Capítulo 18

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    Eram quatro da tarde quando chegou em Sidelake. O carro alugado no aeroporto da cidade vizinha era rápido, seguro e confortável. Os gêmeos dormiam nas cadeirinhas no banco de trás enquanto Anne lia "seja bem-vindo à Sidelake. População: 1.985 habitantes"

Um suspiro nervoso escapou por entre os lábios enquanto alcançava o celular e discava o número do xerife.

Cage falando.

― Xerife...

Anne, alguma coisa aconteceu na sua casa...

― O que?

Parecia... Destruida por dentro. ― Os músculos femininos se enrijeceram. Acho que-

― Preciso que me faça um favor, xerife... Muita coisa aconteceu... E você é a única pessoa em que posso confiar agora.

(...)

Era quase duas da manhã quando embicou o carro alugado em frente ao portão de sua casa e o abriu com o controle remoto preso no chaveiro da casa. O corpo inteiro tremia violentamente.

Se não fosse o xerife e a esposa cuidando dos gêmeos naquela noite, ela não sabia o que teria que fazer.

Mas faria, de qualquer jeito.

Estacionou o automóvel e pulou para fora dele segurando a bolsa onde o frasco de perfume repousava.

Walch viu a porta destruída e passou por ela, hesitante.

O que viu foi o início de uma destruição em massa. Até mesmo a fiação tinha sido arrancada. Tudo e qualquer coisa estavam quebradas e espalhadas pelo chão.

Com um coração começando a galopar, deu o primeiro passo a tempo de ver uma cadeira voando da sala, tão rápido que explodiu em pedaços na colisão contra a parede que dividia o corredor da cozinha.

A morena deu um pulo para trás, apavorada.

― Charles! ― O berro pareceu provocar um imediato arrastar de móveis no segundo andar que ecoou por toda a casa. ― Pare com isso!

Ignorada, um armário inteiro de pratos, copos e xicaras que já tinham sido quebradas antes, foi ao chão.

Charles não podia estar ali. Ainda era duas da manhã. E até passar tanto tempo remoendo o veneno do ódio e do ciúme, ele não sabia que poderia arremessar moveis dentro da casa mesmo estando preso na escuridão. Bastava desejar.

Levitando ali.

Ouvindo a voz feminina tão longe que era quase inaudível.

― Não importa o quanto tente me assustar! Você não é o bicho papão! ― Sentiu vontade de rir, preso naquele limbo escuro.

Um piche tão denso e tão poderoso que não parecia ter começo, fim, ou saída.

― Eu não vou sair daqui! ― Ela gritou, desviando-se de uma mesa que quebrou ao colidir contra o batente. Os pedaços de madeira voaram pelos ares e precisou se jogar no chão para evitar que um deles acabasse por cegá-la. ― Está me ouvindo, idiota!

Os móveis se arrastavam sem parar. Pareciam guiados por um imã invisível. O coração fraquejava terrivelmente.

― Eu vou esperar... Falta pouco. Quanto mais tentar me assustar mais eu finco meus pés aqui! ― Sentou-se no chão sujo e só então se deu conta de que não tinha visto seus cachorros ao entrar.

3AM - (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora