Dark Moves Of Love

Move Nine

DARK MOVES OF LOVE

capítulo nove

Seus olhos demoraram a focar nos milhões de flashs que invadiram seu campo de visão. Ela odiava isso. A cegavam brutalmente, ainda mais por seus olhos serem claros como a neve. Lauren sentiu a vontade de xingá-los vir à tona - algo que estava acostumada a cada vez mais sentir -, mas apenas engoliu-a do modo como se engolia veneno.

Passou queimando por sua pele.

Eles não tinham dó, diferentemente da cantora. Gritavam porcarias e ordenavam que olhasses para o brilho ofuscante. Empurravam seus corpos contra os dos seguranças, que automaticamente acabavam esmagando Lauren entre metros e metros de altura e largura. Sua pele ardia vívida em eletricidade, como se seu subconsciente a preparasse para algum perigo.

"Ignore-os." Ela ouviu Danny sussugritar em seu ouvido. "Estão sempre querendo chamar atenção."

E eles próprios não estavam?

Danny herdara o nome de um dos personagens mais conhecidos de filmes. Até os dezoito ele se vestia exatamente igual ao John Travolta em Grease, porém largara e resolvera virar o dark. Tatuagens pelo corpo todo, alargador, óculos escuros e uma bateria como melhor amiga. Era galã, sempre de óculos escuros, bebia sempre que podia, ria e falava alto demais.

Rupert era ruivo, gordinho e usava camisas de cartoons o tempo todo. Não precisa falar mais do que isso.

Marcus mantinha o bronzeado geladeira, e resolvera deixar seus longos e lisos fios de cabelo da mesma cor, além de ser tão magro que um simples assopro o levaria. Seu baixo brilhava rosa neon.

E Lauren... Bem, era Lauren.

(Óbvio que o fato de serem a banda mais conhecida ultimamente também ajudava muito no quesito 'chamar atenção'.)

"Jauregui! Ande, ande!"

Seus pés se atrapalharam no apresso de pular dentro da van, tanto que seu corpo bateu no acento que nem uma jaca num chão. Espatifou-se toda, porém ajeitando-se rápido o suficiente para se privar de mais dor - Rupert jogou-se ao seu lado. Sua juba laranja estava grudada em seu rosto por conta de suor.

"É sempre uma aventura sair de shows, não?" Ele brincou, um sorriso irônico na cara. "Como se estivéssemos num filme de ação, fugindo do perigo em meio a multidão."

Lauren sorriu. "Rimas, rimas everywhere."

"Eu sou um poeta!

Três caras e uma mulher

Juntos

Catando moças

E escrevendo toscas

Músicas bobas."

"Deus! Como poeta, você é um ótimo guitarrista!"

Rupert mostrou todos os dentes. "Obrigado!"

"Em falar em divindades, eu estava rezando aos milhares de deuses existentes para conseguir chegar na van sem perder mais um óculos."

Danny estava sentado no último banco, esparramado sobre ele, fechando e abrindo os braços sobre a cabeça. Era o seu ritual pós-show: fazer o sangue circular para ver se a dor passava depois de tantas horas batucando.

"Só nesse último mês eu perdi quatro! QUATRO MALDITOS ÓCULOS-ESCUROS DA MINHA MARCA PREFERIDA! Essa gente parece que acha que somos Et's, correndo atrás de nossas peles cor de rosa a fim de tocar. Eu ein, cadê o resto de humanidade?" Ele abriu os olhos para espiar o resto. "É sempre a mesma coisa na hora de sair dos estádios."