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MARTINA

"Se lembra de quando a gente chegou um dia acreditar que tudo era para sempre, sem saber que o para sempre, sempre acaba." LU.

O som do piano entupia meus ouvidos de prazer. Eu tocava tranquilamente e docilmente. Misturando-se com a audição conseguia sentir o aroma de torta vindo da cozinha.

Sinto um líquido em minha bochecha só então percebo estar chorando. Viro o rosto me encontrando com vovô com um sorriso triste nos lábios. Ele me observava.

— Meu pai me incentivou a tocar. – falei sorrindo de lado.

— Ele era um homem magnífico! – vovô elogia seu falecido genro.

Há cinco anos, meus pais morreram, desde a época eu me sinto como se faltasse algo dentro de mim. Éramos humildes, mas tínhamos amor e carinho em nossos corações. Não vivíamos em luxo e ostentação, mas éramos gentis e calorosos. Eles eram boas pessoas, gosto de pensar que suas almas eram
tão prazeirosas que a vida deu-lhes como um presente à morte.

— Sim, ele era. – murmuro fitando as teclas brancas entre meus dedos.

— Venha Martina, vovó fez uma torta! Advinha qual? – Michael, meu irmão mais novo, aparece com um sorriso imenso no rosto.

— Deixa eu adivinhar.... – comecei colocando os dedos no queixo fingindo pensar. —... Torta de cereja! – exclamei junto ao meu avô e depois rimos.

Me levantei, colocando a parte de madeira no seu devido lugar impedindo das teclas do piano estragarem e caminhei à cozinha sendo seguida por vovô.

Eu e meu irmão sempre fomos ensinados à sermos educados, gentis, carinhosos e principalmente afetuosos.

Meus pais trabalhavam muito por fazer parte dos Desprezadoscomo eram chamados os de classe média-baixa –faziam um grande esforço para colocar comida na mesa para nós, enfrentando frio e fome, mas sempre unidos como uma verdadeira família.

Papai trabalhava na floresta, cortando lenha para os Luxuososcomo eram chamados a classe média-alta. Minha mãe trabalhava com plantações, eu e meu irmão os ajudávamos como podíamos, porém o que eu realmente gostava de fazer era tocar piano. Eu aprendi a tocar bem nova com um dos clientes do meu pai e nunca parei, mas é um gosto difícil, pois meus pais não tinham condições para comprar um piano.

A Elite era a classe alta ou como todos chamam, a família real. E os Miseráveis classe baixa consideráveis, inúteis para qualquer coisa.

Depois da morte inesperada de meus pais eu e Michael, fomos para casa dos meus avós. Sarah e Niko.

Eles nos acolheram de mãos aberta. Assim que minha mãe se casou com meu pai, teve que abrir mão da ostentação dos Luxuosos, a classe dos meus avós.

Desde aí descobri muitas coisas relacionada a lei e à família real, coisas maldosas e ruins onde tento não pensar pelo fato de não querer me desprezar por ocupar a cabeça com pessoas que não merecem.

Depois que fui viver com meus avós tive mais oportunidades de tocar em um piano. Vovô e vovó arrumavam pessoas para eu dar aulas particulares, além de conseguir um dinheiro extra, ainda sentia o prazer de voltar a tocar. Todavia, mesmo não querendo, aquilo doía pois me fazia lembrar de meus pais.

Simplesmente princesa Onde histórias criam vida. Descubra agora