Alaska - A Filha da Rainha do Gelo [concluída]

Enganações

— Ocean? O que você está fazendo aqui? — Abri mais a janela dando espaço para ele entrar.

— Vim te visitar, soube do jeito que foi embora e senti que eu precisava ver se você estava bem.

— Não me lembre daquilo — suspirei fechando a janela — Eu estava tendo uma conexão com a loba, talvez ela tenha corrido justamente por ver a aproximação de quem atirou.

— Sua mãe pensou na melhor forma de te mandar de volta, desse jeito sofreria menos.

— Ah, claro, ótima ideia — falei debochando enquanto trancava a porta — Não pude me despedir de ninguém, nem da loba...

— Já era do conhecimento de todos no Reino gelado que se você tentasse contato com algum animal, você seria mandada embora...

— O que? Isso é sério?

— Sim, o próprio Christopher me falou disso e do plano dele de tentar te levar para a floresta e te fazer tocar em algum animal..

— Espera...se todos do reino sabiam e Christopher bolou esse plano — esfreguei o queixo com o dedo indicador e o polegar — Então...Avanna também sabia, por isso ela me levou até a floresta, ela nunca esteve do meu lado...só se aproveitou para se aproximar e me mandar embora...

— Não posso te responder sobre isso, não sei se realmente foi a intenção dela.

— Não duvido, agora percebo que foi estranha a aproximação dela.

— Não tire conclusões antes de conversar com ela, Alaska.

— Já tirei, vou mantê-la...

— Sei que não vou mudar seu pensamento, então vamos falar de outra coisa...

— E sobre o que quer falar? — puxei a coberta e me cobri.

— Sobre a sua conexão com a loba — Ele disse se ajeitando na cama ficando ao meu lado.

— Não sei explicar, mas senti algo bom quando a toquei...talvez eu nunca mais a encontre.

Passamos algumas horas conversando, Ocean decidiu ir embora quando já estava de madrugada, adormeci pensando no sorriso dele e na Avanna. Quando acordei lembrei vagamente no sonho que havia tido.

A loba correndo em uma floresta coberta de neve, estranhamente eu estava na mente dela, eu enxergava tudo pela visão dela e parecia tudo tão real. Tudo parecia mais real que um sonho, até o gosto de sangue da carne de veado que a loba degustava eu estava sentindo. Escovei meus dentes tentando tirar o gosto que eu sentia, talvez fosse apenas psicológico, tomei um café da manhã simples e fui para o treino de Zaid. Era domingo de manhã, o frio não me afetava como afetaria uma pessoa normal, todos andavam pela rua com casacos grossos , luvas e toucas, eu apenas usava um casaco e um touca para me aquecer.

Os treinos tinham se tornado mais rigorosos depois que fui escolhida como Princesa do gelo e herdeira da Rainha do Gelo. Sempre voltava para casa com hematomas pelo corpo devido às pancadas que tomava na luta. Zaid não pegava leve nenhum dia e hoje não tinha sido diferente, disse que o treinamento rigoroso me faria uma Princesa melhor e que eu obteria mais respeito no Reino Gelado se eu fosse uma boa lutadora.

Já estava exausta quando Zaid finalmente me liberou para ir pra casa. No momento em que cheguei em casa percebi um falatório estranho vindo da sala de estar, tirei meu tênis rapidamente e caminhei até a mesma. Paralisei na porta quando dei conta de quem estava sentada no sofá, respirei fundo e entrei completamente na sala.

— Mamãe?

— Minha filha! — ela se levantou e andou na minha direção, quando tentou me abraçar me afastei rapidamente abaixando a cabeça — O que foi?

— Por que está aqui? — levantei minha cabeça e a encarei nos olhos.

— Como assim? Eu falei que eu desejava visitar vocês e agora tive essa oportunidade...senti saudades de você...

— Saudades? Depois de me expulsar daquele jeito do seu reino? — franzi as sobrancelhas — Inacreditável.

— Filha...eu não fiz por mal, eu achei que fosse melhor desse jeito...

— Achou que fosse melhor me expulsando sem a mínima chance de me despedir de quem eu conheci e me iludi?

— Iludiu? Quem te iludiu?

— Avanna, aquela que eu pensei que realmente quisesse se aproximar de mim! Mas não...ela só queria ajudar o Christopher para me expulsar pois eles sabiam que você me expulsaria se eu entrasse em contato com algum animal!

— Alaska, abaixe o tom para falar com sua mãe — meu pai se levantou me olhando.

— Desculpa...— respirei fundo e voltei a encarar minha mãe.

— Alaska, eu não podia deixar você tomar algum animal como montaria! Me perdoe pelo jeito que fiz você ir embora, mas eu não tinha outra opção.

— Tinha sim, conversar compito era uma delas, agora peço licença, estou exausta e suja do treino — virei as costas e corri para o meu quarto.
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O jantar havia sido desconfortável com o silêncio no começo, mas logo meu irmão quebrou o clima perguntando coisas sobre o paraíso. Não julgava a empolgação do meu irmão, parecia uma criança empolgada, mas eu entendia como ele estava se sentindo, não era fácil conter toda aquela emoção dentro de si. Depois do jantar queria ir dormir, porém fui impedida de realizar meu desejo quando minha mãe me implorou para ficar mais tempo com ela. Meu coração não aguentaria tratar ela friamente, ficamos tanto tempo sem nos ver e agora eu devia aproveitar essa chance que o destino me dava, então assim fiz.

De manhã acordei no sofá deitada nas costas do meu irmão, me levantei esfregando os olhos e escutando os resmungos baixos do meu irmão enquanto eu tentava sair de cima dele. Fui até a cozinha onde meu pai prepara seu café, perguntei a ele onde minha mãe estava, ele responde que ela tinha ido embora de madrugada. Meu pai ainda estava um pouco abalado pelo desaparecimento de Ashley, me doía saber que eu tinha feito aquilo com ele. Fui para o meu quarto onde me arrumei para ir à escola, quando estava chegando na esquina da minha rua escutei uma buzina de moto, olhei para trás encontrando Chad.

— Oi...— sorri quando ele parou a moto.

— Oi, está afim de ir para aula ou quer dar uma volta?

— Dar um volta? Você quer que eu mate aula com você? — franzi as sobrancelhas cruzando meus braços.

— É...— ele me entregou o capacete — Ou você prefere já começar o dia com aulas de física do senhor Watson?

— Pensando bem...um dia não mata ninguém — coloquei o capacete e subi na moto.

— Vamos aprontar um pouco — ele colocou o outro capacete e acelerou com a moto.