Eram quatro da tarde quando chegou em Sidelake. O carro alugado no aeroporto da cidade vizinha era rápido, seguro e confortável. Os gêmeos dormiam nas cadeirinhas no banco de trás enquanto Anne lia "seja bem-vindo à Sidelake. População: 1.985 habitantes"
Um suspiro nervoso escapou por entre os lábios enquanto alcançava o celular e discava o número do xerife.
― Cage falando.
― Xerife...
― Anne, alguma coisa aconteceu na sua casa...
― O que?
― Parecia... Destruida por dentro. ― Os músculos femininos se enrijeceram. ― Acho que-
― Preciso que me faça um favor, xerife... Muita coisa aconteceu... E você é a única pessoa em que posso confiar agora.
(...)
Era quase duas da manhã quando embicou o carro alugado em frente ao portão de sua casa e o abriu com o controle remoto preso no chaveiro da casa. O corpo inteiro tremia violentamente.
Se não fosse o xerife e a esposa cuidando dos gêmeos naquela noite, ela não sabia o que teria que fazer.
Mas faria, de qualquer jeito.
Estacionou o automóvel e pulou para fora dele segurando a bolsa onde o frasco de perfume repousava.
Walch viu a porta destruída e passou por ela, hesitante.
O que viu foi o início de uma destruição em massa. Até mesmo a fiação tinha sido arrancada. Tudo e qualquer coisa estavam quebradas e espalhadas pelo chão.
Com um coração começando a galopar, deu o primeiro passo a tempo de ver uma cadeira voando da sala, tão rápido que explodiu em pedaços na colisão contra a parede que dividia o corredor da cozinha.
A morena deu um pulo para trás, apavorada.
― Charles! ― O berro pareceu provocar um imediato arrastar de móveis no segundo andar que ecoou por toda a casa. ― Pare com isso!
Ignorada, um armário inteiro de pratos, copos e xicaras que já tinham sido quebradas antes, foi ao chão.
Charles não podia estar ali. Ainda era duas da manhã. E até passar tanto tempo remoendo o veneno do ódio e do ciúme, ele não sabia que poderia arremessar moveis dentro da casa mesmo estando preso na escuridão. Bastava desejar.
Levitando ali.
Ouvindo a voz feminina tão longe que era quase inaudível.
― Não importa o quanto tente me assustar! Você não é o bicho papão! ― Sentiu vontade de rir, preso naquele limbo escuro.
Um piche tão denso e tão poderoso que não parecia ter começo, fim, ou saída.
― Eu não vou sair daqui! ― Ela gritou, desviando-se de uma mesa que quebrou ao colidir contra o batente. Os pedaços de madeira voaram pelos ares e precisou se jogar no chão para evitar que um deles acabasse por cegá-la. ― Está me ouvindo, idiota!
Os móveis se arrastavam sem parar. Pareciam guiados por um imã invisível. O coração fraquejava terrivelmente.
― Eu vou esperar... Falta pouco. Quanto mais tentar me assustar mais eu finco meus pés aqui! ― Sentou-se no chão sujo e só então se deu conta de que não tinha visto seus cachorros ao entrar.
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3AM - (COMPLETO)
SpiritualAnne Walch se isolou do mundo pela escrita. Longe de tudo, escondeu-se em uma cidadezinha onde pudesse criar seu novo romance. A casa, antiga, proporcionou conforto, boas noites de sono, e sonhos. Sonhos que beiravam a realidade. E ela definitivamen...