CAPÍTULO 13 - O PRÍNCIPE

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Orocovis, 27 de junho de 2020, 06:03 AM.

Quatro dias se passaram desde que as buscas começaram na casa, mas ainda não tínhamos notícias de nosso pai, o que aumentava nossa insegurança e preocupação. Os índios locais não tinham ideia de como criar energia para nos ajudar na busca, mas mesmo assim não desistiríamos do livro tão facilmente. Alana sugeriu que começássemos a quebrar algumas paredes, pois ainda não havíamos encontrado nada. Eu comecei a perder a fé na existência do livro. Foi quando a campainha tocou, olhei para Brenda com uma expressão de preocupação, sem saber o que esperar.

—Meninas! Laboratório! —Pediu ela pegando sua flecha.

—Se for um deles acerte a cabeça! —Informei friamente, ela balançou a cabeça, a campainha tocou novamente, caminhamos lentamente até a porta, abri e Ethan caiu ajoelhado ao chão, ele estava muito ferido, sua cabeça sangrava e seus olhos estavam roxos de tantas pancadas.

—Eu sei onde Nicolas está. Posso te ajudar se me prometer uma coisa. —Sua voz saia fraca e rouca.

—O que quer?

—Quero que mate meu pai.

Examinei Ethan prostrado na porta, estava confuso e ferido com um olho roxo, resolvi deixá-lo entrar. A índia mesmo desconfiada não desacatou minha decisão. Alana escutou e ficou preocupada com seu melhor amigo e logo o cobriu de perguntas.

—Você está bem? O que houve?

—Alana, você pode cuidar dele, por favor? —Pediu Brenda.

—Sim. Não se preocupe! —Alana levou Ethan para cozinha, um dos índios trouxe Alice no colo e seguiu Alana.

—Confia mesmo nele? Pode ser um truque! —A Índia brigou comigo.

—Ele sabe onde Nicolas está. Isto basta. —Expliquei, ela balançou a cabeça apreensiva, mas desprezei virando as costas. Voltei a procurar o livro por mais alguns minutos, já estava ficando irritada com a busca interminável. Perguntei-me o que havia de tão significativo no livro e por que vovó o deixaria aqui. Nada fazia sentido. Ao terminar de olhar a sala fui procurar respostas com meu criador.

—Quem fez isso com você? —Perguntou Alana limpando a cabeça de Ethan com um pano úmido. Ele não respondeu, estava nítido o medo em seus olhos.

—Sinto muito por Nicolas. Eles não vão deixá-lo vivo. —Ele tentou mudar de assunto.

—Sabe onde ele está? —Alana perguntou ansiosa. O garoto ferido balançou a cabeça afirmando entristecido.

—Ethan! O que aconteceu? —Perguntou Alice. O garoto respirou profundamente e escolheu cuidadosamente suas palavras, tentando se fazer de vítima. No entanto, não confiava nele. Tudo parecia ser uma farsa, um jogo para nos distrair. Eu estava desconfiada e não estava convencida de que ele estava dizendo a verdade. Depois de descobrir o paradeiro de Nicolas, eu faria Ethan pagar por ter me transformado em um monstro. Eu estava determinada a fazê-lo sofrer pelo que me fez passar.

—Durante toda a minha existência, fui manipulado por ele, usado como uma ferramenta para cometer crimes hediondos em troca de riquezas e luxos efêmeros. Por um instante, acreditei que havia encontrado a felicidade ao seu lado, mas agora sei que tudo não passou de uma cruel ilusão. Ele me enganou com falsas promessas, alimentando minhas ambições e sonhos com mentiras ardilosas. Aprendi suas técnicas de luta e tortura, em uma tentativa vã de me tornar um soldado valoroso e admirado. Mas, com o tempo, percebi que minha vida era apenas mais um peão no seu doentio jogo de ganância e poder.

—Ele estava simplesmente passando o seu legado. Você é o herdeiro dele. O segundo mais velho, o único que queria segui-lo. —Explicou Alana.

—É nós sabemos que o Bryan sempre o insultou. Mas você é diferente. É um bom filho. —Disse Alice.

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