Capítulo IV

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Qualquer um tem o poder
Eles não percebem pois não entendem
Dando voltas e voltas por horas
Você e eu temos o mundo em nossas mãos.
- Heroes, Tove Lo

***

- Bom dia - falou meu pai ao me ver descendo as escadas.

Ele estava sentado tomando café em uma xícara branca enquanto folheava alguns papéis que deveriam ser da delegacia.

- Bom dia - respondi sorrindo tentando não mostrar pra ele que eu não estava bem.

Minha cabeça ainda doía. Ainda fazia questão de lembrar cada palavra que me disseram ontem a noite. Seria bem melhor simplesmente esquecer.

- Será que poderia me levar à escola hoje? - perguntei tentando atrair sua atenção que era totalmente voltada aqueles papéis - Ou esses papéis são mais importantes?

- Querida, estou prestando atenção. Continue - falou ele sem tirar os olhos daquelas folhas, suas palavras só provaram que ele não estava dando a mínima para o que eu falava.

- Ah, claro. Vou pintar meu cabelo de verde e fazer tatuagens - falei ainda sem atrair sua atenção - Se sobrar dinheiro depois que eu vender a casa para comprar drogas - então por fim ele levantou os olhos para me encarar.

- Repete isso e vai ficar de castigo até o natal do ano que vem - falou ele.

- Pensei que já estivesse - comentei.

Ele se voltou novamente para os malditos papéis me fazendo ter vontade de os arrancar de suas mãos.

- Poxa, Pai! - protestei - O que tem de tão importante aí que não pode prestar atenção em mim?

- Desculpe, Lucy - falou ele forçando um sorriso - É que ontem ouve um assassinato. Na floresta - a última parte saiu como uma advertência.

- Já falamos sobre isso - tentei por fim no assunto.

Meu pai parecia querer me mostrar a cada 5 minutos o quanto minha atitude foi idiota. Falava no mesmo assunto 3 vezes por hora. Chegava a ser irritante.

Eu quase morri. Será que ele não percebeu que aprendi a lição?

- O que você queria mesmo - perguntou ele desistindo do assunto "A reserva de Beacon Hills é proibida para você".

- Pode me deixar na escola?

- Sim, está pronta? - perguntou ele - Preciso sair agora para entregar isso ao Stilinski.

- Sim, estou.

Fui até o sofá pegar minha bolsa e na volta encontrei meu pai segurando um colar que eu conhecia muito bem.

- Achei isso quando estava terminando de esvaziar umas caixas.

Me lembrava bem daquele colar. Era simples, mas jamais trocaria por qualquer outro cheio de frescuras.

Um cordão preto enlaçava uma pedra rosa. Não lembrava de quando ganhei. Sempre que perguntava para minha mãe ela dizia que eu sempre tive. Mas é óbvio que eu não nasci com isso.

Dei o meu melhor sorriso para meu pai, que só contribuiu com o aumento da minha dor de cabeça. O abracei apertado e ele retribui com dificuldade pela intensidade do aperto.

- Obrigada por achar - disse por fim.

***

Eu tentava, sem sucesso, ligar o rádio do carro de meu pai. Mas ele simplesmente decidiu que hoje não iria proporcionar som para ninguém.

Wait For The Next Full MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora