Parte 4

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Every roommate kept awake
By every sigh and scream we make
All the feelings that I get
But I still don't miss you yet
Only when I stop to think about it
Three Days Grace (I Hate Everything About You)

Narração: Petrus

Tecnicamente, esta deveria ser a vez de Bianca ser a responsável por divulgar os detalhes desta nossa gloriosa história. No entanto, levando em consideração que a menina em questão ainda estava desacordada em minha cama, acredito que vocês não se importarão se eu mantiver o controle da narrativa por mais alguns parágrafos.

Primeiramente, acredito que valha comentar que, segundo a minha vasta experiência, quando se trata de Carina tudo pode acontecer. Ainda assim, as ocorrências daquele dia ainda conseguem me estarrecer.

Quero dizer, eu não conheço ninguém que tenha testemunhado destruição de patrimônio privado, participado de uma operação de resgate e descoberto sobre um caso de espionagem empresarial, tudo no mesmo dia.

Mas eu estou me precipitando.

Assim que eu consegui estar apresentável o bastante para evitar ser condenado por atentado ao pudor, segui pelo corredor atrás de Carina disposto a lhe explicar tudo o que ocorrera.

- Carina. - chamei, batendo em sua porta mais forte a cada segundo que ela se recusava a me atender - Carina!

Ouvi com esperanças o som de uma chave sendo virada na fechadura mas, infelizmente, foi a porta atrás de mim que se abriu com um ruído suave.

- Cara, ainda são oito horas da manhã. - uma menina trajando um vestido de festa e profundas olheiras se escorou contra a porta enfeitada pelo quadro de paetês.

Isso explicava o porquê de ninguém ter aparecido para nos censurar pela tentativa de invasão da noite anterior.

- Me desculpe. - falei um tanto impaciente - Mas eu preciso falar com a Carina. - apontei para o quarto como se o fato de eu estar gritando o nome de Carina pelo corredor não fosse indicação o suficiente do meu objetivo.

- Eu nunca adivinharia. - ela respondeu em uma voz monótona após um revirar de olhos - Ela não está no quarto. - completou após alguns segundos.

- Como você pode saber? - minha pergunta soou um tanto mordaz.

A garota me olhou sem emoção, como se ponderasse o quanto eu merecia aquela informação.

- Porque eu consigo vê-la daqui. - ela respondeu por fim, apontando por sobre o ombro para a janela de seu quarto cuja vista dava para o estacionamento.

- Obrigado. - agradeci enquanto corria para as escadas, sem paciência para esperar o elevador.

A cada passo que eu dava na direção de Carina menor era a minha certeza sobre aquela ser uma boa ideia. E, quando finalmente a alcancei, enquanto ela procurava as chaves do carro em sua bolsa, percebi que explicar porque sua irmã - que ela nem mesmo sabia estar no campus - havia passado a noite na minha cama era uma tarefa basicamente impossível.

- Você precisa me escutar. - falei, ofegante, segurando-a pelo cotovelo.

Como sempre acontecia quando eu a tocava, Carina se afastou como se tivesse recebido um choque. Eu não tinha certeza se aquela era uma reação específica ao meu toque ou se era apenas mais um dos sintomas de sua anti sociabilidade.

- Eu acabei de encontrar a minha irmã caçula na sua cama, Petrus. - ela ergueu os olhos para me encarar e a força da sua raiva fez com que eu me afastasse ligeiramente - Não tenho que fazer nada além de pensar nas formas mais desagradáveis possíveis de acabar com a sua vida.

100 Coisas Que Eu Odeio Em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora