Capítulo 3

4.9K 420 26
                                    

*Emma narrando*

Eu, nesse momento, me encontrava numa carruagem com bancos de couro legítimo. O interior era acolchoado com um veludo da cor real: azul.

Eu estava sentada no banco, pensando no quão rápido aquilo acontecera. Eu acabara de conhecer Lorde Harry e o homem já colocara um anel de ouro e safiras em meu dedo anelar e estava me levando a seu castelo. Sem meu pai para me apoiar, agora eu estava sozinha com um homem que eu mal conhecia.

Nessa noite, pelo menos, ele não investiu em nada. E no outro dia, já quando me levantei, achei meu guarda roupa cheio de vestidos chiques costurados por "designers" muito famoso e criativos, por acaso.

Depois de tomar um banho, vesti um vestido mais simples. Branco e longo, sem muita exuberância. Calcei sapatos dourados de fitas. E um chapéu creme. Eu me sentia meio perdida, naquela imensidão de casa.

Encontrei com alguns empregados no caminho que, com gentileza, me indicaram o caminho até a sala de jantar. Eu me sentei na cadeira à direita do assento da ponta. Não muito esperei, Harry chegou e se sentou ao meu lado.

Tão logo ele chegou, as cozinheiras serviram as comidas. Frutas, ovos, pães, bolos, várias especiarias. Água, suco, vinho. Eu realmente me perguntei que tipo de pessoa toma bebidas alcoólicas no café da manhã.

Eu estava comendo calmamente, quando um mal-estar se apossou sobre mim. Minha cabeça doía, meus olhos ardiam, eu sentia algo como raiva dentro de mim. Como se alguém me estivesse insultando. Harry logo percebeu que estava acontecendo algo de errado, e perguntou:
-Algo de errado, querida?
-Não. Só minha cabeça dói.
-Mas, assim, do nada? Sentiste algum sintoma durante a noite?
-Não. Acabei de sentir. Nada durante a noite. É só uma sensação estranha de mal querer.
-Entendo.

Ele gritou por uma empregada e falou:
-Chame algum médico ou curandeiro. Vossa senhoria está se sentindo mal.
-Sim, senhor- respondeu, acanhada, a empregada.

Ele sorriu pra mim, complacente. Não era um homem de se admirar, é verdade, mas também não era um cretino. Fora bem gentil comigo na noite anterior. Só o fato de não ter tentado nada, já me agradara bastante da parte dele.

Acho que no final, talvez, algum dia, eu acabasse por gostar dele. Eu estava bem surpresa com seus atos. Afinal, todos já sabiam de sua fama de Dom Juan. Fama dele e de seu primo, o príncipe, Charlie.

Harry ficou ao meu lado durante toda a consulta do médico. Atento a seus gestos e movimentos. Preocupado com qualquer feição diferente que o consultor fizesse. Por fim, o médico, de nome Julian, disse:
-Não vejo motivo aparente para seu mal-estar repentino. Talvez seja sintoma de algum tipo de gripe, ou reação alérgica.
-Reação alérgica? Nunca fui de ter alergia a nada. Afinal, passei minha vida inteira numa casa humilde, mantendo contato com qualquer coisa que pudesse me dar alergia.
-Bem, então será passageiro. Não tem nada de anormal contigo, senhorita!
-Muito bem. Obrigado, Julian- interviu Harry- Já podes ir agora. Pegue seu pagamento comigo no escritório amanhã.
-Sim senhor- e o médico foi-se.

Harry sorriu pra mim e me deu um beijo na testa. Saiu de meu quarto, andando elegantemente, e fechando a porta atrás de si.

É, no final, a convivência com ele não seria de todo ruim. Ele podia ser promíscuo, mas estava tentando melhorar. E isso já era um grande começo.

Um Beijo EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora