PROLIFERAÇÃO

CAPÍTULO 11 - O REI

Fiquei paralisada por alguns segundos, meu coração acelerando enquanto tentava encontrar uma resposta dentro de mim. A situação exigia uma decisão difícil: salvar Nicolas, que estava em perigo imediato, ou continuar em busca dos preciosos pergaminhos que poderiam conter informações vitais para o nosso objetivo maior.

O dilema me consumia, pois sabia que qualquer escolha teria consequências. Não havia tempo para ponderar indefinidamente, pois a situação exigia uma ação imediata. Respirei fundo, deixando que minha intuição e a missão maior guiassem minha decisão.

—Quem era? —Alana abriu levemente a porta de seu quarto expondo sua curiosidade.

—Eu já volto! —Coloquei o telefone de volta no gancho.

—Não, não pode sair daqui. Não podemos ficar sozinhas.

—Tudo o que vocês precisam fazer é descer para o laboratório, se alguém invadir a inteligência artificial vai alertar! Não se preocupe! Preciso encontrar o Nicolas! —Caminhei apressadamente em direção à porta, sentindo a urgência em encontrar meu aliado. Meus olhos se fixaram no meu moletom cinza, jogado sobre a cadeira, e rapidamente o vesti para me proteger do frio que permeava o ambiente.

—O que? Desde quando? O que você quer com ele? E Alice? Aonde você vai? O que está acontecendo? Ele foi contaminado?

—Eu não sei. Provavelmente sim. Fiquem aqui!

—E se for uma armadilha? E se alguém tiver sequestrado ele? Eu vou com você!

—Não! Temos que ser racionais e estratégicos. Fique com Alice, mantenha-a segura, e eu irei encontrar Nicolas. Confie em mim, Alana. Sei que agora estou mais forte e inteligente. Não pediria sua ajuda se não fosse algo extremamente importante. — Falei com convicção, buscando transmitir confiança à minha irmã. Ela concordou com um aceno de cabeça, seu rosto expressando uma mistura de preocupação e confusão diante da minha reação inesperada. Normalmente, éramos adversárias e nossas diferenças muitas vezes nos separavam, mas em momentos de crise, colocávamos de lado nossas desavenças e nos uníamos para enfrentar os desafios juntas.

Sem hesitar, bati a porta com força ao sair de casa, deixando Alana perplexa e provavelmente preocupada com minha atitude impulsiva. Eu sabia que não tínhamos tempo a perder. A urgência e a tensão tomavam conta de mim a cada passo que eu dava em direção à floresta. Era o primeiro lugar que me veio à mente como um possível esconderijo para Nicolas, um lugar onde ele poderia buscar refúgio ou encontrar alguma pista sobre seu paradeiro.

Enquanto meus pés batiam no solo, senti a exaustão tomando conta de meu corpo, uma fome insaciável me consumindo. Afinal, não havia comido nada, e agora as consequências do esforço físico e da privação alimentar começavam a se manifestar. Tonturas e uma sensação de fraqueza me atingiram como um soco, mas eu sabia que não podia parar, pois o tempo era crucial e cada segundo contava. Meus pensamentos se embolavam em minha mente confusa e o medo de desmaiar me impulsionava a seguir adiante.

Enquanto minha mente tentava decifrar o porquê de meu instinto de salvar Nicolas, sentia-me perdida em meio à minha própria vida. O mundo parecia tão egoísta, cheio de pessoas que só pensavam em si mesmas, e isso me fazia perder a esperança nas coisas boas que poderiam acontecer. A falta de fé me atormentava todas as noites, e eu me perguntava constantemente o que tinha feito de errado para merecer uma vida tão vazia. Nunca me sentia verdadeiramente feliz, mas aprendi a fingir bem o suficiente para receber elogios por ser forte e determinada o suficiente para superar tudo. No entanto, quando parei para refletir sobre isso, percebi que não era muito diferente da minha própria família, onde tudo parecia ser uma grande farsa, uma grande mentira.

No dia que tomei a decisão de me atirar daquele morro convenci a mim mesma de que era um sacrifício quando no fundo eu sabia que era um alívio. Mesmo odiando o mundo por todas as minhas dores eu sabia que nunca faria mal a ninguém, pois era uma covarde.