Depois de muito conversar e rir com meus amigos, vi que já estava na hora de conversar seriamente com meu amor. Ele ficou o tempo todo sentado na poltrona em um canto do quarto sem dizer uma palavra se quer. As vezes nossos olhares se cruzavam mas logo ele os desviava. Não sabia o que estava acontecendo com ele, mas sabia que sofria, eu via em seus olhos. Eu queria tanto abraca-lo, beija-lo, conversar, ter ele pra mim. Matar essa maldita saudades que por meses esteve ao meu lado.
- Gente. - Chamei a atenção de todos e eles se calaram e olharam para mim. - Eu preciso conversar sozinha com Thomaz.
Assim que disse seu nome ele levantou o olhar e me encarou, encolhi os ombros.
- Vamos embora cambada. - Gritou Vic e eu ri. Minha amiga estava de volta. - Ela tem que conversar.
Todos me deram beijos na bochecha e saíram deixando ele e eu sozinhos no quarto.
O clima ficou tenso do nada, nem sei porque. E o silêncio tomou conta do ambiente.
Peguei minhas muletas e com muita dificuldade me levantei e com muita dor andei até ele.
- Você não pode andar. - Falou ele apavorado com o meu ato.
- Eu já estou bem. - Menti. - Agora deixe que eu sente em seu colo.
Ele se reconfortou na poltrona e eu com dificuldade me sentei em seu colo.
- O que foi? - Perguntei.
- Nada.
- Você não consegue mentir pra mim, eu sei quando mente. Só eu sei. - Disse a ele. - Agora pare e me conte, o que está acontecendo com você?
- Tudo Thay, tudo. - Olhou para mim. Seu olhar tinha dor. - Por culpa minha você está no hospital pela segunda vez. Eu não sou boa companhia para você. Comigo você só se machuca.
- Amor, a culpa nunca foi sua. Pare de se culpar por algo que você não pode impedir.
- E por isso que me culpo Thay! Porque não puder impedir. Ele te machucou, te maltratou, a gente quase perdeu nosso filho, duas vezes! Como posso ser um bom pai se não posso sem se quer cuidar de você direito? - Ele sofria. Eu sentia. - Eu vou ser como meu pai Thay, eu vou ser igual e ele...
- Não! Eu não admito que você se compare aquele homem que quando você estava no hospital nem se deu ao trabalho de ir te ver. Não se compare o homem que não teve reação nenhuma ao saber que seria avo. Você não vê? - Prendi seu olhar ao meu. - Você é completamente ao contrário dele! Você tem amor no coração, você sofreu até mais do que eu quando estava no hospital e vejo que sofreu agora por me ver assim. Meu amor, você vai ser o pai mais maravilhoso do mundo! - Lágrima escorriam dos nossos olhos.
- Como pode ter tanta certeza assim? Como pode colocar tanta fé em mim?
- Eu sei que vai, pode demorar, mas a gente vai aprender tudo junto. Você tem amor de mais pra dar. Eu tenho fé em você por que tu teve em mim.
- Você me mudou tanto. - Ele encostou sua testa na minha. - Você me salvou, me tirou da vida de vadiagem, você plantou todo esse amor que tenho pra dar.
- Nós nos mudamos meus amor...
Ficamos em silêncio por um tempo. Ficamos ali, curtindo apesar de tudo, o nosso momento a três. Eu, ele e o nosso bebê.
- E um menino? - Falou ele depois de um tempo.
- E sim. - Ri em meios as lágrimas que escorriam.
- Nosso garotão. - Riu e beijou minha barriga já mais grande do que me lembrava. - Vou tentar ser o pai mais maravilhoso que você já viu. - Sussurou para a minha barriga.
- E vai ser.
- Prometo.
Senti dor nas minhas pernas.
- Vem se deitar comigo. - Pedi a ele.
- Acho que as enfermeiras não vão gostar muito disso, além do mais a cama não é lá tão grande assim.
- Não me importo. Venha, deita comigo.
Ele se deu por rendido e me ajudou a levantar do seu colo.
- Espera. - Falou ele me segurando pelo braço.
- O que foi? - Perguntei.
- Quando Cezar me disse o que tinha acontecido com você, achei que tinha perdido vocês de vez. Então me lembrei do que minha mãe me disse um vez quando era pequeno. Ela tinha dito que o amor é algo mágico e misterioso, que faz a gente sentir borboletas no estômago, que faz a gente planejar uma vida inteira com uma pessoa, que faz a gente ver arco-íris em céu nublado. Ela me disse que quando eu encontrasse essa pessoa que me fizesse sentir isso tudo, para que eu nunca a deixasse partir. E eu Thay, não posso deixar você ir mais uma vez.
Meu olhos já estavam cheios de lágrimas novamente.
- Talvez seje muito cedo, talvez não seje o momento apropriado para isso, mas eu não quero te perder mais uma vez. - Ele se ajoelhou no chão e tirou um lindo anel do bolso da calça. - Esse anel era da minha mãe, quando o amor significava algo para ela. Ela me deu quando eu era muito pequeno mas eu consigo me lembrar. Ela disse que era pra mim dar a uma única pessoa, a única pessoa por que eu deveria lutar e amar verdadeiramente. Thay, você quer se casar comigo e ser minha pequena para sempre?
Eu já chorava, meu coração batia forte e eu tremia. Todos ja sabiam a resposta.
- Sim meu amor. - Foi tudo que consegui responder.
Ele colocou o lindo e delicado anel em meu dedo e se levantou. Me deu um leve beijo na testa.
- Para sempre nós. - Disse ele.
- Para sempre nós.
E assim a noite se acabou. E confesso, apesar da dor nas costas por causa do peso da barriga, apesar das dores por todo meu corpo, apesar da cama pequena, foi a melhor noite da minha vida.
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Tudo Que Vem Depois - 2 livro de A Baixinha E O Playboy.
RomanceSe tudo fosse fácil a vida não teria graça. Para um amor ser verdadeiro e durar, ambas as pessoas tende a lutar por isso. E por mais que aconteçam coisas para separar esses dois, o amor fala mais alto.