Capítulo 21

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Eu nunca tinha visto a tal moça no castelo, mas eu tinha uma sensação de que iria ficar tudo bem e que ela iria acabar se tornando alguém muito
importante para mim, uma amiga do coração.

Catherine mandou chamar a moça e, logo, ela estava no quarto. Sua beleza era admirável: seus cabelos castanhos e longos, seus olhos cor de nozes e o corpo esbelto. Ela usava um vestido simples de pano. A saia estava descosturada e os sapatos eram de couro cru.

Mas, apesar de vestes simples, ela era muito linda. Ela se curvou e falou:

-Suas Majestades, em que posso lhes ajudar?

-Meredith. -Disse Catherine- a Rainha Emma precisa de damas, mas ela só conhece uma moça de confiança e é de conhecimento geral que uma rainha que se preze precisa de, pelo menos, duas damas. Então, gostaríamos de saber se estaria interessada em ocupar a outra vaga. O que acha?

-Minha Rainha... ficaria muito honrada em lhe ser útil. Será um prazer poder servir à sua sucessora!

-Eu pedirei a Sir Thrasher para empacotar suas coisas e mudá-la para um quarto mais próximo ao da Rainha. Obrigada, Meredith.

Foi quase impressionante ouvir Catherine agradecendo alguém. Claro que não foi aquele "obrigada" cheio de sentimentos e verdadeira gratidão, mas, ainda assim, era um "obrigada" e, vindo de Catherine, isso valia muito.

A moça se curvou novamente e saiu do quarto correndo. Depois que Meredith saiu, Catherine disse:

-Sua primeira obrigação é comandar para que arranjem sua viagem à Méssia. Tenha pulso e exija o melhor.

-Sim senhora, majestade. Agora preciso ir. Tenha uma boa noite.

-Boa noite, Emma.

Eu ia caminhando calmamente pelos corredores do castelo. Meus olhos não paravam de admirar os aspectos arquitetônicos e artísticos. O castelo era de uma beleza magnífica e era tão cheio de paz. Lembrava-me o palácio de Harry. Lembrava-me dele. Harry, no dia em que Gaia foi visitar-me, ele tinha me contado (antes) que era apaixonado por cores calmas.

Não só as cores me lembravam ele, como também a torta de morango. Só de lembrar-me dele meu coração já começava a doer. Era uma ferida aberta que eu insistia em cutucar. Parei de pensar nele e me concentrei em chegar à sala do secretário.

Eu continuava a andar, sem preocupações, quando, subitamente, sinto alguém se aproximar pelas minhas costas. A pessoa me tapou a boca e os olhos. Minha respiração ficou entrecortada e o desespero me foi tomando. Eu não sabia o que fazer. Não era nem Rainha ainda e já tramavam contra min. Comecei a chorar e tudo que já tinha feito começou a passar diante meus olhos. Os momentos com meu pai, com Gaia, as bagunças de quando eu era menor. O dia do meu noivado, quando eu desconfiei da fidelidade de Harry, quando eu conheci Charlie e pensei ter me apaixonado, quando eu e Charlie nos beijamos. Me lembrei do colar que Harry me deu. Minhas lembranças pararam aí. Minhas mãos que lutavam contra o agressor desceram até meu pescoço e seguraram firme o colar. Eu tive segurança.

Tudo isso aconteceu em segundos.

O aperto do desconhecido nem me causava dor, mas o desespero era tão grande que eu me imaginava sendo morta. Então, ele me prendeu contra a parede e tirou as mãos de meu rosto.

Charlie. Meu desespero passou. E o meu coração, que antes batia de medo, agora batia de raiva. Como ele ousa assustar-me daquela maneira?

-O que você tem na cabeça? Está louco? Eu poderia ter me machucado! -Eu disse num tom de voz mais alto.

-Acalme-se, meu bem. Você é linda demais para que alguém queria machucar-te.

-Charlie. Eu estou te pedindo. Pare com isso. Eu não estou mais apaixonada por você. Na verdade, nunca estive. Eu sinto muito, mas você precisa seguir em frente. Agora me deixe ir.

Um Beijo EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora