Cinco dias depois do nascimento de nossa filha, Hermione finalmente recebeu alta do Saint Mungus. Estava um tanto abatida - provavelmente pelo fato da Poção Anestésica não ter tido efeito suficiente durante o parto - mas, em outros aspectos, parecia bem.
Quando chegamos em casa, levamos Rosa diretamente para seu quarto, que havia sido decorado no mês anterior.
Mesmo eu não podia deixar de me enternecer com o lugar... era todo rosa-claro, com um berço branco de forma oval no canto. Um delicado móbile com miniaturas de dragões e corujas prateadas pendia acima do berço, rodando em círculos ao passo que as figuras se mexiam. Nas paredes, desenhos de rosas e outras flores haviam sido feitos por Hermione e Luna. E, por todo o canto, havia bichos de pelúcia que havíamos ganhado de nossos amigos e família.
Hermione colocou Rosa no berço delicadamente, tremendo um pouco. Senti uma simpatia divertida ao ver que não era o único embasbacado e inseguro com a paternidade - ou, no caso dela, a maternidade.
Rosa chorava um pouco - um choro que parecia que ia despedaçar meu coração. Quase tentei pega-la no colo por instinto, mas Hermione segurou minha mão, rindo.
– Não, é assim mesmo - Hermione sorriu - ela tem qua acostumar com o quarto. Está assustada.
Ela se aproximou de Rosa e estendeu a mão para afaga-la, arrulhando para ela no que achei ser francês.
– Ne pleure pas, ma chérie. Maman est ici. Votre papa est là.
– Traduz - gemi, cutucando-a.
Hermione me cutucou de volta, balançando a cabeça.
– Só estou falando o que ela já sabe depois de nove meses... que os pais dela sempre vão estar aqui.
Abracei Hermione, beijando sua cabeça.
– Sempre.
Parecia que a maçaroca francesa que Hermione havia soltado funcionara: Rosa estava quieta, com os olhinhos fechados, provavelmente dormindo.
– Quem diria... esse seu bando de palavrões fez ela dormir.
Ela me acotovelou fingindo irritação, mas parecia prestes a cair na risada.
Rosa parecia ter um sexto sentido que permitia a ela descobrir quando nos afastávamos, já que só bastou eu e Hermione virarmos para sair para ela começar aquele choro aflitivo outra vez.
– Sua vez, papai - brincou Hermione, acenando para eu ir até o berço.
Peguei Rose morrendo de medo. Ela era mole como um saquinho de pão absurdamente pequeno - um saquinho que começava a se mexer irritado.
– Shh.. calma, Rosa.
Tentei embalar desajeitadamente seu corpinho em meus braços. Santo Deus, ela era tão pequenina... será que todo mundo nascia daquele tamanho mesmo?
Hermione pegou-a do meu colo como um balaço.
– Qual é! - murmurei - eu tô tentando embalar minha filha, sabia?
Hermione olhou de soslaio para mim, mordendo o lábio como se reprimisse um sorriso.
– Já identifiquei esse choro. É fome.
Observei, aturdido e curioso, Hermione posicionar Rosa em seus braços e, sem cerimônia alguma - para meu choque - abaixar a blusa, o sutiã e colocar a bebê para amamentar.
Mas não pude sentir nada de malicioso ou sensual com aquilo.
Na verdade, eu nunca vira algo tão lindo como a primeira vez que vi minha esposa alimentar nossa filha. Se um quadro daquele momento fosse pintado, seria provavelmente a mais bela obra de arte desde Da Vinci.
Hermione parecia sentir meus olhos nela, pois pude notar um leve rubor em sua bochecha.
Rosa realmente estava faminta, pois demorou quase dez minutos para ela finalmente adormecer, com a cabecinha repousada no busto da mãe.
– Será que ela dorme agora? - indaguei, ainda atordoado depois daquela cena delicada.
– Provavelmente - disse Hermione, aninhando outra vez Rosa em sua cama.
Fiquei observando Hermione contemplar nossa filha por longos segundos. Me aproximei por trás dela, enlaçando sua cintura. Senti sua mão apoiar meu rosto enquanto eu beijava sua bochecha.
– Parabéns, mamãe - eu disse, brincando - estou orgulhoso de você. Mais uma vez, foi fantástica.
– Você também foi bem, papai - ela empurrou meu rosto contra sua testa, suspirando.
Em resposta, meus braços em sua cintura se apertaram.
– Você ficou linda com um barrigão. Mas vou mentir se disser que não senti falta do seu corpinho reto - minha mão fez um contato brincalhão com a coxa de Hermione, e ela quase gritou - ops, quase reto, quer dizer.
– Filho da... - Hermione começou, parecendo dividida entre me estapear e me abraçar, antes que eu a calasse com um beijo.
De onde estávamos, fomos direto para o outro quarto - o nosso - aos tropeções. Minha visão e a de Hermione estavam muito ocupadas um no outro para ver aonde íamos.
Hermione simulava uma luta para se desvencilhar de mim, mas tudo acabou do jeito de sempre, com nós dois rindo como uns bestas na cama.
Hermione deu outro gritinho quando fiz menção de puxar seu roupão.
– Caramba, Rony - ela simplesmente parecia adorável quando era maliciosa - acabei de botar sua filha no mundo. Preciso de umas férias.
– Do quê?
Ela ergueu a sobrancelha. Só fiz questão de rir de sua expressão entorpecida.
– Sabe... - o corpo dela se desmanchou no colchão quando beijei seu pescoço - de repente, sabe... nós podíamos encomendar um irmãozinho para Rosa.
– Humm... a ideia não me parece tão ruim... - brincou Hermione, puxando minha boca de seu pescoço para cola-la na sua.
De longe, o choro de Rosa nos fez parar. Hermione olhou para mim.
– Nem vem – empurrei Hermione para fora da cama – é a sua vez.
– Não, é a sua – Hermione fez beicinho.
– Ah, que seja – revirei os olhos, jogando-a de volta para a cama enquanto ela ria.
Enquanto ia acudir Rosa, comecei a pensar no como a vida é cheia de momentos bobos. Momentos bobos esse que nos permitem, na verdade, chama-los de vida.
Minha mãe me educou sempre dizendo que cada um já nasce com um objetivo no mundo.
Eu não tinha muita certeza se eu teria outros objetivos além dos que eu já tinha, mas se um deles era ter uma família maravilhosa, ter uma vida perfeita após o fim da Era das Trevas, amar minha esposa e filha e alcançar a felicidade, este objetivo estava chegando perigosamente perto de ser alcançado.
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De Botão À Flor
FanfictionSinopse: Um dos periodos mais fantasticos da vida de Rony e Hermione, repleto de altos e baixos, mas que, no fim das contas, foi definitivamente memoravel. Narrado por Rony Weasley