Dark Moves Of Love

Move Ten

DARK MOVES OF LOVE

capítulo dez.

Começou como um tapa.

Camila acordara, sentira o baque de exaustão do dia anterior ao tomar banho, e resolvera tomar algo forte que a fizesse estar pronta para o que este poderia trazer.

Ela deu passos atentos até a cozinha, o trauma da noite anterior ainda vívido em sua cabeça. Espiou seus braços, onde haviam arranhões e hematomas. Não precisava nem se esforçar para ouvir a barulheira guardada no fundo da mente, as luzes piscando em seus olhos e deixando-a cega.

Os xingamentos.

Ela parou e respirou fundo.

"Eles não podem te machucar mais do que isso." Disse, em voz alta.

Tadinha, como se isso fosse adiantar alguma coisa.

"Eles não podem te machucar mais do que isso." Repetiu. "Eles-"

Seus olhos demoraram para entender o que era o amontanhado de malas, e o homem sentado no sofá. Ela chegou a franzir as sobrancelhas, processando tão lentamente quando seu celular no 3G.

"Bom dia?"

Ezra ergueu o olhar quando ela entrou na sala, e estava claro alguns hematomas em seus braços pelo empurra-empurra de ontem, além das olheiras marcantes mesmo na pele escura. Ele nada disse, apenas encarou-a através dos cílios escuros.

Camila conhecia aquele olhar.

Era simples. Tão simples que chegava a ser complicado.

Ela contou até dez.

"Ezra? O que está acontecendo?"

Ele levantou do sofá como se carregasse o peso do mundo nos ombros.

Parou. Voltou a observá-la. O preto no castanho, castanho no preto. Franziu as grossas sobrancelhas e achou que seus tênis gastos eram mais agradáveis de olhar do que a mulher a sua frente.

"Vou voltar a dividir apartamento com o Pietro." Ele afirmou. "O meu quarto ainda tá vazio então-"

"O seu quarto é aqui." Camila rebateu, sentindo um leve desespero e atordoação por mal ter acordado ainda.

"Não é mais."

Ela levantou as sobrancelhas, dando passos lentos até ele.

"Ez. Eu sei que as coisas tão complicadas, mas..."

"Eu não vou discutir isso de novo com você, Camila."

"Não é uma discussão. Mal começamos a conversar."

Ezra passou a mão pelo pescoço. Ele se moveu desconfortavelmente para o lado, olhando-a com a cabeça inclinada, como se fosse mais fácil entendê-la torta. "Nós não temos o que conversar."

Camila sentiu a verdade vir a tona. Ezra havia entendido algo que nem ela quisera acreditar.

Seus lábios se partiram tanto quando seu coração, e recusou a ver o olhar destruído e decepcionado de alguém que se importava tanto com ela. Camila se sentia como uma idiota, uma maldita idiota.

As palavras sairam como um sussurro. "Diga. Diga logo."

Ezra segurou o olhar no dela por um tempo. "Eu estou indo embora, Camila. E dessa vez é para sempre."

"Oh."

"Não finja que você não está feliz com isso."

"Eu não estou."