CAPÍTULO 5 - Isolados

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-Um demônio? - Hik indaga incrédulo.

-Sim! - Caetano responde e volta a observa pela janela.

-O que um demônio faria na minha casa?

-O gato? - Alex fala.

-Gato? - Caetano pergunta. - Vocês pegaram algo na estrada?

-Sim, recolhemos um gatinho que estava preso e abandonado logo que entramos na cidade. - Alexia explica.

-Minha nossa! - O vizinho leva as à cabeça em explícita preocupação.

-Essa coisa.... está atrás do gato? - O jovem indaga.

-O gato é um sacrifício....

-Credo! Por que fazem isso? - A jovem sente-se enojada.

-Não temos escolhas, ou são os animais ou somos nós. A entidade precisa se alimentar uma vez por mês e nossa comunidade foi amaldiçoada com o dever de servi-lo por um século. Houve um mês que decidimos não mais alimentá-lo, eu tinha 14 anos, e ele devorou 20 pessoas da comunidade, inclusive a minha mãe e o meu pai. Sem contar que, no século passado, ele exterminou toda uma vila. - O nativo explanou.

A narrativa desceu seco nas gargantas do jovem casal.

-Se devolvermos o gato? - Matsumoto fala.

-Não será tão simples assim. - Caetano explica. - Vocês o ofenderam colocando suas mãos em sua oferenda.

-E o que irá acontecer? - O jovem torna a indagar.

-Na melhor das consequências, vocês serão perturbados. Na pior, serão devorados.

Um silêncio esmagador cai sobre todos. O ar fica pesado de respirar para a jovem que senta-se numa poltrona por suas pernas não mais suportarem o peso do corpo.

-Vamos embora logo que amanhecer! - Hik tenta acalmar sua namorada.

-Não sei se vai funcionar, mas é uma excelente ideia. - Concordou o vizinho.

O restar da noite foi tranquila.

NO DIA SEGUINTE...

-Oi? Acorda! - Caetano cutuca Hikede.

O jovem desperta e logo trata de acordar a namorada. O sol já ilumina os céus.

-Vocês gostariam de um café? - O nativo oferece.

-Não, obrigado, vamos logo para a nossa casa preparar nossas coisas. Vamos, Alex!

O dono da casa os acompanhou até a porta.

-Espero que consigam! Se conseguirem, não tornem a voltarem aqui. - O casal é advertido.

-Vocês todos deveriam partir também. - Hik propôs.

-Não podemos, nossa comunidade foi a escolhida por causa de pactos feitos por nossos antepassados. Temos que pagar nossa dívida ou seremos perseguidos para sempre.

Compreendendo a situação do moço, o casal retorna para a casa que tiveram que abandonar noite passada. Arrumaram rapidamente suas coisas no carro e partiram antes do meio dia.

Passando pelas ruas, eles notaram que exista um bom movimento de pessoas. A comunidade está de volta às suas atividades normais. Todos estão seguros de que o perigo partiu e que só retornará no próximo mês. Pobres ingênuos!

Passaram pelo corredor de cruzes e saíram do vilarejo.

-Desculpe por tudo isso! - Hik fala com sua companheira.

-Você não tem culpa de coisas desse tipo realmente existirem. Mas que merda foi aquilo tudo?

-Você parece aflita.

-Mas é claro que estou aflita. Poxa, um demônio!

O carro explora a estrada de terra por mais alguns minutos até encontra a bendita ponte.

-Isso não pode ser sério! - Hideke aperta o volante.

A ponte quebrou! Só tem a parte inicial e a parte do outro lado. O meio da ponte ruiu.

-E agora? - Alex indaga preocupada.

-Esse é um único caminho. Vamos ter que retornar e tentar ligar para alguém, sei lá. Ao menos tentar descobrir quando reformarão a ponte.

O veículo retornou para o Vilarejo das Cruzes.

Após estacionar o carro, Hik atravessou a rua a pé para ter com Caetano.

-O que houve? - O nativo indaga.

-A ponte caiu!

-Isso é um problema.

-Estamos isolados?

-Sim! A ponte é a única forma de entrar e sair.

-Qual a previsão para ajeitá-la.

-Da última vez levou mais de mês.

-Tudo isso?

-Bem, as autoridades não são tão presentes aqui, aliás, nem são presentes. É a própria comunidade que ajeita os troços, mas sem os equipamentos específicos e o pessoal qualificado, temos que esperar o nível da água diminuir para reconstruirmos a ponte.

O jovem autor desanimou.

-Creio que teremos que atravessar de algum modo e seguir a pé.

-A jornada a pé levará horas, o caminho é perigoso. Animais, ladrões e coisa pior. - Caetano adverte.

-O que seria pior do que um demônio? - Hik é irônico.

-Coisas da estrada que são desconhecidas.

Era tudo um puto azar. Acabou que o casal se reinstalou na casa.

-Amor, eu não achei mais o gato. - Alexia fala.

-Quero aquela coisa bem longe daqui, fez bem ele ter sumido.

-Não precisa falar assim.

A NOITE CHEGA...

-Não consegue dormir? - Alex indaga.

-Não!

-Nem eu!

-Fique sempre colada em mim!

-Tá!

O casal estava deitado juntinho na cama quando os mesmos sons de passadas da noite anterior tornaram a ecoar pela casa.

-É ele! - A jovem sussurrou.

Hideke logo colocou a arma em punho. (Como se isso adiantaria de alguma coisa.)

*Toc! *Toc! - Batidas na porta do quarto do casal.

-Vá embora! - Hik grita.

*Toc! *Toc! - As batidas são mais intensas.

-Eu já disse para ir embora, não temos nada seu aqui!

-H.I.D.E.K.E - Uma voz roca soletra o nome do jovem.

-Eu já disse, vá embora!

Nenhuma batida é ouvida. Um silêncio perturbador se sucedeu por alguns instantes.

-Fique aí, irei verificar. - O jovem fala.

-Aaaaahhhhh - Alexia grita enquanto é arremessada de encontro ao teto por uma força invisível.

-Aleexxx!!!!!!! - As luzes da casa se apagam.

Não Escreva Terror! - VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora