CAPITULO 1 - Cão Negro

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Após três dias e meio de viagem, o casal finalmente chegou nas proximidades do local destinado. Trafegaram cerca de uma hora e meia por uma estrada de terra estreitada pela vegetação nativa; alguns trechos são tão estreitos que galhos do robusto "mato" chegaram a arranhar as laterais do veículo.

-Eu achava que era um local de mais fácil acesso. - Alexia reclamou.

-Amor, se fosse de fácil acesso, não seria uma comunidade isolada. - Hideke argumentou.

Alexia fez bico. Ela está chateada e enjoada com a longa e estressante viagem, mas não a culpemos, afinal, é sempre estressante ficar preso em uma lata de metal motorizada por longos períodos de tempo.

O relógio marcara 10h da manhã quando eles finalmente alcançaram uma estreita e comprida ponte de madeira que, por acaso, é o último obstáculo que os mantém foram dos domínios do vilarejo. Após cruzar a ponte, estarão a menos de dez minutos do tão almejado destino.

Com o carro parado...

-Hik, não acha que essa ponte está velha demais? - Alexia observou.

Seu companheiro concordou acenando com a cabeça.

-Não há outra rota, sei lá? - Ela continuou.

-Segundo o mapa, não! Atravessar essa ponte é a única forma de entrar ou de sair. - Ele revelou.

A ponte realmente não estava nas melhores condições. Algumas tábuas faltavam e as que ali estavam se encontravam em condições no mínimo que desconfortáveis, algumas estavam rachadas, outras podres. No grosso, era uma ponte condenada e abandonada. Mas não havia outra opção caso eles quisessem seguir em frente.

-Eu passarei devagarinho. - Hideke fala engatando a primeira macha.

-Não faça isso! - Alexia segurou em sua mão.

-Alex, confie em mim. - Ele deu um sorrisinho.

Novamente ela concordou com a ousadia do namorado e ficou quieta, apreensiva e nervosa, e não era para menos, pois, caso o pior acontecesse, ela não saberia como se livrar, afinal, não sabe nadar.

O carro começou a mover-se e logo as duas rodas dianteiras estavam sobre a ponte, a mesma rangeu um pouco. Sentindo-se confiante, Hideke colocou todo o carro em cima do aglomerado de madeiras e deslizou, lentamente, sobre elas. Quando chegou no meio do percurso, toda a estrutura rangeu como que dissesse não suportar o peso.

Alexia, coitada, encolheu o corpo de tanto pavor. Hik, àquela altura, não podia mais retornar. Teria que seguir em frente, contudo, ele tinha plena consciência de que, caso permanecesse por mais tempo ali, a ponte desabaria. O jovem rapaz pisou fundo no acelerador e, com uma brusca arrancada, concluiu a travessia; porém, algumas tábuas foram sacrificadas e a estrutura ficou ainda mais danificada.

Hideke comemorava a façanha quando recebeu um tapa da namorada.

-Seu louco! - Ela disse.

Alexia estava bastante assustada, sua pele, apesar de clara, estava muito pálida. Seu coração parecia ter chegado na garganta e retornado ao peito. Sem contar que suas pernas estavam encolhidas e seus pés sobre o banco.

-Desculpe! - Ele falou e deu alguns sorrisos em seguida.

Continuaram o percurso por mais uns dez minutos e se depararam com uma placa velha: VILAREJO DAS CRUZES.

Não havia a tradicional saudação de "boas-vindas" que se encontra em outros lugares, era apenas o nome escrito a seco, sem nenhuma simpatia para com os visitantes. Já de cara, várias cruzes, de vários tamanhos, estavam enfiadas nas laterais da estrada formando uma espécie de corredor. Essa era, sem dúvidas, a decoração mais estranha que qualquer pessoa já tenha visto na entrada de uma "cidade".

Não Escreva Terror! - VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora