Levo alguns instantes até perceber que meu celular está a tocar. Seco algumas lágrimas que ainda estão sobre meu rosto e limpo a garganta antes de atender.
Call on
"Pronto." –Digo ao atender o celular, mas estranho esse número não conheço e não está salvo nos meus contatos.
"Amanda?! Por que não me avisou que iria sair da cidade?" –Mas é claro, essa voz rouca, eu poderia reconhecê-la em qualquer lugar, Harry.
"Por que você não me deu chances de falar noite passada, lembraste?" –Falo tentando me focar na nossa conversa e não no que está a minha volta, tentando o máximo possível não pensar onde estou, mas é impossível.
"Desculpa Amanda, eu fui um idiota ontem. Eu vi que Louis estava lá e simplesmente tive medo que você fosse preferir ele e não a mim. Isso nunca tinha se passado comigo antes, ficar com medo de perder a garota para o meu melhor amigo , que agora já nem sei se somos amigos já faz um tempo que nem trocamos palavras um com o outro." –Harry me fala depois de permanecer alguns momentos em silêncio.
"É Harry, ontem você agiu como um completo idiota." –Tento sorrir para diminuir o clima tenso sobre nós, porém fracasso.
"Onde você está Amanda? Fiquei sabendo apenas que você havia ido resolver algumas coisa numa cidade próxima daqui. Você está bem?" –Harry questiona.
"Foi o Niall que te contou?" –Tento desviar-me da sua última pergunta.
"Foi, na verdade ele contou ao Liam, eu pedi para ele perguntar, porque se fosse eu ele não havia contado, foi o Liam também que conseguiu o seu número, devo essa a ele." –Diz-me.
"Sim, eu também acredito que o Niall não te contaria, mas daqui a pouco eu vou está aí na cidade." –Falo.
"Que horas você chega?" –Harry pergunta.
"Mas que droga eu perdi o último ônibus que iria voltar para aí hoje." –Falo ao ver que horas são na tela do celular. Como eu não percebi que já estava a anoitecer?
"Quer que eu vá te buscar Amanda?" –Harry me pergunta.
"Não quero incomodar." –Digo.
"Você nunca irá me incomodar Amanda. Já estou indo para o carro, me manda o endereço por mensagem, que logo chego aí." –Harry me fala, e assim faço, lhe mando uma mensagem com o endereço.
"Pronto, já mandei a mensagem, mas realmente não quero te incomodar." –Falo.
"Ok, vou ver aqui, e mais uma vez você não está a me incomodar princesa." –Diz-me, e em seguida desligamos os celulares.
Sei que deveria sair desta casa agora mesmo, até mesmo porque ela tornou-se um lugar sombrio para mim, mas não consigo quebrar a ligação com esse lugar que um dia chamei de lar. Decido ir até o quarto onde era dos meus pais, os móveis ainda estão todos aqui. Quanta dor uma tragédia é capaz de gerar? Acredito que o suficiente para deixar uma vida sem rumo. Dou uma última olhada e decido ir até o meu quarto pegar minha bolsa para esperar por Harry, acredito que ele já está prestes a chegar, mas quando ando pelo corredor ouço passos subindo a escada e de alguma forma isso me deixa em completo estado de pânico. Acho que estou paranoica, só de pensar que meu pai ainda pode está vivo, isso realmente está a me preocupar. Será possível?
Os passos estão cada vez mais próximos, e estou em frente a porta do meu antigo quarto, mas quando vejo a sombra daquele homem segurando uma garrafa em uma das mãos, congelo imediatamente, o medo agora fala mais alto que tudo, entro às pressas no quarto e fecho a porta. E agora? O que eu faço? Será mesmo ele? O meu coração está a mil, pego o meu celular e rapidamente ligo a Harry.