Primeiro dia - a revelação

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Aquilo ficou martelando em minha cabeça.

Cada respiração minha parecia um esforço irracional.

Olhei para Hermione. Tentei falar, mas não saía nenhum som da minha garganta.

Hermione estava grávida.

Era um fato simples.

Mas parecia mudar tudo.

Eu nunca pensei que pudesse amar alguém além dela. Todo o meu mundo girava em torno da minha esposa. Mas agora o eixo dele parecia ter se descolado alguns centímetros para acolher um novo campo gravitacional que, apesar de tudo, fazia tão parte dele quanto Hermione.

Um bebê. Meu filho.

Hermione seria mãe...

A simples imagem de uma criança crescendo dentro daquele corpo que eu amava tanto era maravilhosa demais para expressar em palavras. Uma parte de mim, o meu sangue, estava ali agora, provavelmente já ecoando, em seu ventre, as batidas minúsculas de um pequeno coração.

Eu ia ser pai.

– Rony... - Hermione sussurrou, parecendo angustiada. Devia estar entrando em pânico pela minha falta de reação.

Sacudi a cabeça e engoli em seco - mas não de temor.

– Hermione...

Me levantei, tentando saber para onde raios o oxigênio do quarto havia ido; por um momento, eu tinha esquecido como era respirar.

Apoiei as mãos na escrivaninha, ainda meio paralisado pela notícia.

– Hermione... - olhei para ela - você... quer dizer que.... eu vou ser pai?

Hermione deu um sorriso receoso.

– É.

Não sei como nem por quê, mas em um momento eu ainda estava bambeando na escrivaninha, e no outro, estava rodando Hermione no ar, beijando-a que nem um louco.

– Eu vou ser pai!

Hermione riu, tentando enxugar as lágrimas que caíam em cascata de seus olhos. Ela apertou o nosso abraço, aninhando a cabeça no meu ombro.

– Vai, seu bobo. Vai sim...

Me afastei para olha-la, ainda abraçando-a.

– Era por isso que você estava preocupada hoje de manhã?

Ela corou.

– Eu... - sua voz quebrou levemente - não sabia... como você reagiria...

– Bom... se você queria me fazer pirar, conseguiu - brinquei, estranhando sua insegurança.

– Você pirou? - indagou ela, rindo de novo.

– Pombas, é claro que eu pirei. Vou ser pai!

Hermione parecia insanamente feliz. E eu também.

Agora poderia parecer besteira, mas no momento me pareceu completamente natural e necessário me ajoelhar para abraçar sua cintura e beijar sua barriga, aonde nosso bebê deveria estar aninhado agora. Hermione soluçou e começou a chorar outra vez, mas com um lindo sorriso desviando suas lágrimas.

Gina voltou ao quarto, e parecia surpresa com a cena que encontrou. Segurava uma bandeja com chá, que pousou no gaveteiro para poder cruzar os braços e rir.

Me levantei, um tanto constrangido, mas definitivamente contente.

– E então? Cortou o fio vermelho, Hermione?

– Não sei - disse Hermione brincando. Ela olhou para mim - ainda corremos esse risco, Rony?

– Acho que não - abracei-a novamente, beijando seus cabelos.

– Caramba, a Molly vai infartar - disse uma voz vinda da cozinha. Ah, não.

– Não duvido - resmunguei para Harry, que entrou no quarto com um expressão curiosa - ela já quase infartou. Duas vezes. Por sua causa.

GIna ficou vermelha e bem irritada.

– Ah, não. Parou, Rony. Vamos deixar em paz a vida íntima dos outros? Faz bem pro...

– Onde está Tiago? - perguntou Hermione, cortando a besteira que Gina ia falar.

– Ficou na casa da Luna - falou Harry, cutucando uma Gina bufante - brincando com a Meg. Luna disse que ele podia ficar lá enquanto a gente vinha aqui... mas a gente já vai ir embora para busca-lo, não é, Gina?

Gina revirou os olhos, batendo o pé. Parecia uma menininha do primeiro ano outra vez.

– Tá, beleza. Tome o chá, Hermione, ou vai esfriar. E você - ela cutucou meu peito antes de sair esvoaçante do quarto - cuida bem do pacote e da encomenda.

Hermione ergueu as sobrancelhas, dividida entre o desdém e o humor.

– Pronto - Hermione suspirou depois que minha irmã e meu amigo-cunhado-mala-sem-alça já tinham ido embora, tentando tomar o já frio chá de erva-doce - agora virei um pacotinho.

– Eu prefiro chamar de pacote completo - eu disse antes de faze-la largar a xícara e pega-la no colo.

Hermione só parou de rir quando a calei com meus beijos e a coloquei na cama.

– Vai ser uma longa ladainha - murmurou ela enquanto eu estava ocupado beijando seu joelho.

– Vai valer a pena - respondi, puxando-a para mais perto.

Dormimos abraçados, enquanto eu tinha minhas mãos pousadas em seu ventre, abraçando nosso futuro filho.


De Botão À FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora