Olá amigos,
Essa é minha coleção de crônicas.
São conversas, apenas isso. Pensamentos sobre vários assuntos, que quis dividir com você!
Espero que goste!
Um beijo!
Carla Montebeler
Uma das atribuições que a maternidade me trouxe que me traz mais prazer é a de assistir aos desenhos animados com o Guilherme. Adoro! Além de uma chance de me aproximar do meu filho, ainda retomo uma mania da minha infância... apesar de sentir que a diferença entre desenhos animados de trinta e três anos atrás e os da atualidade seja um obstáculo a ser vencido, porque não há como não lamentar o fato de que as crianças de hoje saíram perdendo, já que os desenhos da minha infância eram infinitamente mais legais.
Sendo justa, tenho que admitir que talvez a diferença não seja tão grande assim, apenas constando o fato de que minha mente analítica não recebe mais as historinhas inocentes com tanta simplicidade como uma criança o faz, e isso nos leva a pensar que aquela época era melhor, em detrimento desta. Mas não é sobre a qualidade dos desenhos animados que eu quero escrever hoje. Só falei neste assunto porque, em um desenho que vi hoje, as crianças criavam uma cápsula do tempo: um recipiente com algumas lembranças da sua época que ficariam enterradas e só seriam abertas pela geração do futuro. No desenho, os alunos colocaram comida, música, livros, e uma fita gravada com as perguntas deles para o povo do futuro. Quando foram enterrar a cápsula, a professora pediu os pais dos alunos para participarem e, aproveitando, desenterrar a cápsula que eles mesmos haviam enterrado, anos atrás. Foi engraçadinho e lúdico ver que os pais, quando crianças, haviam enterrado os mesmos objetos que seus filhos e a pergunta das duas gerações de crianças para o futuro era a mesma: vocês já moram na lua?
Eu faço parte de uma geração que morreu de medo do ano 2.000, viveu com medo do Bug do Milênio e queria pegar certo Nostradamus e matar de pancada. O futuro nos pegou no meio do caminho: fizemos curso de datilografia numa máquina manual e quando arrumamos o primeiro emprego, nos sentaram em frente ao Windows 6.11! Meu Deus! O que era aquilo! A primeira vez que fiz uma planilha no Excel, usando o filtro de dados e as fórmulas de autopreenchimento, só não falei prá ninguém, mas fiquei me achando um gênio super dotado por uma semana! Era muito engraçado.
Mas a resposta para a cápsula do tempo daquela menina do desenho é que não... não moramos na lua. Na verdade, a área que mais utilizamos a tecnologia com a qual fomos privilegiados é a da comunicação. Não que isso tenha nos tornado mais próximos dos amigos ou das nossas próprias famílias! Hoje trocamos o abraço no dia do aniversário por uma curtida no faceboook quando alguém posta: 'hoje é o meu dia'. Estamos mais perto, porém, mais longe!
A tecnologia toda não foi suficiente ainda prá alcançarmos o espaço, apesar de que é suficiente para explorar petróleo em águas mais profundas (nem mesmo Monteiro Lobato previu essa!). E usamos essa ciência toda para comunicação, tornando o mundo uma aldeia única, onde cada um pode ser convocado em questão de minutos para sair às ruas e fazer uma revolução, mas ela não curou a timidez, não humanizou as dores da nossa alma, não nos aproximou de nossos pais, não nos ajudou a conquistar nossos filhos.
A resposta para cápsula do tempo é: não... não moramos na lua, crianças. E toda nossa modernidade tem sido desperdiçada fazendo com que cada homem na frente de seu notebook seja um satélite, gravitando em volta de si mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poucas Letras - Crônicas e outros papos
ContoColeção de crônicas e pensamentos de uma autora inciante, compartilhados com quem gosta de ler!