O grupo de seis homens saem, à espreita, pelas ruas desertas e sombrias. Até o momento não há nenhum sinal do enorme cão negro, o que é bom para o grupo.
-Estranho, - Caetano comenta. – ele já deveria ter nos notado vagando pelas ruas.
O moço está com a razão, o cão negro é um exímio vigilante noturno, nenhuma coisa viva ou morta vaga livremente pelas ruas durante seu turno. Mas algo está fora do comum, pois seis criaturas vivas arrastam seus corpos pelas passagens de terra e não são obstruídas pela fera negra.
-Fiquem alerta! Ele já notou nossas pobres almas. – O "fundador" se junta ao grupo.
-O que o senhor faz aqui? – Caetano indaga.
-Não pude permitir-me deixar apenas os jovens com essa perigosa tarefa; devo, como patriarca dessa comunidade, lutar para que todos os seus tormentos sejam cessados. – O velho responde sabiamente enquanto se concentra segurando o seu cajado em direção à lua.
-O que ele está fazendo? – Hideke indaga.
-Oferecendo nossas almas. – Um dos componentes do grupo responde.
Com certeza Hik não entendera o significado de tal resposta. Por "oferecer as almas", o velho está realizando uma espécie de preparação pré-batalha para garantir que o espírito de quem for abatido pela fera não seja despedaçado como será, inevitavelmente, o corpo. Dessa forma, mesmo que o corpo seja abatido, o espírito do indivíduo poderá obter o descanso digno ao invés de ter sua alma sobre tormento eterno no estômago da criatura.
-Ajoelhem-se! – O velho ordena.
Todos se ajoelham e recebem a "benção" do "fundador" e, consequentemente, a garantia de terem seus espíritos "salvos" caso o corpo padeça.
Segundos após a conclusão do pequeno "ritual", um som agudo se propaga pelas ruas...é o "guardião" anunciando sua sede de sangue.
-Aí vem ele! – Caetano fala.
No fim da rua, a cerca de duzentos metros do grupo, um enorme cão negro aparece.
-Puta merda! É, é, é.. enorme! – Um dos membros do grupo comenta demostrando um medo indisfarçável.
-Mantenham-se firmes, ou morreremos antes de termos alguma chance de arranca-lhe um dente. – O velho fala calmamente.
A verdade é que, diante da situação com noite de lua cheia, ventos gelados e uma enorme criatura preparada para matá-lo, não há como uma pessoa comum manter a calma. Temer pela vida é uma resposta imediata do próprio instinto.
-Acho que devemos voltar atrás com essa ideia. – Um rapaz moreno alto, membro do grupo, desabafa o medo que está sentindo e a vontade de abandonar a missão.
-Não podemos voltar atrás agora, ele está na nossa frente, temos que encará-lo. Se fizermos como o planejado, teremos uma chance. Então, por favor, mantenha-se firme. – Caetano suplica.
O sujeito não dar ouvidos à súplica de Caetano e decidi abandonar o grupo.Ele entra em fuga na esperança de retornar para a sua casa. Péssima ideia!
-Não faça isso, volte para cá, já! – Caetano grita desesperadamente e tenta correr atrás do rapaz, mas o velho o segura e fala:
-Tarde demais!
O enorme cão passa pelo grupo, em enorme velocidade, com a intenção de capturar o desertor.
-É um erro correr! – O velho fala. - O guardião acaba com todos, mas aqueles que correm sempre serão os primeiros.
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Não Escreva Terror! - VOL. 1
Mystery / ThrillerNENHUM OUTRO AUTOR TEVE QUE PAGAR UM PREÇO TÃO CARO PARA ESCREVER UM LIVRO. Encare os seus medos e desvende os mistérios de um tenebroso e amaldiçoado vilarejo.