Capítulo 1

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Campus de Justiça de Lisboa, Segunda-feira, 09:00 da manhã

O juiz Rui Pedro já se encontrava presente, sentado no seu lugar de destaque, ao centro do tribunal. O tribunal era uma sala enorme e intimidadora, que causava calafrios e deixava todos os seus ocupantes que não estavam habituados a frequentar audiências, com um aperto no estômago. Era impressionante o número de pessoas que ali se tinha reunido, era a primeira audiência do caso mais intrigante de todos os tempos. Com muito custo, os curiosos foram deixados lá fora, naquela sala enorme só estavam os familiares, amigos e representantes de todos os envolvidos. Todos ali queriam saber a verdade, saber o porquê de todo o horror que sofreram e queriam descobrir o culpado.

O advogado Louis Nelson estava ao pé dos seus clientes, era o melhor advogado do país, tinha vencido os casos mais mediáticos e ganho cada um deles. No entanto, nenhum caso tinha as particularidades daquele, nenhum era tão horrendo, desumano e sangrento como aquele. Mas o bom homem decidiu que defenderia os seus clientes e acima de tudo, acreditava neles. Do respectivo lugar, Louis Nelson olhava para o juiz em silêncio, juntamente com os seus clientes, porém ao contrário do primeiro, eles tinham um grande vazio no olhar. O sofrimento era visivel, bem como o medo nos olhos daqueles jovens.

- Vamos chamar a primeira testemunha!

Ao ouvir a ordem do juiz, a rapariga ao lado de Louis levanta-se e caminha até ao local indicado, senta-se e tenta parecer calma. Mas quando olha as pessoas á sua frente, algumas chorosas, outras desconfiadas e outras ansiosas pela verdade, tem que respirar fundo para manter a postura e conseguir prosseguir com tudo aquilo.

- Conte-nos o que aconteceu, por favor.

Pediu a mesma voz forte e de autoridade da sua cadeira central. A rapariga que pensava ser capaz de contar tudo, pela primeira vez questiona-se se todo aquele processo valeria a pena. Com um leve abanar de cabeça, afasta as ideias negativas e clareia a garganta, de modo a manter a voz firme e um olhar rápido para um rapaz sentado no banco que ainda à pouco estava sentada, dá-lhe força para começar.

- "Era no inicio do 12º ano....

Estávamos todos juntos finalmente, mal chegamos à escola fomos ao encontro uns dos outros e matamos saudades. Não nos tínhamos visto nas férias de verão, porque cada um foi para um sitio diferente passar esses meses. O nosso grupo já estava junto desde do 7º ano. Éramos colegas, mas mais do que isso, éramos melhores amigos, como se fossemos irmãos!

Todos na escola nos conheciam pelo "grupo sempre unido" ou uma coisa parecida, foi um nome que nos deram. Antes, durante e depois das aulas, éramos inseparaveis. Tinhamos o hábito de no primeiro dia de aulas de cada ano, ficar mais tempo que o necessário na escola. As novidades das férias eram tantas, que perdiamos a noção do tempo. Como passou esse dia passou a ser uma espécie de ritual nosso, escolhemos um lugar em que pudessemos estar todos sem ser incomodados. Era sempre o mesmo lugar de encontro, que ficava ao lado da biblioteca da nossa escola."

- O que ficavam a fazer?

O juiz perguntou com uma voz cortante, que fez a rapariga perder por momentos o raciocinio e depois de um breve aceno de cabeça, volta ao relato.

- "Ficávamos a falar...

A rir, a tirar fotos e a comer todo o tipo de doces. As novidades do verão eram tantas, que nós perdiamos a noção do tempo quando estavamos todos juntos. O lugar onde nos reuniamos para o nosso encontro, era o mais afastado da confusão da escola, perto da biblioteca e nós ficavamos sentados e encostados a uma grande porta. Mas desde o 7º ano que estávamos curiosos com aquela porta. Ela estava sempre fechada ás chaves e dava para a famosa parte antiga da escola.

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