Capítulo 5

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            ― Não importa o que me diga..., eu não vou deixar você aqui!

― Você não escolhe isso, Eliza. Aqueles desgraçados foram presos e não vão sair da prisão. ― Mentiu. A irmã estava gritando na sala, andando de um lado para o outro. ― E eu vou colocar grades e um sistema de segurança na casa. Se não tivesse sido tão rápido, eu teria conseguido pegar minha arma no quarto, mas...

― Como vou explicar isso pro Logan?

― Não explique. Não conte nada, Eliza. ― Anne enfiou as mãos nos cabelos, lembrando-se da figura de Charles de olhos fechados enquanto a ajudava, fazendo Eliza levitar. ― Ele não precisa saber de nada, apenas diga que caiu da escada, eu não sei, qualquer coisa...

― Qualquer coisa. ― Eliza riu. ― É tão fácil pra você dizer.

― É fácil pra você também. ― Não era fácil. Estava mentindo.

― Não é fácil coisa nenhuma! ― A mais nova elevou a voz, fincando os olhos em Anne. ― Como vou esconder do meu marido que quase fui estuprada?

― Do mesmo jeito que você escondeu aquele... Como era mesmo o nome dele?

― Dale. E isso nunca, nunca mais vai acontecer. Eu estava com raiva, triste e bêbada.

― O que aconteceu aqui nunca mais vai acontecer também, Eliza. ― Anne se levantou, com um semblante calmo e frio, tentou como sempre estar no controle da situação. ― Mas se isso vai infernizar sua vida, você pode contar. Eu sei que ele vai entender.

― Nunca mais vai me deixar voltar aqui sozinha. Nunca mais vai me deixar fazer nada sozinha.

― Você pode trazer ele e as crianças, eu não me importo.

― Anne, acho que você não está entendendo. Merda... ― Eliza puxou a mão da irmã. ―Tudo bem, tudo bem! Prometa que isso vai morrer aqui.... Nada de relatar algo parecido nos seus livros.

― Eu prometo. ― A mais velha sibilou com firmeza e ambas sorriram, dando as mãos como se fechassem um contrato.

― Agora vamos contratar um maldito sistema de segurança.

(...)

Quando Anne entrou novamente naquela casa, o sol se deitava no horizonte alaranjado.

Sozinha.

Ela caiu no sofá, olhando a escadaria e a quina que havia sido o objeto de morte de um dos homens.

Quando abraçou Eliza para ir embora, ela parecia uma bigorna prestes a afundar numa imensidão oceânica muito mais profunda do que parecia ser. E aquilo a preocupou. Mas deixou que ela entrasse naquele carro e ficou com o celular na mão desde então, por mais que o sinal não fosse tão bom ali.

Eliza não deveria ter ido. Não deveria ter aparecido tão rápido. Se ela não tivesse chegado de repente, elas não teriam ido àquele bar, e nada de ruim teria acontecido. Não precisaria ter escondido a existência de um fantasma morando em sua casa. Charles não precisaria ter matado aqueles três, ambas não precisariam ter passado pelo pesadelo que sentia ainda não ter acordado.

Respirou profundamente, estirada no sofá, observando as caixas que jaziam por toda a casa. Precisava dar um jeito na vida. Precisava... Dar um jeito em sua mente.

E foi com aquele pensamento que se levantou, decidida a tomar banho e depois de fazê-lo, já era noite. Deixou que a xícara de chá vermelho esfriasse na mesa da biblioteca e se sentou, com o corpo limpo, mas se sentindo suja. Toda vez que lembrava, um calafrio subia pela a espinha. Um calafrio ruim. Tinha decidido deixar os cães soltos, e a cerca colocada nos arredores da casa deveria, supostamente, dificultar alguma coisa. Se nada disso funcionasse, o botão de pânico acionaria a polícia. Ela pousou os dedos sobre a mesa, escorrendo-os até embaixo da madeira, passando a ponta do indicador sobre o botão que tinha sido instalado ali naquela tarde, antes de Eliza partir.

3AM - (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora