Acordo pela manhã com muito calor. Tenho a sensação que a roupa está grudada em mim de suor. Não gosto de ficar dessa maneira. Depois daquela conversa desastrosa com Evelyn, achei que não fosse conseguir dormir, mas no entanto, Tris me acalma de uma forma indescritível e inimaginável, que dormi pesada e agradavelmente.
Me levanto sem que eu possa acordar Tris com meus movimentos, e me encaminho ao banheiro masculino, pensando em nossa partida para a sede a Franqueza.
" Espere Quatro!" Alguém grita atrás de mim e me viro rapidamente.
" Bom dia Edward. O que foi?"
" Evelyn mandou te entregar essas roupas limpas." Olho com desdém, dessa falsa preocupação, e pego a pilha com jeans e uma blusa preta.
" Obrigado, Ed." Ele acena levemente com a cabeça e se retira.
Me dirijo a porta do banheiro e percebo que havia muitos homens ali. No entanto, a condição com o qual se banham, é muito precária para não dizer, miserável. Alguns homens estão nus e outros não. Eles se banham na pia, por não haver chuveiro no lugar. Vou até uma pia e começo a me despir, lavar meus cabelos e me lavar. Tento ser o mais rápido e eficaz possível, ainda há muitos na fila.
Assim que termino, visto aquela roupa que coube bem. Saio então do banheiro com o cabelo ainda molhado e começo a vasculhar no local em busca de Tris. Não demora muito, até meus olhos repousarem na minha pequena Tris, com o dedo na boca, e um pote de pasta de amendoim na outra mão. Seu olhar encontra o meu e ficamos ali nos fitando por alguns instantes, com pensamentos de amor e admiração, para aquele pequeno ser, mas tão capaz.
Então, balanço a cabeça de forma sutil, para ela entender que está na hora de nós irmos para a sede da Franqueza, para ver se conseguimos encontrar mais alguns amigos nossos.
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A sede da Franqueza é grande o bastante para abrigar um mundo inteiro. Pelomenos essa é a minha impressão do lugar.Ela está localizada em um enorme edifício de concreto, voltado para o que umdia foi o rio. Na frente do edifício há uma placa onde está escrito MERC IS MART. Nopassado, o que se lia era "Merchandise Mart", mas a maioria das pessoas refere-seao lugar como Merciless Mart, ou Mercado Impiedoso, porque os membros daFranqueza são impiedosos, mas honestos. Eles parecem ter aceitado o apelido.Não sei o que esperar do lugar, porque nunca entrei lá. Eu e Tris paramosdiante da porta e olhamos um para o outro.
"Lá vamos nós" digo a ela.
Não consigo ver nada além do meu reflexo nas portas de vidro. Pela primeira vez, percebo que não precisamos fazer nada. Poderíamos nosesconder com os sem-facção e deixar que os outros cuidem dessa bagunça.Poderíamos nos tornar ninguém, seguros, juntos. Ainda não contei sobre a conversa que tive com minha mãe na noitepassada, e não sei se devo contar. Estou tão determinado a alcançar asede da Franqueza! Talvez seja porque decido que, já quechegamos até aqui, não custa nada descobrir o que está acontecendo. Mas achoque o fato é que eu sei o que é verdade e o que não é. Sou Divergente, não sou ninguém. Ninguém está realmente "seguro", e tenho coisas mais importantesna minha mente do que ficar brincando de casinha com Tris. E parece que elatambém.
O saguão é grande e bem iluminado, com o piso de mármore preto que seestende até um hall de elevador. Um anel de ladrilhos de mármore branco nocentro do saguão forma o símbolo da Franqueza: uma balança desequilibrada,representando o peso da verdade contra o da mentira. O ambiente está lotado demembros armados da Audácia.Uma soldada da Audácia com o braço em uma tipoia aproxima-se de nós, com aarma em punho e o cano apontado para mim.
"Identifique-se" comanda.
Ela é jovem, mas não o bastante para me conhecer.Os outros se reúnem atrás dela. Alguns nos olham com suspeita, outros comcuriosidade, mas, mais estranho do que qualquer desses olhares, é o brilho quevejo em alguns dos seus olhos. Reconhecimento. Talvez eles me conheçam,mas será possível que eles reconheçam a Tris?
"Quatro. Esta é a Tris.Nós dois somos da Audácia." Digo com força e liderança, para demonstrar que não sinto medo.
A soldada da Audácia arregala os olhos, mas não abaixa a arma.
"Alguém pode me ajudar aqui?"pede ela. Alguns dos membros da Audácia dãoum passo à frente, mas com cuidado, como se fôssemos perigosos.
"Há algum problema?" pergunto.
"Vocês estão armados?" Um homem negro pergunta.
"É claro que eu estou armado. Sou da Audácia, não sou?" Sarcásmo pinga de meu humor sombrio.
"Coloquem as mãos atrás da cabeça" ordena a garota, de maneira nervosa,como se esperasse que nós recusássemos. Tris me olha, como se esperasse um comando, sobre como se comportar. Por que será queestão todos agindo como se estivéssemos prestes a atacá-los?
"Acabamos de entrar andando pela porta da frente. Vocêsacham que teríamos feito isso se planejássemos machucar vocês?" Tris pergunta, como oferta de paz.
Eu não a encaro de volta. Apenas encosto as pontas dos meus dedos na parte detrás da cabeça. Depois de alguns segundos, Tris faz o mesmo. Os soldados da Audáciaaglomeram-se ao nosso redor. Um deles revista as minhas pernas, enquantooutros pegam a arma presa à minha cintura. Outro soldado, um menino de cararedonda e bochechas rosadas, olha para Tris com ar culpado.
"Tenho uma faca no bolso de trás. Mas, se encostar as mãosem mim, vai se arrepender." Fala Tris. Ela é demais! Me deu vontade de rir do garoto resmungando pedidos de desculpas, enquanto retira a faca com cuidado para não tocá-la.
"O que está acontecendo?" Quero saber a resposta.
A soldada troca olhares com os outros.
"Desculpe. Mas recebemos ordens para prendê-los assim que vocês chegassem."
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Insurgente - Tobias Eaton
FanfictionDepois de acabarem com a simulação, Tris e Tobias, embarcam para uma nova aventura, cheia de romance e muita ação! Venha conferir, Insurgente!