CAPÍTULO 4 - Botas de couro.

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Um tiro de um Revolver Magnum causa o enorme estrago na zona de impacto. No caso do jovem Hideke, por sorte, a bala não o atingiu em cheio, passando-lhe apenas de raspão pelo braço. Contudo, o ferimento não era o maior e nem o mais perigoso de seus problemas, pois há alguém ou algo dentro do quarto em sua frente e essa coisa se aproxima a passos sintonizados.

Alexia ignorava os sons dos passos, ela se concentrava apenas em conter o sangramento no braço do namorado. Todavia, Hideke não demonstrava o mesmo desinteresse da jovem, seus olhos estavam focados na porta do cômodo de dormir.

-Amor, por favor, me escuta... - Hideke sacudiu a jovem. - Precisamos sair daqui agora, tem alguém dentro desse quarto, ele está com a minha arma...

Alex, notando agora o lento caminhar que se sucedia dentro do quarto, arrepiou-se completamente.

Hideke engoliu toda a tensão e forçou-se a manter-se calmo. Entrar em pânico não ajudaria. Hik se levantou e segurou na mão de Alex, ambos estão prontos para saírem o mais depressa dali.

-Ele parou? - A jovem nota que os sons das passadas cessaram.

-Quem está ai? - Matsumoto indaga como se isso fosse servir de alguma coisa.

Como o esperado, não obteve nenhum tipo de respostas.

-Vamos, vamos sair daqui! - Alexia puxava o braço do namorado que se negava a mover-se dali.

Com a expressão mudada, o jovem deu alguns passos rumo ao quarto.

-Ei, ei... - Alexia sussurrava. - O que pensa que está fazendo? Tem alguém armado ai! Vamos embora agora!

Hideke não lhe deu ouvidos.

Aproximando-se do quarto, ele voltou a esfregar a mão na parede em busca do interruptor... achando-o dessa vez.

Com a pressão do dedo, o interruptor é acionado e a lâmpada do quarto é acessa. Alexia aproximou-se para também verificar.

O casal deparou-se com o quarto "vazio", sem ninguém. Contudo, haviam sinais que atestavam a presença de alguém momentos antes: a arma não estava no lugar que Alexia guardou, ela estava jogada sobre a cama. Além desse detalhe, um par de botas de couros bem antiga estava abandonado perto da porta.

-De quem são essas botas? - Alex indagou.

-Não são minhas! - Ele respondeu.

Aliviados e com a guarda-baixa, os dois não notaram a passagem de um vulto em suas costas.

*Pruf - Toda a energia da casa foi cortada.

-Alex, fique perto de mim. - Hideke a agarrou pelo braço enquanto tateava o colchão na esperança de encontrar a arma.

Com a casa em total escuridão, objetos da cozinha começaram a cair um a um. Sons de panelas tocando o chão ecoavam pela casa. Tudo se tornou mais perturbador quanto a grande mesa de jantar foi arrastada causando um enorme ruído. Os passos retornaram, só que mais leves dessa vez.

-Tem alguém aqui! - Alexia sussurrou.

-Eu sei, também estou ouvindo o caminhar.

-Eu estou armado, não quero encrenca, por favor, saia da minha casa. - Matsumoto grita.

Um silêncio predominou após a voz do jovem ecoar por todo o imóvel.

-HI-DE-KE! - Uma voz tenebrosa, roca, intensa proferiu, por sílabas, o nome do rapaz.

A voz propagava o medo.

-De...de..de...de on.de . ..me..co..nhe..ce...? - O jovem está nervoso demais para falar com excelência.

Tudo fica em silêncio novamente. A essa altura, o medo já toma conta dos jovens. - Alexia consegue trancar a porta.

-Eu quero ir embora desse lugar! - Alex comenta baixinho.

*Brummm! - Algo se choca violentamente contra a porta.

-Mais que merda, caralho! O que diabos você quer? - Hik perde a razão.

*Brummm! - Novamente algo se choca bruscamente contra a porta.

*Pow! Pow! - O rapaz dispara a sua arma em direção ao barulho e as investidas contra a porta param.

-Você acertou? - Alexia indaga assustada.

*Pruf! - A energia retorna iluminando toda a casa.

Imediatamente o casal nota que as bostas que ali estavam sumiram. Hideke abre a porta do quarto. Muitos objetos da casa estão jogados pelo chão, alguns quebrados, outros amassados. A mesa está a muitos metros fora do lugar.

-Venha, vamos sair logo daqui. - Hik fala.

Os dois atravessaram a rua o mais depressa possível e bateram na porta do vizinho.

Caetano abre um pouquinho a porta para verificar de quem se tratava as batidas, percebendo ser os seus mais novos vizinhos, trata logo de pô-los para dentro e tranca a porta.

Percebendo a euforia do casal, ele indaga:

-O que houve?

-Alguém invadiu a nossa casa. - O jovem escritor responde.

-Merda! - Caetano corre até o painel de energia e desliga todas as lâmpadas de sua casa.

-O que está havendo? - Hideke estranha o comportamento do sujeito.

-Aqui ninguém invade a casa de ninguém. - Ele explana.

-O que isso quer dizer? - Alexia indaga.

-Quer dizer que o que invadiu a casa de vocês não é humano.

Aproximando-se da janela, Caetano começou a observa a casa do outro lado da rua, a qual pertence ao casal.

-O que... - Hik tenta perguntar algo, mas é advertido a fazer silêncio pelo seu vizinho.

Hideke se aproxima da janela com o objetivo de também observar o que se passa lá fora. O que os dois rapazes vêm é um enorme cão negro, "o Guardião", passando lentamente pela rua.

-O que pode ter invadido a minha casa? - Hideke pergunta.

-Na pior das hipóteses, um demônio!

Não Escreva Terror! - VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora