Os Invasores

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Era por volta das 5 horas da manhã quando ouvi algumas vozes do lado de fora do meu quarto. De início achei que fosse tio Hank tendo mais um de seus constantes ataques de pânico durante o sono, mas lembrei que ele estava na cama acima da minha. Então peguei o revólver que deixei embaixo do meu colchão, minha lanterna de bolso, abri a porta bem devagar e me deparei com 3 rapazes armados conversando entre si:

- Josh, larga de ser medroso, nós vamos apenas pegar um pouco de comida de ir embora!

- Cala a boca Zeke! Isso é errado, as pessoas que moram aqui precisam da comida pra sobreviver! Acho que Ben deve me entender.

- Ei seus dois idiotas, vocês estão sussurando tão alto quanto falam, nem parece que são meus irmãos.

- Ei rapazes, que tal vocês soltarem as armas e nós sentarmos pra conversar um pouco. Eu disse enquanto apontava o revólver pra eles, que obedeceram sem pensar duas vezes.

Eu os guiei ao refeitório, acendi as luzes, peguei algumas latas de feijão e coloquei para aquecer.

- Que tal vocês se explicarem enquanto a comida esquenta? Quem são vocês e o como entraram aqui?
O mais alto deles me respondeu:

- Eu sou Benjamin, e esses são Zeke e Joshua. Somos tudo o que sobrou da nossa família, eu sou o irmão mais velho e eles são gêmeos, nós invadimos quando 3 rapazes de preto saíram daqui e um senhor fechou a porta, ele esqueceu de trancar então nós entramos e nos escondemos em um dos quartos com a intenção de pegar um pouco de comida.

- Mas porque não tentaram simplesmente pedir a comida? Perguntei.

- Tinhamos medo de que vocês tentassem nos matar como todos os outros. Me respondeu Zeke.

- Entendo. Rapazes, o que acham de entrar para o nosso "grupo"? Nós somos 10 mas acho que não custa nada dividir comida e abrigo com quem precisa.

- Muito obrigado senhor! Zeke andou em minha direição e me deu um forte abraço.

- Podem me chamar de Alex.

O feijão finalmente ficou pronto e, enquanto eles comiam, eu acordei os outros para apresentar nossos mais novos integrantes.

Todos os receberam bem e pegaram uma porção do feijão, apenas Tasha continuou dormindo.

Quando era por volta das 8 horas da manhã, eu entrei no quarto de Tasha, segurando uma bandeija com algumas frutas desidratadas e uma tigela de cereais e leite.

- Bom dia Al. Ela disse, com um dos olhos aberto.

- Bom dia Tasha, preparei isso pra você, não é o que estavamos acostumados, mas é o que teremos até o fim desse desatre.

- Quero te agradecer por me salvar ontem. Outra pessoa certamente me deixaria lá como isca.

- Não precisa agradecer Tasha, eu apenas fiz o que achei ser a coisa certa, afinal, o erro foi meu, ninguém merece morrer por minha culpa.

- Não culpe-se assim, todos erramos, o erro sendo grande ou pequeno, continua sendo só um erro, a natureza humana é essa.

- Que bom que você me entende. Eu parei e por um momento fiquei apenas admirando o rosto dela, seus longos cacho, seus vibrantes olhos castanhos, e sua pele negra, aconchegante como uma xícara de chocolante quente. Ela era linda, de longe a mulher mais linda que eu já havia conhecido.

- Que foi? Perguntou ela, fazendo me voltar a minha realidade.

- Nada não, estava só te admirando.

- Como assim me admirando?

- Seus olhos, seu cabelo, seu sorriso, você é linda, e não é só por fora.

Pude ver sua cara de sono se tornar vergonha em um instante. Ela hesitou um pouco, mas logo pôs uma das mãos em meu rosto e me beijou.

-Me desculpa... Eu não devia...

Eu coloquei minha mão esquerda em sua nuca e retribuí com um longo beijo. Paramos apenas quando Kutbërg bateu na porta.

- Dr. Lewis? Você está aí? Disse o jovem alemão num tom enérgico

Abri a porta e ele prosseguiu.

- Precisa ver algo, Maxwell e Edward capturaram um zumbi vivo! Eles o amarraram em uma cadeira no laboratório.

- Me dê alguns minutos, logo estarei lá.

Ele correu em direção ao laboratório, então fui em direção a Tasha, dei um suave beijo em sua testa e fui para meu quarto.

Após me trocar e ir para o laboratório vejo Kutbërg cortando a pele do topo do crânio do zumbi e cerrando a parte exposta e exibindo o cérebro do morto-vivo, tudo agora tinha que ser feitocom o maior cuidado. Então eu lentamente fui retirando algumas amostras de diversos lugares do cérebro do zumbi, mas nenhuma indicava a presença de sangue, ou coisa semelhante.

- Isso significa que pode não haver cura para quem já virou zumbi, mas posso tentar criar uma vacina que conceda imunidade para quem ainda é humano. Disse Kutbërg.
- Entendo, comece a trabalhar na vacina. vou organizar um grupo para procurar por sobreviventes, toda a ajuda é bem vinda. Respondi.

Às 14 horas, eu, Max, Ben, Zeke e Josh partimos em direção à cidade. Ao chegarmos, fomos recebidos calorosamente por 5 zumbis que viravam à esquina.

Era zumbis evoluídos, vieram correndo sob quatro patas em nossa direção, eles haviam evoluído a ponto de seus dedos grudarem e virarem patas.
Eles gritavam e grunhiam enquanto pulavam sobre os carros.

Bem acertou um tirou de fuzil no zumbi mais próximo, Zeke acertou os dois mais afastados com um revólver calibre 38 que tinha, já eu e Josh, que estávamos com bastões de beisebol, corremos e esmagamos as cabeças dos dois zumbis restantes com apenas um golpe em cada.

Escutei um choro e logo olhei para um carro, então vi uma criança chorando lá dentro. No banco da frente, aparentemente seu pai havia sido mordido, ele se transformou segundos depois, mas não conseguia morde-la devido ao cinto de segurança.

Então peguei o revólver de Zeke e acertei a cabeça do zumbi pelo vidro. Logo após, corri até o carro, abri a porta e tirei a criança, que havia desmaiado, de dentro do carro. O alarme disparou e eu pude ver uma multidão de zumbis virando a esquina.

Entramos em uma van de um programa de notícias, removi o corpo do motorista do veículo e dei partida.
Ao chegarmos no abrigo a criança acordou e começou a chorar e gritar sem parar.

- Papai! Papai! Cade meu pai? Dizia a garota.

- Qual seu nome? Perguntei

- Ashley, meu nome é Ashley.

- Fique calma Ashley, de hoje em diante eu sou vou cuidar de você e essa será sua família, está bem?

- Mas e o meu pai?

- Seu pai pediu para que eu cuidasse bem de você, e que você fosse uma boa menina ok?

Ela deu um sorriso, enxugou as lágrimas e adormeceu em meu ombro. Então entramos no abrigo e eu a levei até um quarto próximo ao meu, para que ela pudesse descansar, afinal ela teve um dia tão longo quanto o meu.

YearZ - Há uma EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora