Alaska - A Filha da Rainha do Gelo [concluída]

Uma visita misteriosa

Meu pai tentava não expor que estava abalado, mas eu sabia que ele estava sentido pela Ashley ter ido embora, sei que era errado da minha parte mentir o verdadeiro rumo das coisas. Aquelas coisas martelavam na minha mente o tempo todo, quando eu estava nos treino com Zaid pensava em dizer tudo, quando eu ouvia meu pai chorar no quarto eu queria contar tudo, mas eu não podia, simplesmente não podia.

Mas algo me assombrava muito mais que esses questionamentos sobre dizer ou não dizer. Eu temia que os 9 tivessem testemunhado tudo que eu fiz, apesar de tudo eu tentava não acreditar que eles já sabiam. Talvez nem todos soubessem, talvez só Anya, Rainha da água,  soubesse depois que joguei os restos mortais dentro do lago, talvez ela estivesse zangada comigo agora, talvez já tivesse ido contar a minha mãe. O único que eu tinha certeza que soubesse era Raiden, afinal ele era Rei dos mortos e talvez Ashley já tivesse com ele.

O medo me aterrorizava, passei noites sem dormir direitos, pesadelos quando conseguia finalmente cair no sono, sonhava com Ashley ao lado de Raiden como se fosse sua esposa, era algo horrível, às vezes sonhava com ela me matando. Josh sabia que algo estava acontecendo comigo, sempre me perguntava, mas eu dizia que era só um cansaço dos treinos de Zaid.

— Alaska? Alaska? — escutei alguém me chamar, levantei minha cabeça enxergando Leo me chamando — Doida, já acabou a aula e você ainda está aí, vamos embora...

— O que? São que horas? — me levantei esfregando os olhos — Não ouvi o sinal tocar.

— Percebi — Leo riu saindo da sala — Vamos andando.

— Claro — saímos do colégio, avistei Chad em cima de uma moto estacionada próxima a uma árvore.

— Aquele ali não é o Chad? — Leo perguntou baixo ao meu lado.

— É sim...— desci os degraus enquanto ele me olhava, não tínhamos se falado depois do acontecimento na quadra, tentei evitá-lo todos os dias.

— Alaska, me perdoe, mas eu tenho uma emergência e eu não vou poder ir com você — Leo desligou o celular — Você vai ficar bem em ir sozinha?

— Pode ir, tá tudo bem, minha casa não é muito longe daqui — o abracei e ele foi embora. Chad me encarava segurando o capacete, o olhar dele estava me deixando nervosa — Perdeu alguma coisa?

— Você — Chad riu — Vi que te deixaram na mão, quer uma carona?

— Não, obrigada — comecei a andar, Chad ligou a moto e parou na minha frente — Sobe aí, não quero ser responsável se algo ruim acontecer com você.

— Eu sei me cuidar, licença — cruzei meus braços esperando ele sair.

— Para de graça e sobe aí — Chad me deu um capacete, suspirei relutante e subi. Logo ele arrancou com a moto e saímos da escola.

— Sabe onde é minha casa? — Perguntei segurando no ombro dele.

— Posso te levar em um lugar antes?

— Depende, para onde quer me levar?

— Um lugar — Chad acelerou com a moto, entramos em uma estrada com grandes árvores em volta, eu não sabia para onde ele estava me levando e aquilo me deixava curiosa — É um lugar especial, quero te mostrar que eu realmente quero sua amizade de volta.

Alguns minutos depois, Chad entrou em um trilha com a moto, no meio da mata tinha uma casa na árvore, Chad estacionou a moto e me ajudou descer.

— Meu pai construiu há alguns anos...é um lugar especial para mim, venha, vamos comer algo — ele me deu espaço para subir a escada, ele subiu logo atrás.

— Por que me trouxe aqui? — entrei observando o local, tinha apenas um colchão no chão, algumas almofadas e pisca-pisca nas paredes. Chad os ligou e colocou a mochila no chão.

— Porque eu quero que você me perdoe de verdade...

— Inacreditável, você me trouxe aqui só para isso?

— É...você tem me evitado esses dias — Chad se aproximou fazendo meu coração disparar — Esse era o único modo de fazer você me escutar.

— Chad, eu te perdoei, eu só não quero ficar de papo com você...

— Por que?

— Por que você faz tanta questão que eu fale com você? Não consigo entender...

— Eu estou começando a sentir algo por você, não queria que você me odiasse enquanto eu tenho sentimentos por você...— aquilo me fez prender o ar por alguns segundos e desejar não estar ali mais.

— Chad...

— Não fale nada, só faça...— ele segurou meu rosto e me beijou com vontade. Quando o clima estava ficando bom meu celular começou a tocar, me afastei e fui atender. Era Jasmine me ligando querendo também conversar e me ver, avisei que eu estava ocupada e desliguei. Minutos depois quem me ligou foi Zaid me relembrando do treino, inventei que eu não estava bem para ir ao treino e desliguei — Vejo que tem vontade de estar aqui comigo...negou todo mundo...

— Não fique convencido ou eu vou embora

— Vai voltar andando essa estrada toda? — ele se aproximou rindo.

— Posso roubar sua moto — sorri o segurando pela camisa.

— Vai dirigir como?

— Te obrigo a me levar — o beijei finalizando minha frase.

— Quero te trazer de novo aqui quando não estiver nublado, tem um lugar muito bonito aqui por perto e eu quero que você veja.
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Quando estava quase anoitecendo Chad me levou até em casa. Fechei a porta tirando meu tênis, sorri encostada na porta fechando meus olhos.

— Quem era? — Josh estava de braços cruzando parado na escada me olhando.

— É...um amigo...de infância, o que está fazendo em casa essa hora?

— Amigo? Não sabia que se despedia de amigos com selinhos — Josh estava irritado, conseguia sentir isso olhando para os olhos dele.

— Os mais íntimos sim, agora me responda porque você está em casa?

— Zaid me ligou pedindo para receber uma pessoa para você...então eu vim...

— Uma pessoa? Quem? Por que Zaid te falou para você receber?

— É uma mulher, não sei quem é, mas o papai disse que se é da confiança de Zaid, era alguém confiável para nós, então ele aceitou que essa pessoa viesse...

— E onde ela está? — Coloquei minha mochila no chão.

— No seu quarto, bem, eu vou estar no meu quarto, qualquer coisa me grita — Josh subiu as escadas indo para o quarto dele, subi logo atrás, parei na frente da porta com medo. Quem seria essa pessoa que Zaid teria me mandado, eu estava com medo, respirei fundo e abri a porta reparando na mulher na janela.

— Oi? — entrei devagar e fechei a porta.

— Alaska, precisamos conversar — A mulher se virou sorrindo fraco.