Nightmares - III

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Leena abriu lentamente os olhos. Só não estava totalmente escuro, por conta da janela que deixava a luz da Lua e um gracioso vento quente, entrar. Ela estava deitada em uma cama grande com lençóis bem macios. Um cheiro de perfume masculino pairava no ar com enorme dispersão, e ela tentou imaginar de quem seria.

Ela se levantou e apalpou a parede a procura de um interruptor, mas acabou encontrando a maçaneta da porta. Abriu-a e observou um corredor bem iluminado. A casa não lhe parecia estranha e de quem quer que fosse, era bem arrumada. A ruiva ouviu alguns ruídos vindos do andar de baixo e desceu as escadas lentamente com medo do pior. No ultimo degrau da escada, dava-se para ver a sombra de suas pessoas sussurrando na cozinha. Com todo o cuidado do mundo, ela andou até perto da porta e tentou escutar o que eles diziam.

Mas foi ela, minuciosamente, andar até a porta que um som assustou as três pessoas dali. Foi um enorme estrondo, como se alguém tivesse socado a parede lá de cima, no mesmo quarto onde ela estava minutos antes. As pessoas que estavam no que parecia ser a cozinha, se silenciaram e a figura de um homem parou no batente da porta e estava sendo segurado pelo braço por uma figura feminina.

Leena conseguiu identificados, ou melhor, a garota lhe era muito familiar, parecia-se muito com Caroline. Já o homem era, simplesmente e sem sombras de duvidas, Peter. Eles continham medo nos olhos e, talvez, uma pitada de culpa. A ruiva não sabia dizer ao certo, mas aquilo estava lhe cheirando muito mal.

-Não vai. – ela sussurrou para ele e apertou seu braço com ainda mais força. Nenhum dos dois notou a presença de Leena, que estava bem na frente deles.

-Preciso ver o que tem... – antes que ele terminasse a frase, a porta da frente se abriu e de lá entrou uma mulher, um homem e um pequeno menino, que chutando, tinha seus seis anos de idade.

-Se divertiram enquanto estávamos fora? – a mulher perguntou. Ela tinha cabelo bem preto que lembravam os de Peter e olhos verdes escuros. Sua voz era fina, e ela aparentava ter seus quarenta anos bem conservados.

-Amor, não diga isso! – o homem a repreendeu. Ele tinha uma estrutura média, como corpo magro. Seu cabelo também preto e olhos ainda mais pretos, uma parte que Peter herdou.

E havia um pequeno menino. Ele tinha a altura de uma criança de seis anos. Batia na cintura de Leena, que também não era muito alta. Ele tinha cabelo "tigelinha" preto e olhos verdes.

-Mamãe, quem é essa moça? – ele apontou para Leena.

-Não tem ninguém ai, querido. – ela o pegou no colo.

Leena não ficou confusa, pelo contrario, adorou que o menino a tivesse visto, mas o que lhe chamou a atenção foi o olhar apreensivo que Peter lançou a menina ao seu lado.

-Pai, nós vamos subir para meu quarto. – Peter falou rápido e subiu as escalas correndo e segurando as mãos da menina, que segurava com força nele para não cair.

Leena os seguiu.

Já no quarto, Peter fechou a porta e olhou para a menina.

-Ele viu alguém! – a menina afirmou o obvio. – Seja lá quem for, você sabe o que acontecerá se... – ela não terminou a frase.

-Não quebramos nenhuma regra. – ele a consolou com um abraço. – Seguimos todas as instruções. Era só um jogo no maldito livro. – ele a apertou mais forte contra si e deu um beijo no topo da sua cabeça. – Não vou deixar nada de ruim acontecer com você.

-Você promete? – e ele assentiu.

Como em um filme romântico e cheio de clichês, eles juraram proteger um ao outro e Leena quase vomitou após ouvir todas as juras. Por mais que ela não soubesse o que estava acontecendo ou o que viria a seguir, esta foi uma das cenas mais chatas que ela viu até agora. E então começaram a se beijar tão intensamente que a ruiva pensou que iriam acabar possuindo o corpo um do outro. Ela não conhecia esse lado de Peter: o lado protetor e romântico meloso. Mas para falar a verdade, Leena não sabia nada sobre Peter.

Um trovão interrompeu o beijo possessivo do casal e Leena agradeceu por isso. Peter olhou pela janela e ficou ali, imóvel.

-Peter! – a menina de cabelos pretos o chamou. – Peter! – ela gritou mais forte.

Ele ficou mais um tempo imóvel e logo em seguida olhou para ela com total desprezo. Não dizendo nada, ele andou duramente até sua cama e pegou alguma coisa ao lado da cabeceira.

Um taco de beisebol.

Peter virou o taco de encontro com o rosto da menina e ela caiu no chão, já sem sentidos e totalmente apagada.

E então ele bateu.

Uma

Duas

Três vezes no crânio da menina até esmagá-lo, não por completo, mas desfigurando-o por inteiro. Ele sacudiu o taco cheio de sangue e sorriu. O sorriso mais mortífero e sanguinário que Leena já viu.

A ruiva ficou horrorizada e ficou em choque por alguns minutos, observando os movimentos dele. Peter abriu a porta e saiu com tranquilidade, mas ainda com o taco na mão.

-Peter, para! – ela gritou, mas foi em vão, ele a ignorou por completo.

Ela ficou no quarto dele ainda observando a garota recém desfigurada no chão. Ouviu-se mais gritos. Primeiro o da mulher: gritos altos e finos que preenchiam toda a casa e todo o ouvido. Depois de um homem: Na verdade, não foram gritos, foram mais perguntas choramingadas, como "Por que está fazendo isso?", "O que eu fiz para você?", e terminou com um "Me desculpe, filho!".

Leena lembrou-se do menininho. Ele a tinha visto e então pensou que pudesse ajudá-lo a sair dali. Ela correu do quarto e saltou dos degraus, e acabou vendo mais cenas de horrores.

Ele estava colocando os corpos de sua mãe e de seu pai na sala de estar, um ao lado do outro. O menino estava de mãos dada para uma figura, mais fantasmagórica do que humana, de uma mulher de longos cabelos negros como a noite. Peter não tinha mais seu taco em mãos, ele fora substituído por um revolver.

-Faça o que tenha que ser feito! – a mulher disse isso e saiu pela porta da frente segurando a mão do menininho.

Peter ajoelhou-se ao lado da mãe, colocou o revolver na boca e atirou. Seus miolos voaram pelas paredes e Leena nunca desejou tanto que aquilo acabasse.

Mas foi só um piscar...

Somente um piscar de olhos, e ela pode ver que, ao invés que Peter e sua família estarem mortos no chão, os corpos pertenciam a Leena e sua família. O pai e a mãe sem cabeça e a imagem dela estava mais horrível do que nunca, e com os miolos estourados.

-Acorde, isso é apenas um pesadelo! – ela queria acreditar naquela voz, mas ela voltou para a realidade.

O que estivesse acontecendo, era um truque de sua mente e aquilo que ela estava vendo era uma lembrança do passado das três garotas.

Agora só faltava uma.

O último homem a morrer.

A última peça do quebra-cabeça.

A última garota de Dallas.

Marie-Anne.

The Monsters - H.S. Horror FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora