Capítulo 3

408 38 5
                                    

Estou no quarto experimentando a (se não me engano) sexta combinação de roupa para ir ao passeio com a Gabi (e o irmão perfeito dela). Acho que essas peças me convenceram! Está ótimo! Um short branco de renda, uma blusa regata soltinha e uma botinha preta de salto. Faço chapinha no cabelo e o deixo solto. Depois de umas três horas eu estou pronta. Alguém buzina na frente da minha casa e minha irmã aparece gritando.

-Samanta! A Gabi chegou!!

-Vamos então!

Saio trancando a casa e vejo um carro preto parado a poucos metros de mim. Nicolas abaixa o vidro do carro e me dá um Oi com a mão. Nesse momento vejo que ele está acompanhado e não não é só pela gabi. É uma garota, da mesma idade que nós aparentemente. Eu sorrio em resposta e entro no carro, no banco de trás com as duas.

-Boa tarde!

Comprimento geral.

-Oii! Boa tarde!! Você deve ser a Samanta!! Muito prazer eu sou Manoela! Fiquei muito curiosa quando o Nic disse que ia levar uma amiga e sua irmazinha pra passear com a gente!!

Oi?! Para tudo que eu não estou entendendo! Eu sou a entrusa aqui? Ótimo!  Eu devia ter adivinhado! Um deus grego esse nunca estaria andando sozinho por aí dando sopa. Eu já devia saber que ele tem namorada.
Eu sorrio para ela.
Esse dia foi torturante. Ter que passar o dia com a namorada do cara que eu gosto não é lá o melhor programa para uma tarde de terça. Ainda mais com minha irmã e a outra menina correndo por aí freneticamente e nos infernizando para comprar tal brinquedo. 
Agora eu estou no meu cursinho me lembrando da tortura dessa tarde e sem conseguir prestar atenção a aula.

--O que está acontecendo?

Minha amiga Alexia pergunta.

-Nada. Por que não me atendeu ontem?

Digo arrumando as minhas coisas já que a aula acabou.

-Ontem? Que horas?

-Lá pelas onze

-Ah! Eu estava muito cansada e capotei. Por que? Aconteceu alguma coisa?

-Eu e minha irmã brigamos e meu pai não deu uma mísera bronquinha nela

-O que ela fez?

-Rabiscou meus livros

Abro o livro em minhas mãos e mostro a ela o estrago.

-Nossa. Eles não fizeram nada mesmo?

-Nadinha!

Me despeço dela e entro no carro de meu pai que me espera.
Chegando em casa começou a chover. Tipo muito, com trovão, raios e tudo! Deu até medo. Eu até tive a impressão que o teto da casa tremia.

-Que chuva repentina é essa?
Minha mãe pergunta.
Eu dou um beijo na sua bochecha e vou para meu quarto. Quando entro me deparo com um caos. Minhas maquiagens estão jogadas no chão, meu pó está em pedacinhos e meus batons todos sujos. Tem vários sapatos meus jogados no chão e metade das minhas roupas jogadas por lados avulsos do meu quarto.  Olho a figura que está passando meu batom na frente do espelho.
Ela se vira e me cumprimenta.

-Oi Samanta!

Meu sangue ferve e sobe a cabeça.

-Suelen!!!

Ando rápido pisando duro até ela e a agarro pelo braço apertando ele com toda a minha força.

-Você tem idéia do que hoje fez? Olha essa bagunça!!!! Olha o que você fez Suelen!!!!

Grito.
Meus pais aparecem no quarto.

-O que está acontecendo aqui?

Meu pai esbraveja enquanto minha mãe encara meu quarto com a boca aberta.

-Olha o que ela fez!!!! Eu não vou arrumar isso!!

-Samanta solte sua irmã!

Ele diz firme e eu a solto. Ela sai correndo e chorando para o colo de meu pai. Seu braço está vermelho com meus dedos marcados.

-Eu não vou arrumar isso.

Cruzo os braços.

-você vai arrumar sim, se quiser esse quarto em ordem!

Ele diz saindo e minha mãe o segue.

-Mas não fui eu que fiz aquilo!

-E daí? Eu sua mãe também não fomos!

-Mas vocês é que são responsáveis por ela!! Não eu!!

-Samanta para de drama e obedeça seu pai!

-Mas mãe!!

-Sem mas!

Eu respiro fundo duas vezes e me viro para minha irmã.

-Por que você foi nascer? Você é um fardo pra mim! EU TE ODEIO!!!!!

Nessa hora a tempestade fica pior.

-Samanta não fale assim com sua irmã!

Meu pai me repreende.

-O quê? eu estou falando a verdade! Eu te odeio e queria que você nunca tivesse nascido sua inútil!!

Um raio cai num poste e ficamos sem luz no bairro todo. Mas eu não ligo, mesmo sem ver nada eu vou trombando em tudo até meu quarto. Chegando lá eu começo a tacar tudo que toco e percebo que quebra no chão, jogo meu abajur de porcelana, pego as maquiagens do chão e as jogo com força o quebrando (eu espero) em pedacinhos depois me jogo na cama e choro. Choro sem medo e sozinha.  De novo sem ninguém para me consolar, sem ter um colo para onde correr e ser acariciada. Sem ninguém para me dizer que vai passar e que minha irmã é muito má. Nesse sentimento de culpa eu adormeço ouvindo a chuva diminuir.

PERDI MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora