Teacher S.

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ERA como se ela estivesse em um poço, fundo e escuro.

O despertar de sua curiosidade levou-a a isto. Ninguém tinha lhe pedido para andar, para mexer, mas algo a fez cair; empurrou-a. No mundo em que ela estava agora, tudo era possível e o impossível era real.

E então ela caiu. Como se fosse uma queda de abismo, sem fundo, com eco, sem socorro e totalmente escuro. Somente vozes sussurravam em sua cabeça a todo o momento, mas ela não sabia distinguir suas falas, talvez por estarem em outra língua. Seu corpo começou a ficar mais leve, com a sensação de estar voando...

Como poderia? Cair em um abismo e ainda sim se sentir leve.

De repente, sentiu-se em braços, sentiu um corpo, o calor do corpo que estava segurando-a. Era diferente, com um jeito cuidadoso; um jeito afetivo e o calor instantâneo que lhe proporcionava. Era alguém a quem temer ou alguém a quem amar?

{...}

Quando ela abriu os olhos, estava deitada no sofá vermelho de sua sala. De acordo com o relógio, marcava ainda 06h55min.

Mas como foi parar ali? Quando deixará seu quarto ainda era de noite. Como poderia estar de manhã? E então ela lembrou-se de tudo. Desde quando sentiu o homem em sua cozinha, a parte em que ela fechou os olhos e foi lançada a uma dimensão desconhecida, caindo assim em um escuro e fundo abismo, para depois ser salva por alguém... Mas quem?

Era difícil dizer, na verdade, era simplesmente complicado dizer.

-Leena? – A mãe desceu as escadas. – Você dormiu aqui na sala? – Ela estava com um roupão vermelho enrolado em seu corpo e com a feição brava e curiosa.

-Eu não sei... – Leena respondeu cabisbaixa. Será que ela deveria contar para a mãe sobre seus pesadelos, alucinações, ou seja, lá o que eles sejam?

Por fim balançou os pensamentos em sua cabeça e enquanto a mãe fazia o café na cozinha ainda esperando a resposta da filha, ela subiu as escadas correndo e se trancou no quarto.

Fazia muitos anos que ela não via coisas, que não tornava os remédios, que não ficava fraca por causa da alta adrenalina que suas veias disparavam. Fazia muito tempo que ela não via o Dr. Henry para uma consulta. Mas ela queria concentrar-se no que era real, ela queria ser normal. Então assim, decidiu arrumar-se para o Colégio, pois deveria ser a única coisa que a tornava sã.

Quando ficou pronta, desceu para tomar seu café. A mãe estava sentada na banqueta vermelha com uma das mãos na xícara de cappuccino amargo e a outra mão segurando o jornal da manhã.

Leena somente roubou uma maçã da cesta e saiu. Apressou o passo quando passou pela mansão e quando finalmente chegou ao Colégio, o sinal acabará de bater.

Correu para dentro e foi direto para sua primeira aula. Química. A matéria que ela mais adorava.

Apesar de ter se apressado tanto, ela consegui entrar junto com o pessoal, na sala de aula. Alguma coisa estava diferente. Alguma coisa a arrepiava naquela sala. Mas o que seria?

Danielle entrou correndo e sentou-se ao lado de Leena. Ela estava soada e com o uniforme amassado.

-Bom dia. – Danielle sorriu para Leena.

-Bom dia. – Ela retribuiu. – O que aconteceu com você? – Ela perguntou.

-Longa história e isso envolvendo minha querida madrasta. – Ela rolou os olhos. – Na hora do intervalo eu lhe explico. – Piscou. – Mas e você com essas olheiras avermelhadas nos olhos?

-Longa história... – Leena suspirou.

Todos os alunos já estavam sentados em suas devidas carteiras e com suas devidas duplas. Mas nem sinal de nenhum professor.

Por cada escola que Leena passou, quando algum professor não chegava, era bagunça na certa. Mas esta é diferente. Em vez da baderna que estava acostumada, os alunos daqui permaneceram sentados e quietos. Era um silêncio, um tanto quanto, estranho.

-Bom dia classe! – Todos se assustaram ao ouvir uma voz grossa e rouca vindo da porta.

Era ele. Altura mediana. Músculos e tatuagens visíveis mesmo debaixo da blusa social branca, pelo menos no olhar de Leena, elas eram visíveis. Os cabelos longos até a altura dos ombros e ondulados. Seus olhos verdes. Seu sorriso branco e suas covinhas. Era simplesmente ele.

Ele andou até a mesa e Leena o fuzilava com olhos.

Quem era ele afinal? Porque estava aqui?

Danielle a chutou por baixo da mesa e silabou em um sussurro "Gostoso".

Depois que colocou suas coisas na mesa, encarou o rosto pálido e assustado de Leena, depois passou seus olhos para a classe e novamente olhou para a ruiva, que estava estremecendo. Ele foi até o quadro negro e pegou um giz, escrevendo seu nome? "Professor Styles".

Logo abaixo "ou Sr. Harry".

Então Harry Styles era seu nome. Sua cara para a classe mostrava mistério; E sua feição para Leena, era de um psicopata maluco.

-Quero que vocês se levantem. – Todos obedeceram imediatamente. – Agora quero que vocês se apresentem para mim.

Então logo na primeira carteira, a primeira menina se apresentou depois um menino, e assim sucessivamente, até chegar à última carteira, onde se encontravam uma ruiva e uma loira.

-Eu sou Danielle... – A loira se apresentou. – Ou se quiser, pode me chamar de Dani. – E lhe lançou uma piscadela.

Ele não esboçou nenhuma expressão.

Pronto. Agora era a vez de Leena. Mas antes que pudesse falar, ele lhe entregou um sorriso.

-Meu nome é Leena. – Ela falou desajeitada.

Normalmente, nas outras escolas, quando ela se apresentava, era motivo de risadas, por gaguejar, por conta da vergonha que sentia. Mas nesta, a classe inteira permaneceu em silêncio, ficaram imóveis, quase estáticos.

Harry sentou-se em sua mesa, de frente para a sala, encarando-os como se estudasse cada aluno. Como se gravasse cada rosto.

-Sentem-se. – Mandou e todos obedeceram.

A aula foi como outra qualquer. Tirando o fato de que quando Leena trocava olhares com ele, um arrepio tomava conta de seu corpo e lembranças da noite anterior vinham em sua mente.

No final da aula, antes que o sinal batesse, Styles liberou os alunos para tomarem ar.

Quando Leena passou pela porta junto de Danielle, ele a chamou.

-Posso falar contigo, senhorita Summer?

Sua voz a pegou de surpresa, mas afinal de contas qual era a surpresa? A voz dele já estava a perseguindo por todos os cantos.

Continua...

The Monsters - H.S. Horror FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora