Insurgente - Tobias Eaton

Capítulo 9 - E agora?

  Não sei o que pensar! Será que nos consideram traidores? Em algum momento fizemos algo para que imaginassem que estávamos do lado da Erudição? Penso e penso, e me vejo apenas em uma norma padrão de reconhecimento. Por mais que os demais que conhecêssemos estivessem ali, eles realmente não podiam arriscar, descobrindo da pior forma que não estávamos ao seu lado. Estão sendo cautelosos e precavidos. 

Então, eles nos cercam, mas não nos algemam, e nos guiam até o hall dos elevadores. Nãoimporta quantas vezes Tris os pergunte por que estão nos prendendo, ninguémresponde nada nem olha para ela. Finalmente, ela parece desistir e fica calada como eu.

 Subimos até o terceiro andar, onde eles nos levam a uma pequena sala com opiso de ladrilho branco, e não preto. A sala não é mobiliada, exceto por um bancoencostado na parede dos fundos. Todas as facções são obrigadas a ter salas dedetenção para as pessoas que criam confusão, mas nunca estive em uma antes.A porta é fechada atrás de nós, depois trancada, e somos deixados sozinhos maisuma vez.Me sento no banco com pensamentos que inundam minha mente. Além de minha digníssima mãe tentando me coagir, estou aqui me sentindo como um leão enjaulado, sem ter para onde ir. Essa situação me deixa a beira da loucura, mas tento me manter calmo e paciente. No entanto, Tris fica me analisando por um momento, mas em todo momento andando de um lado para o outro na sala, quase abrindo um caminho através do chão. Minha vontade é de gritar para ela parar, porque está me deixando ainda mais nervoso, mas ela precisa de seu momento. 

Se a Erudição não dominou a Franqueza, como Edward disse, por que iam querernos prender? O que poderíamos ter feito a eles?Se a Erudição não os dominou, então o único crime que poderíamos ter cometidoé termos nos juntado a ela. Será que eu fiz alguma coisa que poderia ter sidoclassificada assim? Acredito que não! No entanto, Tris teria o feito? Também não acredito. Mas sinto em meu ser, que Tris me esconde alguma coisa... Algo que a perturba desde a simulação. Percebo ela agitada em seu sono, e até mesmo tem pesadelos... Mas ela ficar andando de um lado para o outro não irá ajuda-la em nada. 

"Você poderia se acalmar, por favor? Está me deixandonervoso." Peço tentando soar o mais pacífico possível, mas creio ter falhado miseravelmente. Estou justamente tentando me acalmar.Eu inclina o tronco para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, e encaro ochão entre meus sapatos. 

Tris se senta a meu lado e abraça seus joelhos com o braço esquerdo, deixando o direito caído ao lado de seu corpo ela parece estar querendo se proteger nessa posição quase fetal. Durante muito tempo, não falo nada, me perdendo em pensamentos inquietantes. 

"Às vezes , acho que você não confia em mim." Digo como uma primeira súplica para que ela se abra para mim.

"Eu confio em você. É claro que confio. Por que você acha isso? " Ela me responde com puro nervosismo em sua voz.

"Porque parece que você está escondendo alguma coisa de mim. Eu lhe conteicoisas... – Eu balanço a cabeça. – ... que nunca teria contado a mais ninguém. Mastem alguma coisa acontecendo com você, e você ainda não me contou." Ela me olha com certo pesar.

 "Há muitas coisas acontecendo. Você sabe disso. Mas e você?" Sinto que também estou em dívida com ela, por não ter-lhe contado sobre os planos de minha mãe e como ela me inclui nisso, mesmo sem que eu queira. Toco suas bochechas com meu dedos, e após acaricio seus sedosos cabelos, mas decido não responder.

"Se a questão é só os seus pais – digo suavemente –, é só falar que euacreditarei em você." Estou apreensivo com sua resposta. Quero ajudá-la no que ela precisar, mas para isso, ela precisa me contar primeiramente.

Ela arrasta sua mãe e cobre a minha em seu lindo rosto.

"É só isso mesmo" ela confirma, com a voz fraca. Eu sei que ela está mentindo, a conheço melhor que todos. Mas se ela não quer falar agora, eu não vou a forçar a nada. Espero que quando ela esteja pronta, ela me conte de bom grado.