Capítulo 4

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Graças ao meu bom Deus, as aulas acabaram. Recebemos o manual do aluno assim como a diretora disse. Dizia que não podia usar aparelhos eletrônicos dentro da sala de aula, não pode entrar de chinelo, sandália ou percata, não pode entrar com calça rasgada ou colorida.

NÃO PODE, NÃO PODE, NÃO PODE!

Eu nunca leio aquele manual e então, joguei na mochila e fui beber um pouco de água. Estava morrendo de sede, pois não podia sair da sala no intervalo de uma aula para a outra. Só quando o professor chegasse que poderíamos sair. E olha que nem deixam, já que alguns não vão com a minha cara.

Caminhei por aquele corredor sozinha, vasculhando minha mochila em busca do meu celular. Perto do bebedouro, eu paro e bebo minha água. Acho meu celular e, ao levantar o rosto tomo um susto.

Ele estava me encarando.

Claro que ao tomar um susto, deixei meu celular cair e me abaixei para tentar montá-lo. Na verdade nem montei, fui pegando as peças e jogando em um dos bolsos na mochila.

-Por que não me contou?- pergunta assim que me levanto.

-Não sabia que era você.- respondo rapidamente.

-Ainda temos muita coisa para resolver, não acha?- pergunta com uma das sobrancelhas de pé.

-Olha Breno, eu não sou mais aquela menininha besta, mudei muito. Se você me provocar, espere o troco.- digo dando um passo, para ficar bem de frente para ele. -É guerra que você quer? É guerra que você vai ter.

-Vamos ver quem ri por último, Melissa.- ele dá mais um passo e fica bem perto de mim.

Eu não digo nada, apenas dou as costas para aquele imbecil chamado Breno.

-Ei, o que aconteceu? Comeu o bebedouro também?- Ammy pergunta e o Eddie ri.

-Não foi isso.- digo revirando os olhos e deixando escapar um sorriso.

-Ammy quer me levar para o lago. Tem um pacto para eu fazer com vocês.- Eddie diz.

-Pacto? Que pacto?

-Surpresa.- diz com um sorriso maléfico.

Quando vamos até o portão do colégio, vejo a Bella e o Breno conversando.

-Odeio aquela ruiva falsa.- Eddie diz. -E olha que esse é só o meu primeiro dia de aula!

-Eu já estou gostando de você, Eddie.

-Mas me diz, algum rolo entre você e aquele ali?

-Nunca fale isso.- dramatiza Ammy. -Ela pega a arma branca e atira em você!- diz com os olhos arregalados e eu rio.

-Vamos para o lago, lá eu explico melhor.

O lago era um lugar preferido. Era lá que eu e a Ammy íamos a maioria das vezes.

Tem uma rampa de madeira, onde as pessoas pegam impluso e pulam, mergulhando naquela água geladinha.

Dobramos nossas pernas e sentamos em círculo. No começo, niguém falou nada. Só se ouviu o som dos pássaros voando e do vento balançando as folhas das inumeras árvores daquele lugar. Eddie resolveu quebrar o silêncio:

-Belo lugar.

-Chamamos de Lago Amber.- disse Ammy.

-Por quê?

-Sei lá, achei esse nome bonito.

-E então...?

-Vou começar a contar primeiro o motivo de sermos inimigas do Breno. Foi a muito tempo atrás, tinhamos mais ou menos 4 e 5 anos. A gente foi numa na tarde na casa do Breno, onde seu tio estava na companhia do gato. Ele tinha pelo bem preto e olhos bem verdes. Ele começou a me encarar e pulou em cima de mim, peguei uma pedra grande e joguei no seu rosto. Ammy me ajudou, claro. No fim do dia, o gato apareceu morto e o tio do Breno perguntou quem foi. Botamos a culpa nele e, seu tio se foi sem saber que fomos nós que matamos seu apegado gato. Desde então, a guerra começou. Além dele passar a vida inteira me pertubando.

-Nossa. Mas o gato não tem 7 vidas?- rimos.

-Atiramos mais de 7 pedras meu bem, acredite.

-Depois disso, a terceira guerra mundial foi declarada.- Ammy disse. -Isso é passado. Vamos falar do pacto.

-Não gosto dessas coisas de pacto. Parece que estamos envolvendo o diabo.- ambos riem.

-Para provar que vai ser um de nós, vai ter que se lançar nesse lago. Falaram que ai tem muitas cobras.

-Sério? Eu vou passar mais dias com a Bella, meninas. Me acostumo já já.

-Eu já disse que gostei de você?

Ele sorri e pula no lago de sapato e tudo! Mergulha e põe a cabeça para fora.

-Sua mãe não vai tipo... Te matar?- pergunto.

-Vai não. Minha madrasta não liga.

-Madrasta?- Ammy pergunta. -Daquelas que querem fazer de você um gato borralheiro ou daquelas que te paparicam?- Ammy pergunta e o Eddie ri.

-Às vezes ela quer me fazer de gato borralheiro, sim. Mas na maior parte do tempo, me paparica.

-Qual o nome dela?- pergunto.

-Sophia.

-O papo tá bom, mas eu tenho que ir.

Ammy diz se levantando e o Eddie sai do lago.

-Estou dentro?- pergunta pegando sua mochila.

-Desde da hora em que disse que não ia com a cara da Bella.- rimos. -Vamos ser nada?

-Nada?- pergunto.

-É. Por que dizem que nada dura para sempre.

-Awn!

Abraçamos a Ammy e colocamos as mãos uma debaixo da outra.

Sabe aquela amizade que acontece quando duas ou mais pessoas tem um inimigo em comum? Foi isso com o Eddie.

Depois, saímos do lago Amber pegamos nossa pista. Eles indo em uma direção, à pé e eu indo em outra, de skate.

***

Chego em casa e vou direto para a cozinha. Estava faminta.

-... Eles vão ficar abalados e...- minha mãe diz para meu pai.

-E o que?- eles param e me encaram. Mudam de cor.

-Melissa?- minha mãe olha para o meu pai.

-Mãe?

-O que faz aqui?

-Já são 13:00h, mãe. Aconteceu alguma coisa?- digo botando minha mochila no chão, perto da porta.

-Não, filha. Onde está o Felipe?- meu pai pergunta.

-Não faço ideia. Acabei de chegar.

-Estou aqui.- ele aparece com o Filó e beija meus pais.

-A vovó vai vir hoje?- pergunto e meus pais se entreolham.

-É... Eu não sei, acho que sim.- minha mãe responde.

-Eu vou tomar um banho.

Pego minha mochila e vou arrastando até o quarto. Separo uma roupa confortável e vou tomar banho. Sim, dessa vez eu lavo e hidrato meu cabelo. Depois penteio.

Vou até minha escrivaninha e pego um papel oficio e começo a desenhar um vestido. Eu erro, amasso o papel e jogo no lixo. Pego um livro e começo a ler, novamente. Eu já li umas mil vezes.

Chama-se Um amor para recordar e foi papai que me deu. Ele disse que no casamento, recitou uma frase do livro. Fofo né?

Eu vou te dizer uma coisa: gosto sim dos livros românticos, mas eu tenho meus pés no chão.

"Naquele momento, quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez, eu sabia que duraria para sempre."

O Idiota do Meu Inimigo (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora