiu ultrajado, concordou, porém o homem teria de lutar por si só, contra seus filhos. Se ele sobrevivesse, ele e a princesa se casariam, seu filho seria legitimado herdeiro de seu reino e ambos viveriam no castelo.

A luta foi longa, o homem conseguiu se defender, usando de todas as habilidades que possuía, conjurando magias e fazendo a espada cortar o ar. Um dos filhos do rei, no entanto, pereceu por conta de uma magia forte. O rei, furioso, ordenou que todos os seus cavaleiros executasse o homem.

Ele foi golpeado severas vezes, além de ter sido queimado por um archote. Ferido e à beira da morte, o homem foi obrigado a ver outra demonstração do rei.

Por ter perdido, seu filho foi executado à sua frente. A princesa chorou sobre o corpo de seu filho. Suas lágrimas caíram como uma tempestade. E, quando suas lágrimas cessaram, tomada pela tristeza, se matou com um punhal.

O homem foi amarrado em um cavalo moribundo, levado para fora do reino e deixado para morrer. Não se sabe o que houve com o homem, mas o cavalo caminhou o máximo que pôde para o sul. Há deuses e demônios nas terras do sul. E lá um deles atendeu às preces do homem. Ele não morreu. Seus poderes, antes tão pequenos, se tornaram perigosos, grandes. Ainda no sul, ele foi acolhido pelos orcs. E o prometeram vingança.

A história diz que o castelo daquele rei caiu durante uma noite de tempestade. Não houve sobreviventes. Os corpos do rei e de seus filhos enfeitaram o que sobrou das torres e muralhas. O reino se desfez e suas terras se tornaram amaldiçoadas a partir daquele dia.

Muitos viajantes dizem que é possível ouvir o choro de um homem por entre os destroços do castelo.

Está registrado também que, após tais acontecimentos, houveram grandes tempestades durante ataques de orcs. Além de estranhos fatos ao longo das batalhas.

Após a investida de Vlarr, as tempestades persistiram por seis dias. Não apenas no sul, mas no norte também, prejudicando a navegação ao longo de grande parte da costa de Andor.

Lendas e registros antigos relatam um perigo maior ainda durante os ataques de orcs. Algo espreita por entre as sombras. Sorrateiro, algo ou alguém está sempre lá, enlouquecendo as mentes dos homens, sussurrando palavras negras, amaldiçoando terras, fazendo com que homens leais se virem contra seus senhores. Usando magia negra para tornar os orcs mais poderosos, suas criaturas mais velozes, suas armas mais fatais e armaduras impenetráveis.

O que sobrou daquele homem cujo nome a história já se esqueceu ainda vive, dizem, procurando vingança, seja de qualquer um ou de qualquer coisa.

Quando Fiodor terminou a história até mesmo Edd tinha sua total atenção para as palavras.

A comida se tornou indigesta, e a mente de Sibila fervilhava de questionamentos.

Eles preferiram deixar o castelo. Em uma pequena bolsa haviam cartas escritas pela própria rainha, seladas com o brasão de sua casa. Cartas para os anões, que a bons meses se isolaram de todos, para os senhores nas cidades livres, para os elfos e reinos nortenhos. Toda ajuda era bem-vinda e, se as histórias de Fiodor eram verdadeiras... Era melhor não pensar naquela possibilidade.

Atravessaram a pequena vila de volta às Irmãs e, às pressas, arrumaram o necessário para partir. No celeiro Sibila notou a presença de cavalos diferentes, em especial um deles, um garanhão negro.

-Recebemos visitas? -ela perguntou ao pequeno cavalariço.

Antes que a criança pudesse responder, mestre Welling chamou-lhe do alto de sua torre.

-Alguém muito especial, minha cara- ele disse ao vento, sorrindo.

Seu coração saltou. Era verdade?

-Onde ele está? -ela perguntou, ansiosa.

Mas o som de uma trombeta cortou sua voz. Um homem nas ameias gritou:

-Homens ao norte!

Sibila subiu até o homem que estava de guarda, Edd a seguiu. Eram milhares de homens a cavalo, um deles, liderando a frente, carregava uma bandeira branca, mas Sibila reconheceu o símbolo nos estandartes logo atrás. Uma hidra de cinco cabeças à atacar, movendo violentamente contra o vento forte.

Aço e Sangue Vol.01Onde histórias criam vida. Descubra agora