Capítulo 5 - Nomes, apelidos e outras histórias

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Começando no Arca Literária agora, ainda estou conhecendo as meninas que fazem parte da equipe que a Ceiça montou. Está tudo uma delícia. Gente nova, interessante, unida pelo amor à leitura. Daí descobri essa semana que outra escritora também se chama Carla. Estávamos decidindo no inbox como íamos diferenciar uma da outra, e acabamos concordando que ela seria a #Carla e eu, #CarlaMontebeler. Tudo bem. Gosto do meu nome...

Na série As Crônicas de Gelo e Fogo, sucesso de George Martin, o dia do aniversário é chamado de "O dia do nome". Achei tão original a ideia porque eu simplesmente adoro nomes! Acho que a cultura de um povo e até os costumes da família se revelam nos nomes que colocam não só nas crianças, mas nos animais de estimação e até nos objetos pessoais!

Eu li, na adolescência (pouco tempo atrás, pessoal! Pouco tempo!), uma série de Stephanie Grace Whitson: Caminhando nas Chamas/Águia que Voa Alto/Pássaro Vermelho, que era um romance delicioso situado na época da colonização da América do Norte, e que relatava muito da cultura dos índios Lacotas. Ah... os nomes! Caminhando nas Chamas é o nome que os índios deram à protagonista do romance, depois que ela salvou o pequenino Não Escuta de um incêndio. Você também deve se lembrar de Dança com Lobos, Cabelos ao Vento, De Pé com Punhos... Os nomes indígenas nos conduzem imediatamente a perguntas sobre os fatos que os inspiraram.

No Brasil, não temos essa cultura. Geralmente não sabemos o significado ou a origem dos nomes que colocamos, mas temos outra grade mania na qual somos imbatíveis: os apelidos! Eu também adoro! Por exemplo, tenho um amigo, que não preciso falar nada sobre ele, mas o apelido dele é Legal. Já imaginou? Já tive amiga Xampu... Ah... e uma família inteira: Gambá, Boi, e por aí vai! Apelidos são legais. São carinhosos. Refletem o que nossos queridos pensam de nós.

Um outro costume brasileiro é juntar o nome do pai e da mãe, formando o nome da coitada da criança, e sobre esse assunto, não vou discorrer, sob pena de estremecer algumas amizades que me são muito caras, tá certo, Joelda, Obemir, Ivanilma?

Nos livros e nos filmes, refletem o cuidado que os autores têm com seus personagens. Eu fiquei muito feliz em saber que Hermione é a forma feminina do deus grego da eloquência, Hermes. O meu Samah, do Vale de Elah, significa "Generoso" e acho que combina com ele, que é um gentleman...

E os nomes dos livros? Uau! Parece um parto com fórceps na hora de escolher o título perfeito!

Nomes são importantes e rendem boas histórias. Eu já vivi várias. Uma vez fui perguntar a uma mãe como era o nome do bebezinho bochechudo e rosado que estava no colo dela e recebi uma resposta que parecia um rosnado, na frente de todo mundo: "Jason!" Meu Deus! Todo mundo ficou com aquela cara, esperando começar a hora do espanto ali mesmo... Outra feita fui apresentar dois amigos meus e virei pro primeiro, falando assim "olha, esse aqui é seu chara!" E o pangaré, apertando a mão do outro, perguntou: "É? E como é que você se chama?". Mas a melhor história de nomes que eu tenho é um arrimo da minha família que divido com vocês. Acho que merece fechar essa crônica:

Minha avó, D. Maria Albertina Januário, era uma mulher muito prática! Ela tinha um jeito de colocar suas opiniões que ninguém da família se atrevia a contrariar! Descendentes de escravos, ela tinha aquele jeito de falar, colocando o bendito do "R" em todas as palavras, coubesse ele lá ou não. Meu tio, que se chamava Sílvio, sofria muito com isso, porque Vó Bertina só o chama de "Sírvio". Era Sírvio isso, Sírvio aquilo. Um dia, meu tio não se conteve e questionou: "Mãe, se a senhora não consegue falar a palavra, porque colocou esse nome em mim?" E Vó Bertina, com a mão na cintura, sem perder o rebolado: "Deixad-sê-besta, menino. Num fui eu que escolhi seu nome não. Isso é culpa do pai. Por mim, cê se chamava Otárvio!".


Essa crônica foi escrita em 2013!


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